Eu estava conversando esses dias com um amigo meu, com quem a conversa invariavelmente começa ou acaba em áudio e/ou música, assuntos esses, diga-se de passagem, que me uniram, por amizade fraternal, a várias pessoas desde a minha época de infância e adolescência.
Eu tenho consciência de que essa coluna deveria ser um pouco mais voltada para um blog do que para artigos inundados de tecnicismo, como, aliás, me havia sido proposto, quando eu comecei a escrever para o Webinsider.
Acontece que o áudio e o gosto pela música são coisas muito pessoais, e então o máximo que eu poderia fazer aqui seria expor o meu ponto de vista. Sob este aspecto, eu precisaria ainda esclarecer ao leitor que me acompanha ou que me visita, que eu fui educado para pensar para frente, respeitando e analisando com cuidado o passado, sem jamais deixar de tirar deste as lições de vida para tocar a nossa para diante.
O conceito de alta fidelidade é relativamente recente
“Alta fidelidade” a gente sempre associa à década de 1950, mas na verdade alcançar áudio fiel à fonte capturada foi uma preocupação que existe desde que o som começou a ser gravado. O próprio método de vibração de agulha, desenvolvido para o conhecido cilindro de Edison, mais vertical do que lateral, foi escolhido exatamente porque o som gravado é mais fiel ao original.
No entanto, a alta fidelidade começou de fato a ganhar impulso na década de 1930, e teve o seu ápice quase vinte anos depois. O que mais impressionou as pessoas da geração de 1950, na qual eu me incluo, foi a capacidade de reprodução dos sistemas da época alcançarem fidelidade nos extremos de freqüência, e isso se deve, em grande parte, ao aperfeiçoamento dos alto-falantes e amplificadores.
É interessante notar que, historicamente, são os equipamentos mais recentes que tendem a dar um som melhor, com discos mais antigos. Isso foi verdade no passado, e continua a ser verdade no mundo do áudio digital e de alta performance.
E foi por causa disso, que muita gente se sentiu influenciada a instalar em casa um equipamento dessa tal “alta fidelidade”, sem necessariamente ter uma ligação mais forte com a música propriamente dita. E a indústria fonográfica, ao longo das décadas de 1950 e 60, respondeu a este apelo com lançamentos de discos de demonstração e testes, alguns dos quais são ainda “cult” de colecionadores e aficionados.
Não existe coisa mais primitiva do que o disco fonográfico analógico!
Alguns anos atrás, se eu dissesse uma coisa dessas, no meio de uma reunião de audiófilos, seria apedrejado e depois queimado em praça pública!
E ainda hoje é possível ler, pela Internet afora, pessoas com uma ligação tão forte com o áudio analógico, que para elas este tipo de pensamento no mínimo seria indicativo da mente distorcida de um indivíduo preconceituoso. A resistência deste tipo de anacronismo ideológico, entretanto, tem a sua razão de ser: o prazer conseguido por essas pessoas com o áudio analógico convencional sempre foi infinitamente maior do que com o digital.
Só que nada disso invalida o que eu afirmei acima: a maneira como o som é inserido nos sulcos de um disco analógico é inacreditavelmente primitiva, e passível de um monte de artefatos. E antes que alguém me acuse de preconceito também, eu quero esclarecer que eu estudei corte de acetato, na década de 1970, e foi por mero acaso que eu não larguei a carreira universitária e me enveredei nesta profissão. Se o tivesse feito, hoje estaria fazendo outra coisa ou desempregado!
O corte dos sulcos de um disco analógico é feito com um torno mecânico, que produz assim uma “madre”, que posteriormente é submetida à galvanoplastia e confecção de um disco para estamparia, a chamada “prensagem”. Neste processo, todas as etapas são críticas. Ao longo da história do analógico, os melhores discos foram aqueles obtidos com o máximo de cuidado nesses estágios Até o tempo de resfriamento do molde terá influência sobre o disco obtido. Feito à perfeição, todo o processo é caro demais para o consumo de massa. E é por isso que ainda hoje se compra discos analógicos, com massa ultra pura, de 120 a 250 g de peso, a preços largamente superiores a qualquer CD ou Blu-Ray.
O problema da qualidade do analógico está, entretanto, nas suas raízes. Desenvolvido no final do século 19, o disco fonográfico sofreu muitas modificações, porém essencialmente ele é baseado nos princípios clássicos da transdução de energia, de um meio para outro. É nos estágios de transdução que as alterações da onda musical acontecem.
Na cadeia completa da gravação analógica convencional, os estágios de transdução ocorrem na seguinte ordem: 1 – transdução da energia mecânica do microfone para impulsos elétricos; 2 – transdução do impulso elétrico para energia magnética da fita master; 3 – transdução da energia magnética para elétrica, no momento do corte de acetato; 4 – transdução da corrente elétrica da cabeça de corte para a ondulação mecânica do sulco cortado; e finalmente 5 – o processo transdutor inverso da cadeia de reprodução do usuário.
É neste último estágio que o audiófilo pode intervir. Ao escolher o toca-discos adequado, e a cápsula de melhor qualidade, o som muda em função de uma melhor ou pior transdução da informação musical. E é bom notar que, de todas as etapas críticas contendo erros de transdução, até hoje são os alto-falantes a parte mais fraca da cadeia de áudio!
Os selos de audiófilos, na década de 1970, fizeram uma tentativa bem sucedida, ao eliminarem o segundo estágio descrito no parágrafo acima, e levando o sinal direto para o torno de corte do acetato: foram os chamados discos de corte direto. Na verdade, antes da fita magnética, todos os discos eram feitos assim, e o que os engenheiros na época notaram foi que os discos mais antigos soavam melhor com certos instrumentos, o que os levou a voltar ao processo mais rudimentar de gravação.
Muitas outras tentativas se concentraram no processo de prensagem. Eu guardei de lembrança, até uma certa época, a amostra de um disco feito pelo método de “prensagem direta” (“Direct Pressed“), que nunca foi lançado comercialmente. Outras importantes inovações foram feitas nas plantas da Teldec, entre elas o processo DMM (“Direct Metal Mastering“).
A necessidade de intervir na transdução doméstica, por outro lado, impulsionou significativamente o mercado de áudio esotérico. Alguém aí já ouvir falar numa cápsula chamada “Kiseki Lapis Lasuli”? Eis ela aí:
Pouca gente se aventurou a comprar uma cápsula dessas. Motivo: o atraente preço de 5.600 dólares!
E quanto aos toca-discos? Existiram (e ainda existem) toca-discos analógicos esotéricos em profusão. Eu mesmo vi alguns deles, nas casas de audiófilos que eu visitei no passado. Jamais tive condição de comprar um. Mas, nenhum deles superou o Goldmund Reference, e eu não sei de ninguém por aqui que tenha comprado um:
E a última versão desta jóia do esoterismo, o Goldmund Reference II (veja abaixo) foi vendido a nada menos do que 300.000 dólares!
Mesmo no apagar das luzes do analógico, ainda apareceu um modelo com leitura a laser, bem mais barato: apenas 15.000 dólares!
Toca-discos ELP, com laser para não arranhar o disco!
Só que eliminar estágios de transdução é apenas parte do problema. O disco analógico ainda sofre de um mal crônico, que é oriundo das limitações tecnológicas da época quando ele foi desenvolvido: para rodar o disco, é obrigatório o uso de velocidade tangencial constante!
O problema nem está na velocidade tangencial em si, mas no fato de que, ao mantê-la constante, a velocidade linear da agulha no sulco cai, à medida que ela se aproxima do centro do disco. Com a queda da velocidade linear, a distorção é simplesmente inevitável, motivo pelo qual muitos discos de audiófilo limitam a duração do tempo de gravação em cada lado do disco, para cerca de 15 minutos.
Uma outra forma de contornar este problema é aumentar a velocidade linear com o aumento da velocidade tangencial. Na prática, é o disco de 45 rpm quem ganha esta batalha, mas somente se aplicada num disco de 12 polegadas.
O aumento de velocidade linear tem justa significância no rompimento das barreiras de falta de fidelidade do som analógico. Um exemplo notório disso veio do cinema: filmes de 35 mm e 70 mm são projetados numa cadência de 24 quadros por segundo, mas, devido ao tamanho do fotograma, o de 35 mm tem uma altura de quatro perfurações por quadro e o de 70 mm de cinco. Essa pequena diferença é suficiente para aumentar a velocidade linear do filme na janela do projetor e nas cabeças de som, justificando porque o filme em 70 mm soa melhor e com mais dinâmica.
A entrada do áudio digital no mercado ajudou a democratizar o acesso à alta fidelidade
Convenhamos: os equipamentos analógicos têm um design de deixar qualquer um de boca aberta e com um babador pendurado no pescoço! O problema é que isso historicamente obrigou usuários a manter em casa uma parafernália de equipamentos de ajuste, e fazer com ela uma miríade de ajustes.
E se depois de tudo isso feito, ainda assim o resultado final é insatisfatório, a frustração tomará conta até dos mais complacentes dos espíritos.
