Centros represadores de informação são um atraso

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Quando não existiam as tecnologias online de hoje, a internet e a velocidade da geração e transmissão de conhecimentos da sociedade eram relativamente baixas, o papel dos centros de informação foi muito valoroso.

Nos dias atuais, o compartilhamento de informações e as troca de experiências do ser humano de forma instantânea situaram esses centros em posição paradoxal.

Representam elementos intermediadores do acesso à informação e conhecimento universal. Simbolizam a burocratização, ao tentar disciplinar o acesso à informação. O compartilhamento propiciado pelas tecnologias online torna obsoleto o represamento de informações físicas ou digitais.

O direito autoral, por vezes invocado, acelera o declínio desses centros. Obras famosas do mundo da mídia física migram para grandes bibliotecas digitais com base na internet, tais como Google Livro, que eliminam a necessidade de outras bibliotecas digitais redundantes. Acordos diretos com os detentores dos direitos autorais eliminam os atravessadores e os represadores de informações duplicadas.

Se checarmos o acervo da maioria desses centros no Brasil o que podemos constatar? Será a maioria realmente acervo de valor ou de informação represada como duplicata física de acervos originais de outrem?  Quantos centros são fontes primárias da informação ou contêm obras únicas de valor, por serem raras ou históricas?

Vislumbra-se a biblioteca digital do futuro como parte integrante da internet, confundindo-se com esta. A internet representa o mapeamento do pensamento humano, conhecimentos, desejos, experiências. Tudo que a mente humana pode ter de melhor e de pior está sendo registrado, como nunca na história desse planeta, de forma online. Vídeos, áudios, imagens, textos e também os conhecimentos propiciados pelas redes de interação humana e pelas construções colaborativas que envolvem reflexões, opiniões e experiências estão na rede mundial e contam a história dos nossos tempos, de modo dinâmico e multimídia.

Profissionais da informação têm nicho de atuação importante na semântica de conteúdos web nas organizações, mas poucos estão aproveitando tais oportunidades.

Poderiam trabalhar na agregação de valores às informações da organização e contribuir para torná-las cada vez mais de acesso universal, melhorando a visibilidade, a acessibilidade, a usabilidade, levando-as a serem livremente publicadas na internet, colaborando, dessa forma, para o incremento do conhecimento humano.

Muitos desses profissionais desperdiçam suas potencialidades trabalhando com acervos físicos sem valor dentro de centros represadores de informação, enquanto aguardam que necessitem de seus conhecimentos como anteriormente. Hoje, esses, já sentem suas funções esvaziadas. Encontram-se debruçados em projetos de sistemas e de bancos de dados digitais, que simplesmente engrossam o número de informações da chamada web oculta.

Tentar reproduzir o modelo arcaico das transações típicas da era do papel em projetos de bibliotecas digitais é descabido nos tempos atuais.

Informação é imaterial. As tecnologias digitais estão tornando essa característica mais visível. Cada dia mais, esse conceito se incorpora ao senso comum. Pergunte a membros da chamada geração Y se músicas ou filmes, por exemplo, precisam de suporte físico de informação tais como CD, DVD, discos e outros meios de represamento para serem ?degustados?.

A denominada geração X sabe o quanto era difícil, sem as atuais tecnologias e a internet, buscar por informações e conhecimentos. Elaborar uma pesquisa acadêmica, por exemplo, o que se faz hoje em algumas horas, levava semanas, quiçá meses, em peregrinação por centros de informação, antes necessários, porém hoje considerados entidades complicadoras do acesso à informação.

O que antes passava a imagem de sabedoria, hoje representa o passado, um desperdício, tanto pelo espaço físico que ocupa quanto pelo uso do papel e seus impactos ecológicos. Olhar uma prateleira de livros físicos, por exemplo, ilustra bem isso. Quem é da geração X e não acompanha atentamente o que se passa ao redor, talvez, não tenha percebido essa mudança, mas para a geração Y é essa a leitura que se faz.

Experimente perguntar a um grupo de crianças onde buscar informações, onde buscar conhecimentos. Certamente o Grande Guru (Google) da web será lembrado. A geração Y não tem como referência de informação esses centros represadores de informação.

A geração Y tomará o poder e certamente formulará novas regras e leis que impedirão o frear do avanço do conhecimento humano.