Esse drama acabou com a entrada do Compact Disc no mercado. Daí para frente não há mais nenhum ajuste a ser feito, ou discos fanaticamente lavados, ou pequenas fortunas gastas com equipamentos perecíveis!
O CD democratizou o acesso à alta fidelidade, e abriu as portas para um mundo completamente novo, para desespero, naquela época, de audiófilos conservadores. Com o áudio digital valores tradicionais de ?wow? e ?flutter?, relação sinal/ruído ou faixa dinâmica por faixa de freqüência perderam completamente o seu significado. E dali por diante, as preocupações mais centrais consistem em se saber como chegar ao ponto de transcrever informações com o máximo de recuperação do original possível. Refiro-me aí ao aspecto singular do áudio digital de amostragem e quantização da onda musical, e não à sua captura. Os percalços desta última continuam os mesmos, independente do áudio ser digital ou não.
Não existe coisa mais frustrante do que áudio mal gravado
Eu entendo que as pessoas podem ser felizes ouvindo música com rádio de pilha, iPod, pen drive, fone de ouvido comprado na feira, disco analógico arranhado, CD, DVD, Blu-Ray, ou com o uso de equipamentos esotéricos ou construídos em casa.
No frigir dos ovos, o que continua sendo intolerável é ouvir áudio mal gravado. Existem momentos da vida de qualquer um que goste de áudio (sem precisar ser audiófilo ou hobbyista) que é virtualmente impossível não se notar o descaso com que certas gravações são feitas. Ou ainda, perceber que a gravadora endossa uma atitude preconceituosa de que, para certos materiais gravados, a qualidade é um fator de pequena importância. Ou ainda que, diante de um programa musical não demandante de requintes técnicos, a captura e o registro dos sons podem ser feitas sem nenhum tipo de compromisso. E nesse grupo a gente inclui a quase totalidade da chamada música popular.
Parece mais ou menos óbvio também que gravações escrupulosamente bem feitas independem do formato de transmissão, isto é, vão soar bem com disco analógico, CD, DVD ou Blu-Ray, desde que sejam respeitadas as limitações de cada uma dessas mídias!
Na contramarcha da história
Neste mesmo papo com o meu amigo, mencionado no início do manuscrito, ele me chama a atenção para o esforço do selo Biscoito Fino, ao editar, aparentemente em parceria com a gravadora sueca BIS, uma série de obras do maestro Villa Lobos. A gravadora, que nos inunda diariamente com e-mails de lançamentos de tudo quanto é tipo, parece não acreditar que a indústria fonográfica está em crise.
E neste particular ela está perfeitamente em sintonia com outros selos independentes, europeus, asiáticos e americanos, que gravam ou licenciam gravações de terceiros, muitas das quais a gente achava que estavam perdidas.
Não faz sentido, ou faz? Música erudita brasileira? Gravada por artistas fora do mercado de massa e do circuito de merchandising da imprensa e da mídia televisiva?
Esse meu amigo, que é super criterioso e exigente, me fala que as gravações são excelentes, e estão disponíveis tanto lá fora quanto aqui. Tudo isso, a despeito de medo da pirataria, da copiagem desenfreada, ou das leis tradicionais do mercado de massa. Incrível! [Webinsider]
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Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.
51 respostas
Comentário espetacular.
Ilustrações escolhidas a dedo e comentado de forma simples por quem tem argumentos e conhece o tema.
Acabei de conhecer o site e anexei aos meus favoritos.
Oi, Élice,
Muito prazer e muito obrigado em ter o colega de profissão participando e contribuindo.
Já havia esquecido desta coluna e a julgar pelos comentários abaixo, muita coisa foi escrita sem que eu soubesse. Explica-se: o Webinsider mudou de servidor e software umas duas vezes, fora uma mudança estrutural nas páginas e colunas, e aí muitas mensagens de leitores ficaram perdidas.
Eu conheço pouco de eletrônica, mas tenho uma admiração muito grande por quem e estuda e pratica como profissão ou hobby. Hoje em dia, como você sabe melhor do que eu, a microeletrônica está muito mais nas mãos dos programadores do que dos engenheiros eletrônicos.
Ainda assim, o hobby continua e este amigo meu citado na coluna é o mais competente hobbyista que eu conheci até hoje, porque, além de projetar e construir, ele conhece música como poucos, e tem excelente ouvido.
Este amigo está em constante evolução e eu dou a sorte de conviver com ele e conhecer novos designs e projetos, Ele cansou de me provar, por anos a fio, que você pode ter um equipamento com uma reprodução linear, passada a ferro mesmo, e no entanto, soando mal ou com problemas.
E aí eu concordo com ele que o áudio também é uma arte, ou seja, não basta o design ser bem feito e executado, ele tem que ter aquele algo mais que justifica ser apreciado em sua melhor plenitude.
E é isto, em última análise, o que mantem viva a chama da curiosidade e do interesse em fazer de novo e melhor, a própria essência do espírito deste hobby.
Para finalizar, gostaria de lhe sugerir dar uma olhada no atual catálogo de Blu-Rays com concertos gravados principalmente na Europa, e transcritos em DTS HD MA 5.1 em lançamentos recentes. Eu sei que a importação está difícil e o preço elevado, mas qualquer esforço compensa.
Gostei muito do seu texto e principalmente da maneira como você veio construindo sua opinião. Sou professor de eletrônica e há muito, busco compensações via hardware para as gravações em vinil. Já projetei diversos pré equalizadores RIAA, porém sempre esbarro com o problema da fase adiantada nas baixas frequências. Bom, mas como me foi possível, através desta sua página, conhecer a tão lendária “Kiseki Lapis Lasuli”, quero contribuir com o pick up high end vendido neste endereço:
http://www.casadostocadiscos.com.br/toca-discos/toca-discos-clearaudio-statement.html
Veja, que endosso tudo o que você descreve e principalmente concordo com: Não HÁ como obter alta fidelidade, mesmo em “pick up” de preços estratosférico, se o disco originalmente foi gravado em gravadora de preços módicos na tiragem. Isto talvez seja assunto para milagreiros.
Ainda tem um um detalhe importante: Caso o engenheiro não seja um expert em gravações em Decks de Rolo de fita de 2 polegadas/30 inch per second (ips) e tema em errar e produzir (Aí sim, em fita magnética…) “crosstalk” gravando acima de +6 dB sinal ruído ou não sabendo envitar “large dips” (Picos de frequência portados por transientes de voltagem RMS), HÁ MUITO tempo já existem os LP’s digitalizados – Aqueles cujo máster não foi uma fita, e sim uma midia digital – Um SACD, um DVD-A, que eliminam por completo qualquer possibilidade de crosstalk oriundo de fita magnética máster de 2 pol. Segundo muitos e a douta Christine Tham, esses LP’s ficam com o som melhor do que o próprio máster.
Há também o que se chama de “esquentar a gravação digital”… Com o percurso máster digital – gravando em Decks de Rolo com cabeça valvulada – e depois reconvertendo em máster digital novamente, agora com as características e emadeiramento e aveludamento do som (Woodier and Silkier, John Vestmamm Secrets of Mixing).
Amigo Lucas… Crosstalk ou “vazamento de som entre canais (Conversa cruzada, em telecomunicações – linha cruzada…) Isso, como técnico em eletrônica diplomado que sou e com prática, e também amigo de um dos maiores engenheiros vendedores dos EUA Joe Dundovic – Magnetics Head Company – Especialista em cabeças magnéticas – Posso te garantir que este É UM FENÔMENO ELETROMAGNÉTICO que só diz respeito à Lei de Faraday-Neumman-Lenz.
Sulcos são de um plástico chamado PVC. Para que isso acontecesse, seria teoricamente necessário que um sulco cortado quase encostasse no outro e isso NÃO É POSSÍVEL em cortes que não sejam amadores ou de fundo de quintal com aventureiros no comando da Lathe Cutter.
E você está confundindo ATENUAÇÃO com Êmphasis! A Êmphasis acabou sendo padronizada pela RIAA (A famosa equalização RIAA) da Recording Industry Association of America. E é feita da seguinte forma: Rebaixam-se as freqüências graves para não queimar a cabeça de corte (As antigas) e para que as ondulações dos registros graves não ocupassem tanto espaço em sua sinuosidade. Depois, lá no amplificador, no estágio inicial de Phono, um circuito trata de “desfazer” essa eqüalização padrão da RIAA o que é conhecido como “De-Emphasis”. É só isso, não morde, não é nehhum fantasma. Satisfeito agora? Abraços. PS: Engenheiros da STANTON (Isso é ultraconhecido) fizeram um teste onde repetiram 80 mil vezes a mesma faixa, trocando de agulha, claro, a cada 500 horas e o desgaste no sulco foi simplesmente desprezível, ao microscópio eletrônico de varredura (MEV). O site é nos EUA. Se o desgaste fosse grande eu não estaria escutando meus LP’s dos anos 60 com agudos que só faltam me ensurdecer, o que quer dizer que as cristas de alta freqüência das ondulações (sulcos, registros) não foram afetados com “N” audições em mais de 50 anos, amigão. O LP é uma “parada”, realmente. Não é à toa que vendeu 1,8 milhão de unidades em 2008 segundo a Soundscan Nielsen e que a Numark comemorou também a ultrapassagem de 1 milhão de toca-discos vendidos. Será porquê? Lógico, por causa da credibilidade do LP – Vinil no mundo. Quem não lê as notícias atuais sobre a venda de vinis (Nem se fala mais em volta…) está defasado no tempo. E os vinis vendidos atualmente trazem uma senha para baixar as mesmas músicas em mp3. E os toca-discos da Numark e Ion também estão trazendo um drive de gravação (Ou HD) e passam as faixas do LP diretamente para um CD-R à escolha do freguês, do seu dono. Isso é evolução! Visite o site da NUMARK. É ponto com. E o da ION também. Há sites brasileiros que vendem toca-discos pela internet além de lojas ultraconhecidas na Rua St. Ifigênia em São Paulo. Acho que discutir agora LP tá “off”. Joaquim Martins Cutrim.