Novas tecnologias da informação, gerações Y, Z e futuras – sejam bem-vindas à sociedade da informação e do conhecimento.  [Webinsider]

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Avatar de Daniel G L Filho

<strong>Daniel Filho</strong> é analista de sistemas e gerente do Projeto Portal da Justiça Eleitoral. Mais no <strong><a href="http://www.linkedin.com/in/daniellopesfilho" rel="externo">Linkedin</strong></a>.

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15 respostas

  1. Marcia,

    Olá.

    Muito importante suas considerações.
    Gratifica-me um depoimento de valor como o que fez.
    Faz valer a pena dedicar alguns minutos por dia a expor minhas visões sobre o tema.
    Engrandece as discussões e análises derivadas.

    Abraços,
    Daniel

  2. Olá,

    Uma coisa me passou pela mente enquanto lia os comentários: tenho 55 anos e meus colegas de turma são bem jovens. Nos primeiros dias do 1º semestre do curso, em 2007, numa pequena discussão com esses mesmos colegas a respeito de livros/suporte papel, biblioteca, web, mundo virtual, etc., falei que aqueles que não se tocassem para as novas tecnologias, que não se dispusessem a olhar o futuro da profissão, iriam morrer na praia… Quase fui enforcada… rsss… A primeira argumentação contrária foi a de que o livro nunca iria morrer. Bem, eu não tinha colocado isso em questão, mas sim como o bibliotecário deveria se colocar (visível!) num mercado que (já) abria as portas da web para ele. Eu havia lido o artigo da Katyusha, antes mesmo de prestar vestibular, e o levei para sala de aula. Alguns me glorificaram e creditaram essa visão à minha idade/experiência de vida (o que não é verdade); outros estão, somente agora, se preocupando em saber qual a diferença entre Outlook e webmail… Infelizmente, existem aqueles que ainda não veem a necessidade de adquirir competências – outras que não aquelas tradicionais, e para as quais a universidade não está preparada em formar – visando agregar conhecimento, valor e visibilidade ao seu trabalho, sem compreender/perceber a amplitude do mercado no ambiente web.
    O bibliotecário fará valer o respeito profissional no mercado de trabalho – e terá sua imagem gradualmente modificada e valorizada – quando ele adquirir as habilidades e competências para trabalhar em sinergia com os demais profissionais ligados à informação, principalmente no ambiente web, que se coloca como o futuro da sua profissão.
    Enquanto as universidades não mudarem seus paradigmas na formação em biblioteconomia (frente aos novos modelos de empregabilidade, só para citar uma razão de mudança) este trabalho é do estudante/profissional, pressupondo maturidade, determinação e investimento na educação continuada, obviamente, voltada para a área de interesse e perfil de cada um.
    Entretanto, adquirir competências no/para o contexto informacional é fundamental. Afinal, somos Arquitetos da Informação, sabia?
    Abraços,

    Marcia

  3. Bruna,

    O texto que escrevi é praticamente um chamado aos profissionais da informação.
    A gama de conhecimentos que esses profissionais carregam é muito importante para semântica dos conteúdos da web.
    Há um campo vasto e carente de profissionais qualificados na internet.
    Profissionais da informação têm o preparo necessário. O campo de atuação web tem a oportunidade.
    Dizem: ?sorte é quando preparo encontra a oportunidade?.
    O que desejo: sorte a esses profissionais.

    Aproximem seus conhecimentos da oportunidade web.
    O conhecimento humano vai bater palmas.

    Observação:
    Não se deixe levar por técnicas resumitivas de concentrar palavras que possam levá-la a outras interpretações que não a que eu sinalizei.
    Veja quando eu utilizo a mesma técnica:
    Centros de informação, valoroso.
    Profissionais da informação, têm nicho de atuação importante na semântica de conteúdos web nas organizações, agregar valores às informações da organização e contribuir para torná-las cada vez mais de acesso universal, melhorar a visibilidade, a acessibilidade, a usabilidade, colaborar para o incremento do conhecimento humano.
    Da mesma forma, há quem se utilize dessa técnica, em sentido diverso, imaginando que sejamos presas fáceis.