Joaquim,
“Nenhuma frequência é cortada de forma “atenuada”… ”
Você está dizendo que as ondulações que representam frequências graves e sub-graves não são atenuadas?
Se não fossem, a ondulação ficaria tão grande que faria a agulha simplesmente pular…
E nas suas respostas você está dizendo que o atrito não desgasta o vinil?Isto é fisicamente impossível, não?
Outra coisa: Você diz que o LP não sofre com crosstalk? Quando o problema foi resolvido?
Abs!
Desculpe, o segundo link está incorreto, o certo é esse:
http://www.acousence.de/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=8&Itemid=61&lang=en
Olá Paulo Roberto,
Eis os dois links:
http://vinylfanatics.com/analoglovers
“The History of the De-Evolution of Sound Quality”
1. From Tubes to Solid State.
2. From 2 Track to 4 Track reel to reel
3. From real time duplication to high-speed duplication of Reel to Reels.
4. From RCA Living Stereo to RCA Dynagroove LPs.
5. From Virgin Vinyl to recycled Vinyl.
6. From Analog mastered LPs to Digitally mastered LPs
7. From Analog recorded LPs to Digitally recorded LPs
8. From LPs to CDs.
—-
http://www.acousence.de/Seiten/arfi1_en.html
“The vinyl record as a modern medium for the culture-conscience music lover”
abraços
José Augusto
Permita-me a administração so site a colocar o conteúdo deste e-mail do engenheiro de áudio John Vestman, que grava tanto em digital, quanto em analógico. (Caso seja proibido, não há problemas em retirar essa postagem).
Hello Joaquim,
Minha pergunta: I’d like to know if exists someone recording analogical signal since beginning to the end of the process?
Resposta do engenheiro John Vestman: “I’m sure there are studios where you can record all analog. Do you need a studio in your area? I have some clients from Rio who might know. Other than that, studios in Nashville might be a good area for analog. This is my point, because I think the digital processing of the signal destroy the real audio. I know exactly what you mean! Thank you for having excellent ears!”
Permita-me pontuar suas assertivas no texto retro:
O LP nunca precisou ser salvo: ele sempre agradou. E o detalhe importantíssimo: pelo fato do LP ser um produto de alto valor agregado cultural, há quem o colecione Simplesmente pela qualidade das fotos e seu tamanho que existem nas capas, posteres e encartes. A indústria redescobriu hoje o LP como produto de alto valor agregado, multi cultural, que desperta fetichismo do consumidor e pela certeza de durabilidade que ele garante, pois existe há 63 anos tocando. Há mídias digitais que não duraram esse tempo todo e isso é fato. No mais, no Brasil, existe um saite conhecidíssimo por encontrar tudo que se quer (Não vou citar nome sem permissão) que atualmente possui mais de 700 itens novos de LP. Este, peço permissão para citar, é a Polysom (De João Augusto da Deckdisc) que já está prensando LP’s sendo que está para sair o de uma banda conhecidíssima. Há vários artistas nacionais e internacionais interessados em ter o hoje seu trabalho tanto em CD quanto em LP. se tivesse permissão, citaria o nome das bandas.
Tudo que você falou em termos de tentativas na realidade foi uma evolução normal com todos seus experimentos. Do Living Stereo ao Dynagroove, chegando ao DMM aliado ao novíssimo cobre Pirofosfato e as Neumann VMS 80 com 650 watts por canal, tudo foi evolução. Mas é preciso afirmar que para operar uma Lathe Cutter (Cortadora de Laqquers) é preciso ser engenheiro de áudio, sob pena de enormes fracassos. Aqui no Brasil houve muitos operadores que não eram engenheiros e nem com especialidade em áudio (ao contrário do exterior), o que contribuiu para muitos LP’s ruins. Alguns fizeram boas obras. Mas houve muita “martelada”. Havia também o velho problema da grande inflação da época e a diferença brutal dólar/cruzeiro que fazia com que se produzisse LP’s com material reciclado do corte das bordas que normalmente deveria e para o lixo ou para se reciclado em outros bens, sacolas, itens de uso doméstico, etc.. Isso sem falar em lamentáveis LP’s de 90 gramas. No exterior, o mínimo em termos de peso é 125 gramas. O comum são os 140 gramas. Havia no Brasil também a qualidade do PVC, em termos de pureza, pois o mesmo sempre foi material importado. Ainda assim, houve cantores que se preocuparam com isso e a testemunha são seus LP’s e excelentemente bem gravados, inclusive respeitando a distância do rótulo.
Perdoe-me discordar gravemente, mas crosstalk é um fenômeno só existe em cabeças magnéticas. E não existem linhas cortadas, mas sim sulcos. Aqui acho que houve erro de digitação. A separação dos sucos gera um alto-relevo denominado em inglês “land”.
O LP é um produto cuja madre (mother negative) é essencialmente artesanal e isso é bom! Nada supera o ser humano competente. O próprio Holbein Menezes, conhecido e respeitado entendedor da seara digital recentemente enumerou diversos problemas na confecção das mother glass a originar CD’s. Se for do interesse, posso postar aqui, pois é uma lista exaustiva. Ele é amparado tecnicamente pelo filho que é engenheiro da Sony Philips e pelo sobrinho Ronaldo Menezes, professor do Florida Institute of Technology, U.S.A., Bacharel, Mestre e Doutor em Ciência de Computação. Holbein é meu amigo, embora não aprecie vinis nem toca-discos, tocamos muitas idéias por telefone.
Desconheço qualquer limitação que exista em uma fita de duas polegadas de Deck de Rolo, rodando a 30 ips. O produtor brasileiro Mário Caldato utiliza esse tipo de fita como máster de acordo com seu cliente.
Desculpe discordar, mas não há limitações físicas nas ondulações dos sulcos. Tanto isso é verdade que a pesquisadora Christine Tham, em seu trabalho recente, com uso de espectômetro, provou que existe até frequências ultrassônicas no LP, inclusive em LP’s comprados a um dólar australiano.
Nenhuma frequência é cortada de forma “atenuada”… Isso é uma imperfeição técnica. Ou é cortada (eliminada) ou comprimida, por compressores analógico ou digitais dependendo do objetivo do estúdio. A pesquisadora acima citada inclusive o ficou perplexa em seu trabalho de pesquisa ao confirmar que LP’s orindos de estapas digitais soam melhor que seus equivalentes em CD.
Sobre a agulha de reprodução dever ser obrigatoriamente diferente da agulha de corte, sob pena de destruir os sulcos dos discos, isso é óbvio! Uma tem a estrutura para cortar, e a outra, para “sentir” as ondulações. A de corte, que é de safira, chama-se inclusive não de agulha, mas de estilete, sendo, inclusive, no antigo método galva, tendo evoluído para o “estilete quente”, muito mais eficiente. Já as agulhas de reprodução, esta, são primorosamente polidas, sendo de diversos tipos, shibata, elíptica, cônica, sendo a elíptica a mais preferida. Uma coisa não tem a ver com outra: São funções diferentes, uma corta, a outra sente. Não poderiam ser iguais. E o ângulo ser ligeiramente diferente (15°) tem explicações em engenharia, pois deve ser considerada a força centrífuga que existe na reprodução e que não existe no momento do corte, pois o braço do estilete no não desliza ao sabor do suco, e sim, ao comando de um mecanismo preciso de avanço.
Distorção: é preciso que o leitor saiba que há uma diferença entre distorção técnica (Espectral) e distorção musical. Na maioria das vezes os engenheiros querem a distorção do tipo saturação controlada acima do zero decibel sinal ruído para uma ênfase na dinâmica do LP, o que é impossível em gravação digital. Segundo o engenheiro de ao áudio John Vestman, em seu site americano “Secrets of Mixing”, em “The old scholl”, determinadas músicas podem ultrapassar chegando até +6dB ficando resultado excelente. Este diferencial na gravação analógica para produzir um LP é uma vantagem em relação a gravação para gerar uma mídia digital.
Que o disco analógico fora desenhado por Berliner para ter velocidade tangencial constante e que isso necessariamente implica em dizer que inevitavelmente ocorrerão trechos do disco com intensa saturação de sinal e distorção, como você afirma, não é verdade, a partir do momento em que as Lathes Cutters VMS foram desenvolvidas para compensar a perda de velocidade relativa quando agulha se aproxima do centro do LP. A engenharia contornou esse problema sem maiores dificuldades. Isso era coisa do passado. Inclusive o problema de “bridging” da última faixa.
“Com o uso, freqüências mais altas tendem a ser literalmente varridas do mapa.” Também não é verdade. Mas não é mesmo! Isto só pode ocorrer em uma hipótese: Desrespeito à força de trilhagem da agulha; agulha gasta (Acima de 500 horas), pois a agulha gasta transforma-se em um estilete e aí sim, isso pode acontecer, e os ajustes de Zênith e Azimuth serem desprezados, assim como o ajuste de bias da cápsula. Sendo que os fatores mais perigosos a serem desrespeitados são a força de trilhagem (Tracking force, peso da agulha sobre o LP) e a agulha gasta.
Em nada tem a ver, desculpe-me, a introdução de lubrificantes no momento da prensagem em relação ao momento da reprodução. É sabido o universalmente pelos engenheiros que é necessária uma limpeza absoluta do suco (Nenhum lubrificante, mito menos água) para que ocorra a fusão do momentânea agulha+sulco para a perfeita reprodução. Sabe-se que a agulha atinge elevada temperatura relativa e no momento em que passa pelo ondulação chega muito próximo ao fenômeno da fusão com o PVC do sulco do LP.
Você afirma o seguinte: “Audiófilos que eu conheci, no passado distante, preocupados com esta perda de agudos, compravam um disco na loja, tocavam uma vez para ouvir e outra, para gravar numa fita magnética. Um deles, pelo menos, pingava água no sulco, antes de tocar, gravava e depois vendia o disco, que ficava, por causa do atrito, imprestável!”. Estes audiófilos perderam o seu tempo e o seu LP, porque aí sim, a água age como um deslizante que torna a agulha um cizel e e realmente corta a cristas de alta freqüência. No site audio list há um grande especialista que discorre sobre esta lamentável prática. LP’s nunca tem sua qualidade abalada por escutas e nenhum fica “imprestável” como você afirma. A prova disso são LP’s de 30, 40 anos a com excelente audibilidade. Obviamente, alguma mínima percentagem que não compromete a qualidade total pode ser eliminada no contato físico em relação a um LP virgem e um usado, o que não é diferente em relação aos CD’s com o problema crônico da oxidação a destruir setores de bits e com os arranhões que desafiam o leiser e aumentam a taxa de sampleamento, vale dizer, interpolação, prejuízo certo para a reprodução por que gera perda de detalhes. Cada setor pedido em um CD gera diminuição na perda de detalhes sonoro.
Sua afirmação de que “O problema é que o vinil, como qualquer plástico, sofre esfriamento irregular na prensa, retém bolhas, que depois, com o atrito da agulha, expõem microfraturas que se transformam em ruídos de impulso (…). Primeiro que o PVC não é qualquer plástico e tem a durabilidade estimada pelos químicos em ambiente natural para o ser humano, em torno de 500 anos. Segundo: O problema que você relata da correm mais da formulação incorreta do PVC, pois este é vendido em sacos de pequenos grãos brancos que deverão ser formulados corretamente e adicionado o respectivo corante. Qualquer erro de temperatura ou formulação química poderá gerar as bolhas que você se refere. Vale o que eu enho dizendo: A fabricação de um LP é tarefa para engenheiros de áudio e engenheiros químicos. E não para aventureiros.
Sobre que “sulcos são extraordinariamente vulneráveis, quando da incrustação de sujeira na parte inferior do sulco”, isso é uma grande inverdade, que poderia em tese acontecer somente com usuários desleixados, aqueles que nunca lavam seus LP’s ou o façam isso em máquinas próprias (O que absolutamente é um luxo!), sendo a prova disso é a correta lavagem com detergente neutro e água corrente, na proporção de 7ml ou menos para 200ml de água na mistura, ou uso de Triton-100X ou outra formulação bem-sucedida por audiófilos, como inclusive o uso do veludo sintético, de modo que nenhuma sujeira permanecerá em qualquer parte do sulco. A prova cabal de que sulcos não são extraordinariamente vulneráveis são os 63 anos de duração de um LP tocando! nem precisando-se chegar a tanta idade, bastando escutar os vinis dos anos 60 em diante, como os da Gigliola Cinqüetti, de quem tenho a coleção. Também os dos “tropicalistas brasileiros”.
Não há necessidade absoluta em se investir pesado em tecnologia de toca-discos. Eu mesmo tenho dois toca-discos antigos, porém, com cápsulas de fabricação século 21. Basta adquirir as conhecidíssimas marcas de toca-discos que os DJ’ usam e utilizar uma excelente cápsula, para que você tenha um excelente som, ajuste de VTA, bias, evitação de vibrações e air born etc. Os ouvidos dos visitantes da minha casa são testemunha.
Meu amigo Holbein Menezes foi representante para o Brasil das cápsulas fabricadas pelos irmãos Garrott e não me reporta nenhum dos problemas aqui mencionados, em especial, a “destruição dos sulcos pelas agulhas”, dado o polimento esmerado com que elas eram fabricadas.
No início houve realmente uma caça às bruxas, algo semelhante como empilhar prensas e decks de alta performance em uma fogueira… Hoje, todo mundo está correndo atrás de um deck desses desesperadamente após esta volta evidente do vinil e depois das inúmeras falhas da concepção digital de áudio que foram descobertas ao longo de seu uso, como a morte súbita do CD ou DVD (Que pára de tocar por ter mais de 200 erros de bloco ou block errors ou falha no índice) e dá preferência de muitos ouvintes pelo LP principalmente os que são provenientes de másters em fita de 2 polegadas, como a RMGI dos EUA continua a fabricar.
“Não há mais dúvida no meu espírito que o áudio digital mudou a face da preservação de fonogramas”. Quanto ao seu espírito eu não posso interferir ou opinar, mas garanto ac todos que estão lendo esta postagem que a mídia digital e não é nem de longe o meio mais seguro de armazenamento de música que existe no planeta. A oxidação da reflective layer é um fato, que inclusive já provocou experimentalmente a invenção de uma mídia digital sem camada de alumínio ou de ouro (Vide arquivo site Inovação Tecnológica), pois ambos oxidam (Esta o último a afirmação sobre o ouro é confirmada pelo Doutor Menezes engenheiro da Sony-Phillips e também pelos químicos da minha consultoria). Cientistas inclusive criaram uma fita magnética de 8 Terabytes de capacidade com partícula magnética de criação recente por não considerarem que dados sigilosos possam ser armazenados em HD’s ou mídias digitais opticas (CD, DVD, etc.).
E sobre se o LP irá votar, isso já é um questionamento do passado: Ele já voltou, basta ver as propagandas que subliminarmente o estão reintroduzindo na mente popular, especialmente no Brasil, a criação da Polysom, a preferência de grande parte de músicos em ter sua obra a registrada em LP (Vinil para os mais jovens) e o estoque absurdo de LP’s importados no (Com a devida liçença – a moderação pode editar as citações de marcas) site Submarino, a superação de vendas de toca-discos do limite de um milhão de toca-discos marca Numark vendidos e o estoque da loja Catodi em São Paulo absolutamente esgotado, devido à enorme procura. Em outras lojas também. Se isto não foi a volta do LP eu não seria então o que foi! E finalmente quero frisar que a esta volta e não é uma substituição, é apenas uma opção a mais ao consumidor coisa que foi apenas subtraída no Brasil (Incrível), pois no exterior o LP nunca deixou de ser produzido, apenas diminuiu – Hoje está aumentando novamente pelos dados da Sound Scan e que já a algum tempo muitos estúdios têm ambas opções de gravação (LP e CD) (Sites Urpressing na Inglaterra, Zona 6 em Portugal, há ainda em Nashville-EUA estúdios que inclusive gravam analógico ponta-a-ponta) e por final tenho um blog só com endereços nos EUA onde também se prensam vinis. O LP já retomou seu lugar, inclusive no coração dos jovens que despertam o interesse por esse produto, não pretendendo substituir nada digital, mas como mais uma opção cultural e musical.
Há, seguramente, muito mais de trinta anos, que a indústria fonográfica tentou salvar o Lp de tudo quanto foi maneira. Tentou-se de tudo: vinil fino (Dynaflex), vinil ultra-puro, torno acoplado a computador, sulco-padrão, corte a meia velocidade, prensagem direta, corte com menos linhas, linhas mais separadas, para evitar crosstalk, enfim, vai por aí!