    Abraços,
    Daniel

  4. Bob,

    Tive coragem de ler o artigo do Robert Darnton.
    Um pouco longo, mas valeu a aventura.
    O risco que sinaliza, o poder de concentração da informação em demasia na mão de poucos, tem que ser considerado.

    A mídia web tem uma característica interessante que pode se contrapor a esse risco. Uma vez na net, pode estar em qualquer lugar, inclusive nas redes P2P, o que pode ser uma garantia de não monopólio. Pode estar comigo, contigo ou com outra pessoa. A qualquer momento, poderíamos reconstruir a grande biblioteca digital global por colaboração. O ?feito por nós para nós mesmos? entraria em ação. Web 2.0 na essência. É o que espero.

    Abraços,
    Daniel

  5. Gostaria de parabenizar o Daniel pelo artigo, que muito nos abre o campo de visão sobre o assunto.

    Mauro, se me permite uma dica,

    Antes de postar leia atentamente o texto, para evitar que passe despercebido algo que alguém possa pegar para tentar denegrir o que escreveu por simples falta de argumentos.

    Deyse Castelo Branco

  6. Como profissional da informação achei o texto do sr. Daniel bem fora de tom. Mesmo q ele considere q a informação na web venha prevalecer, ñ precisava desmerecer a instituição biblioteca e os profissionais q se dedicam a ela. O tom do artigo foi inadequado.

    concordo em genero, numero e grau com o Bob: bibliotecas existem para promover o bem público. Elas devem continuar sendo centros irradiadores (e nao represadores) de informação.

    P/ Raphaela: o webinsider é um espaço de troca de idéias, ainda q seja pontos de vista conflitantes. Não vi nada de anti-ético no comentário do Bob. Em vez de acusar e agredir os outros, q tal expor sua visão c/ argumentos mais sólidos?

  7. Inveja é uma coisa que deve doer.

    Comentário altamente desnecessário e anti-ético ainda mais por serem colegas de trabalho.
    A explicação é uma só, vontade de um dia ter o cargo e o prestígio que você tem Daniel.

    Não ligue, gente pequena como este indivíduo, devem ser ignorados.

    Parabéns pelo conteúdo.

    Abraços
    Raphaela
    Marketing
    Presidência da República

  8. Hahaha! Vc acha mesmo que o Google vai disponibilizar todo o conhecimento do mundo de graça? Vc está desatualizado.

    Bibliotecas existem para promover o bem público: ?o encorajamento do saber?, saber ?gratuito para todos?.

    Quem não se comoveria com a perspectiva de colocar virtualmente todos os livros das maiores bibliotecas de pesquisa dos EUA ao alcance de todos os norte-americanos, e talvez, eventualmente, de todas as pessoas do mundo com acesso à Internet?

    A feitiçaria tecnológica do Google não só traria livros para leitores; ela também abriria oportunidades extraordinárias de pesquisa, de uma gama de possibilidades de buscas diretas de palavras até complexas garimpagens de textos. Sob certas condições, as bibliotecas participantes também poderão usar as cópias digitalizadas de seus livros para criar substituições para títulos que foram danificados ou perdidos.

    Infelizmente, o compromisso do Google de fornecer livre acesso a seu banco de dados em um terminal em cada biblioteca pública está cercado de restrições: os leitores não poderão imprimir nenhum texto protegido por copyright sem pagar uma taxa aos detentores dos direitos (embora o Google tenha se proposto a pagá-las no começo); além disso, um único terminal dificilmente satisfará a demanda em bibliotecas grandes. Mas a generosidade do Google será uma dádiva para leitores das bibliotecas Carnegie5 em cidades pequenas, que terão acesso a mais livros que os atualmente disponíveis na Biblioteca Pública de Nova York.

    Dos sete milhões de livros que o Google declaradamente digitalizou até novembro de 2008, um milhão são obras em domínio público; um milhão são protegidas por copyright e impressas; e cinco milhões são protegidas por copyright mas estão fora de catálogo. É essa última categoria que fornecerá o grosso dos livros que será disponibilizado pela licença institucional.

    Muitos dos livros com copyright e impressos não estarão disponíveis no banco de dados, a menos que os detentores dos direitos optem por incluí-los. Eles continuarão sendo vendidos da maneira normal como livros impressos e também poderão ser comercializados eventualmente em leitores de e-book como o Kindle, da Amazon.