Quando eu era menino, o pai de um amigo de infância trabalhava na Companhia Industrial de Discos, que ficava ali na Avenida Brasil, Rio. Uma vez ele nos levou para conhecer a fábrica. Esse meu amigo me contou que a fábrica era arcaica quando o pai começou a trabalhar lá, e foi ele quem modernizou todas as prensas, que eram manuais. A fábrica prestava serviços às principais gravadoras, e este meu vizinho percorria os estúdios e conhecia muita gente deste ramo. Uma certa feita, ele me contou que o Nilo Sergio, que era dono da Musidisc, mandava as fitas para a Odeon, em São Paulo, recebia uma prova da madre, testava, e mandava cortar de novo.
Essa prática de testar a prova e comparar com a master sempre foi comum nos estúdios. A madre feita para estamparia é uma aproximação do som da fita de estúdio. Dentro da sala de corte, uma série de ajustes eram feitos, para minimizar esta diferença. Pessoas que trabalharam nesses ambientes, mesmo aqui no Brasil, cujo Lp era notoriamente inferior ao importado, se tornaram experts em cortes de altíssima qualidade.
O fracasso em se estabelecer um som de referência no disco fonográfico analógico não aconteceu por acaso! Houve um momento em que se atribuiu isso às limitações de timbre nas fitas magnéticas, e então foi proposto o disco de corte direto, onde a fita é eliminada. Esta proposição foi feita principalmente por Doug Sax, da Sheffield Lab. O tempo se encarregou de provar que esta premissa não era tão verdadeira assim, como se acreditava, mas sem dúvida um grande número de cortes diretos soavam muito melhor do que o disco convencional.
Só que os problemas certamente não estavam nas fitas, e sim na natureza intrínseca do disco fonográfico. Primeiro, porque existem limitações físicas nas ondulações dos sulcos. Algumas freqüências são cortadas de forma atenuada, para evitar potenciais problemas. Segundo, a agulha de reprodução deve ser obrigatoriamente diferente da agulha de corte, sob pena de destruir os sulcos dos discos. Terceiro, o ângulo da agulha de corte é diferente da agulha de reprodução, o que implica em distorção, atenuada pela calibração do braço, quando é possível. Quarto, o disco analógico foi desenhado por Berliner para ter velocidade tangencial constante, o que implica em dizer que inevitavelmente ocorrerão trechos do disco com intensa saturação de sinal e distorção. Este fenômeno induziu os selos de audiófilo a tomar medidas drásticas, do tipo limitar a duração de gravação por lado, ou aumentar a velocidade tangencial para 45 rpm, etc. Quinto, o processo de reprodução implica em arrastar uma agulha, com intensa fricção em cima dos sulcos, de tal forma que, com o uso, freqüências mais altas tendem a ser literalmente varridas do mapa. Para evitar ou minimizar isso, a indústria lançou mão de lubrificantes, incorporados na fórmula da bolacha de vinil levada à prensa.
Audiófilos que eu conheci, no passado distante, preocupados com esta perda de agudos, compravam um disco na loja, tocavam uma vez para ouvir e outra, para gravar numa fita magnética. Um deles, pelo menos, pingava água no sulco, antes de tocar, gravava e depois vendia o disco, que ficava, por causa do atrito, imprestável!
Mas isso são aspectos da indústria. E dentro de casa? Eu não conheci ninguém que gostasse de áudio, que não tivesse em casa uma parafernália de acessórios, para limpar e reproduzir vinil. E eu vi vários casamentos comprometidos, por conta da atenção do marido ao equipamento.
Na minha casa, meus discos eram tratados a pão de ló. Havia um ritual de conservação quase fanático.
O problema é que o vinil, como qualquer plástico, sofre esfriamento irregular na prensa, retém bolhas, que depois, com o atrito da agulha, expõem microfraturas que se transformam em ruídos de impulso, coisa que o usuário dificilmente consegue controlar. Na realidade, apesar dos avanços na elaboração das massas de vinil, ainda assim os sulcos são extraordinariamente vulneráveis, quando da incrustação de sujeira na parte inferior do sulco. Não foram poucas as vezes que eu e vários amigos lavamos os discos com detergente neutro, para conseguir que a agulha voltasse a trilhar direito. Um amigo meu importou uma máquina caríssima, para lavar disco!
A reprodução de um disco analógico historicamente obrigou quem gostava de áudio a investir pesado em tecnologia de toca-discos, como eu destaco no meu artigo. E em gabaritos (uma vez, eu ganhei um dos irmãos Garrod), que minimizassem erros de tangenciamento. Mas, mesmo os braços tangenciais tinham problemas. E uma vez eu vi um braço desses, que flutuava no ar, com o auxílio de uma bomba parecida com essas de aquário, para dar atrito zero, e não ouvi nada de excepcional com aquilo.
E isso aí é apenas um verniz, no mar de problemas que o disco analógico me mostrou.
O áudio digital, em dez anos de vida, evoluiu mais do que o vinil, em oitenta anos. Esta evolução foi mais particularmente sentida nos estágios de saída dos leitores, no avanço dos microprocessadores, e na correção de erros grosseiros nos estágios analógicos de saída. Nada disso tem a ver com o disco propriamente dito!
De tempos para cá, nenhum estúdio de gravação ou mixagem que se preze, usa áudio analógico como referência ou instrumento de trabalho, com raras exceções. O Nolan Leve, engenheiro-chefe da Som Livre, que eu conheço há anos, me mostrou o sucateamento daquelas maravilhosas máquinas Studer, de 16 canais, que tanto serviço prestaram a vários estúdios no mundo todo.
Eu, particularmente, sou fã de carteirinha das gravações analógicas do passado, de gente como Bob Fine, de selos como Mercury, RCA, Command, Decca, Deustche Grammophon, Telefunken, etc. Tem muita coisa desse acervo preservada em CD ou SACD de três canais, e muita coisa esquecida.
Não há mais dúvida no meu espírito que o áudio digital mudou a face da preservação de fonogramas, com programas sofisticadíssimos, os Sonic Solution e Cedars da vida. Não há nenhum trabalho de preservação que se faça, sem uso dessas ferramentas.
Idiota seria eu, se dissesse ao leitor que me prestigia, que o analógico ainda reina supremo. E traidor dos meus princípios, mais ainda, se induzisse aqui alguém, em acreditar que disco vinil tem volta.
O áudio, como tal, pertence a um nicho, e acredito que continuará assim. Eu faço questão cerrada de dizer aos leitores que não sou audiófilo. Isso, inclusive, não me tira o privilégio de continuar amando áudio, sem os parâmetros que fazem alguns indivíduos se agruparem como tal.
Eu me mantenho coerente com as coisas que eu aprendi, debaixo de muita luta para vencer a minha própria burrice. Como homem de ciência, que outrora fui, resta em mim o dever da análise e da opinião sem comprometimentos, das conclusões que eu tiro.
Quem quiser entrar aqui e postar um comentário me taxando de coitadinho, está perdendo o seu tempo. Em última análise, está sendo descortês e deselegante com quem se esforça para fazer um trabalho limitado, porém sincero.
Quem quiser elaborar seu texto para publicação no Webinsider, que o peça ao editor-chefe. Como em qualquer publicação, o manuscrito é submetido à análise do mérito, antes de ser publicado. Eu aqui entrei por convite, e nem por isso meus textos deixam de ser examinados, antes da publicação. E é nessa ética e nessa ótica que eu mantenho o respeito pelo meu leitor!
Citação: “É nos estágios de transdução que as alterações da onda musical acontecem.”
É possível que haja alterações, mas não de ordem matemática, apenas de ordem elétrica, medida em RMS ou para quem prefere, em decibel sinal-ruído. Não há perdas de detalhes.
Agora a senóide proveniente da conversão digital sim, tem valores matemáticos cartesianos alteradíssimos, além das alterações analógicas transdutivas pré-conversão. O que corresponde a perda de detalhes.
O exemplo mais clássico é a má reprodução digital de guitarra distorcida – Ver Site WordPress, Mutantes.
A onda hertziana senoidal elétrica não comporta semelhanças (Amostragem) sem que não haja conseqüências em termos de tonalidade e detalhes.
As perdas não ocorrem somente na transdução nas etapas de gravação: Ocorrem em qualquer equipamento, seja ele feito para gravar em digital ou gravar em analógico. Não esqueçamos também das perdas que ocorrem nos equipamentos de reprodução, sejam eles digitais ou analógicos. Essas perdas ocorrem porque em qualquer circuito eletrônico ou elétrico (Pontos quentes) há perdas, por curtocircuitagem de seus componentes ou queda de eficiência. Exemplo: Capacitores eletrolíticos começam a ressecar (Vazamento) e perdem a sua função gradativamente, capacitores de papel, de filme e styroflex também da mesma forma, inclusive gradativamente até o rompimento total do isolamento entre as lâminas espirais; resistores menores “abrem” (Não passa corrente ou tensão); os maiores ou abrem ou entram em curto por queima (Os mais antigos) onde o calor gera uma camada de carvão que é condutora alterando sua resistividade. Os mais novos do tipo “safety” perdem resistividade gradativamente. Nos indutores, a camada de esmalte do enrrolamento de cobre também pede gradativamente a capacidade de isolamento e o indutor passa a ter valores diferentes para o qual foi projetado. Os transformadores de núcleo de ferro tem perdas por “histerese” (O ferro comporta-se como uma espira em curto). Os toroidais queimam mais, pois trabalham de modo mais crítico. No mais, em todos os circuitos há perdas, seja por solda fria, oxidação das trilhas (Micro-escaras que impedem a livre transmissão de elétrons) e mal contatos entre componentes e trilhas. Mesmo o circuitos que possuem CI’s, os ditos circuitos integrados, estão sujeitos a perdas, pois todos pois circuitos eletrônicos são mistos de componentes e individuais e CI’s, que também perdem eficiência por alteração de qualquer um dos seus mini-componentes internos. Conclusão: Onde há eletrônica, há perda. Seja ela com função digital ou puramente analógica.
Elias, esse problema de velocidade tangencial é resolvido na Lathe Cutter e seus ajustes pelos engenheiros de áudio, e eram problemas das décadas de 50, 60 e 70… Hoje, século 21, além das Cutters não terem mais apenas 75 watts RMS por canal e suas limitações dessas décadas, a técnica atual de DIRECT METAL MASTERING usando um Cobre recentemente descoberto, o Cobre Pirofosfato, mais mole que o anterior, resolveu definitivamente o problema de “bridging” da última faixa, inclusive diminuindo a largura dos sulcos, permitindo “lands” mais seguras e cristas de alta freqüência mais definidas. Se você quiser conferir tudo isso que falo, visite o site da StockFish Records, estúdio alemão Pauler Acoustics, do engenheiro Gunter Pauler.
José Augusto,
Pode colocar o link sem nenhum problema.
Meus Deus…
Me desculpe a sinceridade…
será que eu li isso???
“Não existe coisa mais primitiva do que o disco fonográfico analógico!”
nossa… assim nem dá pra discutir..
Com certeza o autor nunca esteve diante de um Toca-discos , nem sabe o que é um Lp180g, nem sabe o que é um Marantz…
Deve ter tido péssimas experiências com as vitrolinhas da década de 50-60.. e só !
faz favor, né?
abraços.
Austral
Olá Paulo Roberto,
Te convido assim mesmo para expor seus argumentos técnicos por lá, podemos combinar de eu abrir um tópico especificado para isso.
Eu tenho dois links que provam que o LP é a mídia que melhor preserva as informações da máster. Um deles foi feito por um estúdio digital.
Posso publicá-los aqui?
E não é só em teoria não, pois eu posso demonstrar a qualquer momento em meu sistema que o LP é melhor. E meu CD player é dos bons, um profissional da Tascam.
Meus amplificadores são valvulados e artesanais com caixas de cornetas feitas sob medida para eles. Você já ouviu amplificadores valvulados?
Por fim, obrigado pelo seu conselho e eu faço justamente isso, estou plenamente satisfeito com meu equipamento de som e procuro demonstrar para os outros o verdadeiro som do analógico, em teoria e prática, pois nem sempre uma tecnologia atual supera a anterior.
E agora eu que te peço que continuemos nosso produtivo debate, por aqui, na minha comunidade ou em algum blog.
Abraços
José Augusto
Sobre a Escola Francesa, quis dizer que a arte eletrônica não pode ser desnaturada – Usei o termo replicada. Uma vez gerada a conserva do áudio em termos matemáticos quanto ao sinal, este jamais poderá ser convertido principalmente se gerar perdas matemáticas. Mas isso é uma posição minha em relação à educação artística, que acho muito moderna para nossos dias.
Bom de ser conhecido este trabalho de uma competente técnica em áudio: Christine Tham tem uma análise excepcional sobre CD versus LP. O conteúdo pode ser acessado no site http://www.audioholics.com/education/audio-formats-technology/dynamic-comparison-of-lps-vs-cds-part-4 e http://www.audioholics.com/education/audio-formats-technology/dynamic-comparison-of-cd-dvd-a-sacd-part-1
Lá tudo é analisado: LP, CD, SACD, DVD-A et.
Por fim, só quero dizer que o vinil está empolgando a moçada por ser um veículo multi-cultural – Pois é composto de fotografias em excelente tamanho para os fãs, traz encartes e posters em tamanho grande e textos legíveis, havendo espaço para bastante manifestação da banda ou cantor sobre si e sua obra. É o apelo gráfico chamado.
E por fim, os artistas descobriram que um vinil durou até agora 63 anos sem deixar de tocar uma só faixa que seja, e isso é importante para a perpetuação de suas obras, tal qual a perpetuação da imagem de seus rostos da época. Já em relação às mídias digitais, sua durabilidade não é indeterminada como a do vinil, apesar da Sony-Philips assim divulgar: A durabilidade de uma mídia digital, mesmo dentro dos estritos cuidados recomendados pela fábrica, qualquer que seja a mídia digital, é imprevisível, pois assim como tenho CD’s com 25 anos, perdi mídias, uma com um e a outra, com dois anos. Isso é imprevisibilidade. Onde há metal, haverá oxidação. Até o ouro oxida, segundo a categoria dos químicos. Enquanto isso, o poli cloreto de vinila (PVC, Vinil) é um produto altamente resistente ao oxigênio e disso não padece. Acho que esta é a razão porque o LP está voltando no Brasil e aumentando em vendas no mundo inteiro, bastando para isso pesquisar na internet. Obrigado pela cessão do espaço. Joaquim.
Paulo Roberto Elias: Você tem todo o direito de apagar o link que coloquei do meu blog, pois não sabia que seria preciso liçença para isso. É a primeira vez que acontece, já o pus em muitos fori (sites) no passado e seus donos nunca admoestaram-me. Pode apagar, sem problemas.
Quanto à postagem apagada, falei o que meus olhos viram. Se viram errado, sou humano. Se o sistema do site falhou, perdoe-me acusá-lo de ter tomado tal medida.
Não pretenderei escrever mais no seu espaço, pois vi que não gosta do meu estilo, que é sim, empolgado e até professoral. Sem problemas. Tenho meus vários blogs somente para tratar sobre CD e vinil, mas deixo sempre meu e-mail para críticas ou emendas. Neles escrevo, atualmente, com a vigília de dois engenheiros eletrônicos para que eu não fale nenhuma impropriedade.
Lucas, a de-emphase no circuito RIAA não desnatura o sinal elétrico analógico, pois não o converte em “chaveamentos” de memórias flip-flop. Portanto, esse circuito não distorce, não mexe com o sinal analógico. Agora se formos partir de um princípio RADICAL em eletrônica, TODO circuito eletrônico gera perdas. Mas nunca uma alteração de sinal como ocorre na conversão que simplifica os níveis da onda-senoidal-sinal-elétrico.
Sou da escola Francesa, onde a arte não pode ser replicada. E explico minhas razões nos meus livros virtuais. Mas, é apenas meu ponto-de-vista.
José Augusto,
Eu penso ter deixado claro, em alguns comentários a terceiros, que não concordo com coisas que você coloca, a respeito de áudio. Sinceramente, você acha saudável me convidar para participar da sua comunidade? Que tipo de contribuição você acha que eu poderia dar lá? Eu não me sentiria confortável tendo que desmistificar coisas que outras pessoas acreditaram por anos a fio.
Por exemplo, este tabu do vinil, é algo em torno do absurdo. No meu texto, eu tento falar sobre um fenômeno físico, conhecido como transdução, e eu custo a acreditar que você não esteja familiarizado com problemas do tipo distorção harmônica e outros artefatos, que tem sido a praga constante do som analógico há décadas.
O Lp não é a mídia que melhor preserva a master, mas se eu disser isso na sua comunidade, as pessoas não vão aceitar, e ponto!
Então, que contribuição eu poderia estar dando ao seu grupo? Nenhuma, concorda? Por outro lado, eu não tenho intenção de aprofundar certos assuntos aqui nesta coluna, porque o público leitor é, na sua maioria, de pessoas leigas e/ou que procuram informações e colocam pedidos de ajuda diversos. Eu tenho, inclusive, um acordo tácito, com os editores do Webinsider, de moderar o conteúdo, tanto em espaço, quanto em conteúdo. No passado remoto, eu tive várias páginas de texto cortadas, para me adaptar a isso.
Eu entendi que você e a sua comunidade aceitam o digital, com reservas. Isso você acho que já deixou claro. Então, em respeito a isso, eu vou agora ser ousado e afirmar o seguinte:
O discurso anti-digital, José Augusto, é enganoso, porque ele é baseado em premissas de erros de computação que existem apenas na cabeça dos seus proponentes. Até o Doug Sax, que foi o cara que mais combateu som digital na década de 70 e 80, hoje trabalha com codecs avançados.
E sobre a sua pergunta sobre que toca-discos eu uso, a minha resposta é nenhum! Já faz anos que eu não tenho nem os Lp’s que eu, por questões afetivas, não quis passar adiante.
E, se você me permite, quero te dar um conselho: a luta do ser humano é para avançar, abrir fronteiras, evoluir. Tirar lições do passado, preservar a memória e o trabalho dos pioneiros, é uma obrigação nossa. Lute sempre para avançar e passar o que você aprendeu para os outros. E seja feliz com as coisas que você conquistou!