    Se vc tiver coragem, leia o texto na íntegra do Robert Darnton
    http://www.revistaserrote.com.br/ogoogle.html

  9. Provavelmente ao ler um Balzac ou um Camus, seja num livro impresso ou no Kindle, você aprenderá a escrever embaixo de uma árvore e não em baixo de uma árvore, caro Mauro.

    A informação chega ao receptor de forma diferente quando se altera a mídia. Os meios de comunicação são extensões sensoriais do ser humano. E cada meio altera a percepção do ser humano em relação a uma mesma informação. Receber a mesmíssima notícia pela TV, pelo rádio ou pelo jornal impacta de maneira diferente no ser humano. Ler o mesmíssimo texto no papel ou na web também gera percepções sensoriais diferentes. É por isso que eu disse mais acima que o valor semântico de um texto em um livro difere do mesmo texto publicado na web.

    Isso é discutido há décadas, e a discussão aprofundou-se com o advento da Web. Procure se informar sobre as idéias de Herbert Marshall McLuhan, ele explica bem essa questão:

    http://en.wikipedia.org/wiki/Understanding_Media:_The_Extensions_of_Man

  10. Trata-se de perceber que o grande negócio hoje é investir em indexação, agregação e convergência digital.

    Fazer a informação fluir.

  11. Achei interessantíssimas as matérias, tanto a do Daniel, como a da Katyusha. Acredito que não só as bibliotecas, mas também a televisão e o rádio e as mídias impressas estarão contidos na internet e para lermos um Balzac ou Camus em baixo de uma árvore e sem perder a plenitude, usaremos um Kindle ou similar e com a facilidade de para e ler uma mensagem ou um artigo em jornal.

    A Tecnologia veio para facilitar a vida e acho difícil que algum escritor tradicionalista e aficionado utilize ainda hoje sua máquina de escrever mecânica ao invés de um pc com impressora.

    Parabéns Daniel,

    Mauro Souza

  12. Alexandre Sena,

    Muito boas suas colocações. Enriquecem as discussões sobre o tema.

    Observo, apenas que não tive o propósito de ofender nenhum tipo de profissional que trabalha com informação. Pelo contrário, externo minha visão para que possa servir de reflexão para aqueles que possam se ver nas situações citadas.

    Recomendo o artigo da Katyusha Souza, intitulado
    Bibliotecário é arquiteto da informação, sabia?, (http://webinsider.uol.com.br/index.php/2005/10/13/bibliotecario-e-arquiteto-da-informacao-sabia/), bem como as considerações, muitas de profissionais da informação.

    Quanto ao que possa ter de divergente, o tempo se encarregará de definir quem pode ter mais ou menos razão.

    Abraços,

    Daniel

  13. O suporte físico, arcaico, obsoleto e represador, chamado livro, não vai ser extinto por causa da Internet. Existe o público (no Brasil, infelizmente, muito pequeno) que sempre leu livros e que incentiva seus filhos a ler livros também. É insensato pensar que uma mídia possa destruir a outra. A web não vai fazer extinguir livros e bibliotecas, assim com o rádio não fez extinguir os jornais e nem a televisão fez extinguir o cinema. A história dos meios de comunicação mostra que as mídias convergem. Não há canibalismo entre mídias, e sim aglutinação. Quem sabe, no futuro, as pessoas possam imprimir seus próprios livros, adquiridos pela Internet, com capa dura e lombada? Ademais, sugerir que profissionais de biblioteconomia que trabalham com acervos físicos sem valor são um desperdício e têm suas funções esvaziadas é desrespeitoso aos profissionais da Ciência da Informação. Como diria Herbert McLuhan, o meio é a mensagem. Há informações que foram concebidas para o meio impresso, com valores semânticos próprios do meio impresso, que se perdem ao serem transpostos para a web. Não se lê Balzac ou Camus em sua plenitude numa telinha de computador. Por isso, a importância, ainda no século XXI, do profissional de biblioteconomia.

  14. Um dos aspectos da desburocratização da informação é a generalização da pirataria. O que na minha cabeça é algo ótimo!

    Direito autoral RESTRITIVO é burocracia nesse mundo dinâmico de hoje. E nem deus vai deter isso…

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