Joaquim,
NENHUMA resposta sua foi apagada!
Desde que esta coluna foi aberta, eu não apaguei nem deixei apagar nenhuma resposta. Somente eu e o editor-chefe temos autorização do sistema para fazer isso, e nem eu nem ele esposamos critério de censura, dentro de limites.
Já aconteceu várias vezes de respostas minhas terem sido ignoradas pelo sistema, voltando à página principal, ao invés da página da coluna. Isso é um erro de programação do WordPress, que este site usa. Tanto assim, que eu costumo copiar primeiro a resposta e recolocá-la, quando isso acontece. E nesse momento, inclusive, o site acabou de mudar de versão, causando transtornos a todos. Neste fim de semana, eu mesmo vou ter que remendar quase todos os meus textos, que saíram da formatação original.
Agora, veja bem: eu já citei blogs de terceiros, inclusive no corpo do texto, e já tive vários comentários de leitores apontando para empresas ou iniciativas, tipo festivais de cinema, sem nenhum problema.
Mas não gostei quando li você desdizendo tudo que eu escrevi, num artigo de 2007, para depois dizer que você tinha um blog, que, por incrível coincidência, tem um conteúdo totalmente voltado para o vinil, e contra tudo aquilo que eu venho escrevendo aqui.
O seu blog é uma prerrogativa sua. Se você tivesse entrado aqui para discordar, e pedisse licença para divulgá-lo, por mim tudo bem, porque cada um acredita no que quiser.
Você não me conhece nem a minha história. Eu já comentei aí em cima que eu estudei e estagiei em sala de corte de acetato, mas parece que você ignorou isso. E você sinceramente acha que eu seria leviano, a ponto de criticar o Lp, sem ter qualquer base ou pelo prazer de ficar fazendo crítica?
As minhas críticas são feitas com base em análises que eu faço e sobre as quais eu estudo e pesquiso. Não sou dono da verdade, eu apenas publico o que eu penso, a respeito do que eu estudei e/ou vivenciei. Ninguém é obrigado a concordar!
E sim, eu conheço DMM, e como este tipo de fabricação se inseriu no contexto do Lp e do videodisco. Na minha coleção de vinis, agora extinta, eu já tive de tudo: half-speed mastered, corte direto, direct-pressed, etc.
A indústria fonográfica passou anos a fio, tentando resolver problemas mecânicos dos discos fonográficos, e não conseguiram. A maioria das reuniões de audiófilos que eu tenho conhecimento era em torno de toca-discos, cápsulas e cabos, pessoas com grana ou sem grana, jogando dinheiro a rodo neste tipo de competição.
Este torno da Neumann que você cita foi muito usado na década de 80 e foi justamente em cima de um modelo anterior que eu estudei corte de acetato. Um dos últimos modelos, pós VMS-70, foi instalado na fábrica da Tapecar, que ficava ali em Bonsucesso. Nem por isso, os Lp’s que eles prensavam tinham boa qualidade.
Volto a dizer: eu tenho uma responsabilidade com o leitor que gasta o seu tempo lendo os meus textos. As minhas avaliações são todas amparadas em observações pessoais e conclusões que eu tirei. Seria desonesto da minha parte, dizer ao leitor coisa diferente! Se o leitor não gosta ou não concorda, ele tem a liberdade de não ler ou não comentar.
Comunico-vos que todas as respostas minhas que foram apagadas, antes foram salvas e agora fazem parte de um novo blog meu, continuação do primeiro: o http://vinilnaveia6.blogspot.com – O Blog das respostas apagadas. Viva a democracia no jornalismo técnico de áudio. Joaquim Cutrim.
Olá Paulo Roberto,
Obrigado pela sua resposta.
Eu, como dono de comunidades sobre áudio, sei bem como é, devemos conversar apontando dados técnicos e não partir para agressões pessoais.
Olha, lá na comunidade todos possuem CD players e toca-discos, logo ninguém é CONTRA o CD.
Na verdade, quando o CD foi lançado, sua propaganda era claramente contra o LP, você se lembra?
Naquela época, muita gente (inclusive eu) deixou o LP de lado, mas com o passar do tempo voltamos ao LP, justamente pelo fato do áudio digital não cumprir suas promessas.
Ou seja, tanto na teoria como na prática, está provado que o LP é a mída que melhor preserva as informações da máster.
Não vim desqualificar seu trabalho. Apenas me vali da dialética e da matemática para explicar o óbvio. Cópia será sempre cópia com os defeitos de uma cópia (E inexata). Agora falar assim dos LP’s do jeito que v. falou, parece-me desconhecimento de causa (As técnicas de fabricação de LP que v. menciona não levam em conta a evolução). Você conhece o método Direct Metal Mastering da empresa alemã Pauler Acoustics, do engenheiro (Com quem me comunico) Gunter Pauler? Sabe que as NEUMANN VMS 80 tem 650 watts por canal para o corte em estilete de safira? Tudo que vi ser falado aqui é a “velha galvanoplastia”, que inclusive, evoluiu. Sinto que o seu discurso sim, é anti-analógico. Pois fala meias verdades técnicas. Eu me atenho à matemática, como muitos pesquisadores como o Cláudio Picolo se atém. Se você escreve com responsabilidade, eu também escrevo, tanto que nos meus blogs tou a “cara a tapa”, pois em todos deixo meu e-mail, pois a minha obra é multi-construída, dá contribuições quem quiser, inclusive e principalmente engenheiros. O que defendo e sempre defendi foi o massacre do LP nos anos 90, a falsidade das propagandas e a ignorância sobre o LP, que, graças a Deus, hoje diminuiu. E tenho tanta responsabilidade que já tive matéria minha escrita em revista de circulação nacional (Video e Som) juntamente com o Doutor Christiam Herrera, que não fez uma correção no que eu disse. Mas fique tranquilo, vou deixar você escrever o que quiser, já que o espaço é só seu e eu já fui preterido. Não tem problema: A minha pesquisa não tem fim e nem meus contribuidores pensam diferente. Obs: Seu trabalho, independente do que eu discorde, é um serviço à pesquisa. Joaquim Martins Cutrim.
Claudio,
Seu comentário está perfeito.
E vou mais além: eu já tive chance de estar em uma sessão de mixagem, em ProTools, DA-8, e ver o engenheiro usar como uma parte da fonte gravações analógicas, 2″, em múltiplos canais.
Dentro do estúdio, as decisões, certas ou erradas, são outras. E no produto final, ninguém vai conseguir distinguir gato de lebre, eu te garanto.
Nós crescemos com o mito de que as técnicas minimalistas (máximo de 3 microfones) são superiores àquelas com o uso de um mar de microfones. No entanto, algumas dessas últimas são de excelente qualidade, e sem que a gente possa sequer entender porque!
Olá Paulo Roberto,
Poderia nos descrever seu sistema de som e qual toca-discos possui e com que cápsula ele está equipado?
Lucas,
Concordo totalmente.
O sulco de um Lp sofre manipulações na sala de corte, de tudo quanto é tipo, e não é, ipso facto, espelho da fonte.
Você mesmo cita a curva RIAA, que nem todo pré de fono segue corretamente. Basta um erro na entrada, que o resto fica todo adulterado! A própria discrepância entre agulha de corte e a agulha de reprodução também gera pilhas de distorção, o que na prática significa que o som da madre de acetato não tem equivalência 1:1 na casa do usuário, mas sim o som que ele consegue como equipamento que tem. Se, por força disso, a reprodução ainda assim é boa, aí já é um outro assunto.
Olá, José Augusto,
Obrigado pela sua gentileza e pelo seu convite. Esclareço que não tenho conta no Orkut, mas vou pedir a minha filha para dar uma olhada na sua página.
Aproveito para comentar também o seguinte:
Eu quero deixar claro de que não sou contra o vinil, e tenho amigos que o usam. Eu, como todo mundo da minha faixa etária, usei vinil até recentemente, e ainda cheguei a guardar Lp’s que considerava imperdíveis. Aliás, eu os doei para um amigo, na base da confiança.
Uma coisa, porém, é a gente guardar um lado afetivo, e outra a gente estudar e ir para a frente, seja lá no que for. O áudio digital, até que me provem o contrário, é a mais significativa evolução em áudio, desde a época em que Edison mandou um de seus empregados inventar a gravação em cilindro!
Na minha vida de garoto, eu nutria um fascínio pelo disco fonográfico. Os meus pais colocaram uma vitrola de alta fidelidade lá em casa, e desde adolescente eles me incentivavam a comprar os meus próprios discos. Na realidade, toda a minha formação musical e a dos meus amigos aconteceu exatamente assim, e ela foi ancestralmente importante na nossa formação como um todo!
O áudio digital começou no amaldiçoado CD, com inovações jamais sonhadas no tempo do analógico. Ignorar isso, depois de estudar o porque, seria uma temeridade.
O áudio digital atual, lossless, contido nos discos Blu-Ray, está aí para quem quiser ouvir. E eles espelham, bit a bit, as gravações em 48 ou 96 kHz, padronizadas para filmes ou música. Se alguém acha que áudio digital não presta, então nem contemple comprar uma mídia dessas. Note que eu nem preciso estar num estúdio, para traçar paralelos com o analógico. Se eu tomar como referência um Lp bem gravado, e passar isso pelo meu computador de casa, eu consigo comparar a diferença entre fonte e destino, na amostragem que eu quiser.
Por outro lado, toda essa cantilena anti-digital que eu venho ouvindo durante anos, não passa por um escrutínio de qualquer pessoa equilibrada. Primeiro, porque o cidadão que faz este tipo de apologia, logo de saída, ignora as limitações do analógico. Então, a conversa e a discussão sempre ficam difíceis, às vezes áspera, numa interminável guerra de egos.
É como você disse: se se gosta do analógico, que se faça um comunidade de pessoas em torno das mesmas motivações ou paixões. É assim com qualquer hobby, concorda?
Aqui na minha coluna, porém, eu ganhei o direito de publicar o meu estudo e dar a minha opinião. A leitura dos meus artigos é facultativa. A minha ótica é a de homem com 60 anos de idade, mais de trinta dos quais fazendo ciência. O leitor que aportar por aqui jamais será obrigado a engolir ou aceitar gratuitamente o que eu afirmo. Só que na hora de contestar, o faça dentro da mesma atmosfera de respeito, que eu empresto a quem me lê.
Pois é, Joaquim, eu li aqueles dois comentários ontem, e acho profundamente lamentável que você tenha se dado ao trabalho de desqualificar o que eu escrevi, sem fundamento nas coisas que você afirma, e sem pedir pelo menos licença para falar o que quis, e depois chamar a atenção do leitor para o seu blog!
Eu não respondi ao seu discurso anterior, e não vou responder este, pelo mesmo motivo.
E aproveito para lhe dizer o seguinte:
1 – Eu tenho uma responsabilidade com o leitor do Webinsider, nas coisas que eu afirmo nos meus textos. Esta responsabilidade inclui uma pesquisa séria, somada à minha experiência de vida, experiência essa que me impede de endossar as coisas que você fala ou até de me engajar em debates que não vão redundar em nada de útil para o leitor, muito menos para você, porque a sua opinião já está mais do que formada, não importa o que eu diga.
2 – Eu acho que, se você abjeta o som digital e quer passar o resto da sua vida atracado ao disco fonográfico convencional, você tem ampla liberdade de não ler qualquer texto meu, e de procurar os sites que comungam dos seus princípios.
3 – O seu discurso anti-digital, infelizmente, eu já o conheço há muito mais de vinte anos, convivendo com pessoas que não aceitaram a entrada de sinal digital na vida do audiófilo, e com as quais, diga-se de passagem, até por respeito ao pensamento delas, eu nunca debati o assunto ou tentei convencê-las do contrário. Eu lhe peço, com educação, que você não venha fazer o mesmo aqui!
Joaquim
“nunca seu espelho perfeito como ocorre nos sulcos de um LP””
Tambem não é bem assim, né?
O LP tem deficiências em responder nos extremos da faixa audivel, não?
Deficiências estas que são compensadas por um pré amplificador RIAA.
Outra coisa…
” isto sem falar nos problemas inerentes à leitura”
Na maioria dos braços convencionais, existem apenas dois pontos aonde os erros de leitura do braço são zero.Em todos os outros pontos, existem distorções, inclusive harmonicos de 2ª ordem são gerados aí…
Sobre o texto e a alta fidelidade escrito pelo paulo:
Não vejo como conseguir algo fiel através de um toca-discos. O simples fato de uma determinada cápsula ter sua assinatura, dar mais grave ou menos médio por exemplo, já é algo que descaracteriza a fidelidade…
Tanto o CD como o LP tem suas falhas…Espero estar vivo no dia em que existir uma midia que requira poucos cuidados, seja fiel e seja barata…
Lucas Bianchim
Olá Paulo Roberto,
Com sua permissão vou me apresentar.
Sou dono da comunidade do orkut intitulada “Apaixonados por Toca-discos”. Apesar do título, o pessoal de lá é “apaixonado” pois têm ótimo conhecimento técnico e prático sobre o assunto toca-discos, LPs e áudio em geral.
Fica aqui meu convite para você ingressar na nossa comunidade.
Estou fazendo isso, pois você mesmo disse que não vê mais ninguém fazendo isso “em seu lugar”:
“Agora, o rótulo de pseudo-expert eu aceito de bom grado: não sou engenheiro, conheço pouco de eletrônica, e não deveria nem estar escrevendo neste espaço. O problema é que não eu vejo mais ninguém para fazer isso no meu lugar.”
Lógico, ninguém vai escrever mesmo em seu lugar, a menos que tenha procuração para isso. Não é mesmo?
Abraços.
José Augusto
Joaquim,
” nunca seu espelho perfeito como ocorre nos sulcos de um LP””
Tambem não é bem assim, é?
O LP não tem condições físicas de ser um espelho perfeito, principalmente nos extremos da faixa musical, aonde o pré amplificador RIAA deve ser aplicado para compensar isto, certo?
Agora sobre o texto do Paulo:
Não vejo como conseguir alta fidelidade de um LP, partindo do ponto de vista de que cada cápsula terá um som diferente de outra, xada uma com uma assinatura.
A cápsula perfeita seria teoricamente neutra, e não é isto o que aconteçe.
“Alta fidelidade” em áudio é uma utopia já que a sensibilidade de quem grava, quem edita, quem masteriza e quem reproduz, são diferentes.
Daí que se o artista inicialmente planejou seu trabalho para áudio analógico e este fôr digitalizado, haverá perdas significativas da mesma forma que ocorrerá com os trabalhos originalmente pensados para o “áudio digital”.
Portanto, discordo profundamente da afirmação de que “não existe coisa mais primitiva do que o disco fonográfico analógico”. É como afirmar que uma pintura de Van Gogh tem de ser digitalizada e o original tem de ser destruído, afinal de contas a fotografia digital está aí e “não existe nada mais primitivo do que a pintura à óleo sobre tela”. Oras…
Desculpem-me a indignação, penso que seria muito mais produtivo afirmar que ambos os domínios digital e analógico sofrem de mau-uso ao invés de tendenciar um formato em detrimento de outro com uma afirmação dessas e de certa forma isso até foi feito nesse texto… De forma um tanto “discreta”, mas foi.
Hoje, mesmo com tecnologias até muito boas de digitalização e armazenamento e mesmo DACs sofisticadíssimos, ainda esbarramos na falta de qualidade técnica dos profissionais da masterização.
A eterna busca pelo “mais barato” resultou em mau-uso em todas as etapas da gravação à reprodução.
Isso sim é lamentável.
Ante esta afirmação, que ora respeito “Não existe coisa mais primitiva do que o disco fonográfico analógico!”, afirmo:
“A forma como os registros musicais são guardados em uma mídia digital é altamente técnica, mas os registros ali guardados são mera semelhança do sinal analógico convertido, nunca seu espelho perfeito como ocorre nos sulcos de um LP”. A digitalização cria uma semelhança de sinal, que por ser apenas semelhança, tem conseqüências drásticas, como a metalização do som e a ausência e emadeiramento e aveludameto do som que só a técnica analógica consegue; isto sem falar nos problemas inerentes à leitura, como setores de dados simplesmente não lidos e interpolados, jitters e dithering”, e prejuízo sério nas Séries de Fourier e nos Formantes das notas. Escrevi mais em:
http://webinsider.uol.com.br/2007/02/04/reproducao-de-som-dos-cds-avanca-em-qualidade/comment-page-1/#comment-282023
Joaquim Cutrim.
Olá, Gustavo,
Muito obrigado pelo seu gesto simpático, pela sua compreensão e apoio.
Antes de escrever este texto, eu meditei sobre se devia ou não tocar em certo assuntos. Eu entendo que a opinião de qualquer pessoa deve ser cercada pela liberdade de expressão, desde que não atinja terceiros ou ofenda alguém, mesmo que sem intenção de fazê-lo.
Durante anos, essa disputa fútil entre analógico e digital me deixou com o estômago embrulhado. As pessoas preferem radicalizar nas suas preferências, do que abrir os olhos e os ouvidos, para tentar entender e avaliar o que está se passando, ao invés de sair acusando os outros de preconceito e outras bobagens.
E, sem dúvida alguma, o áudio analógico, o Lp de vinil em particular, é assunto tabu, na cabeça de muitos audiófilos. E por anos a fio, esta comparação absurda do tipo parecido com o analógico, ou próximo do som da válvula, etc., crassaram e ainda crassam até mesmo nos anúncios de equipamentos. A preocupação deveria ser com relação à fidedignidade do som com relação às fonte, e não se a fonte é analógica ou não.
Na década de 1970, para conseguir um estágio numa sala de corte de acetato foi muito difícil. Um conhecido da época me abriu as portas da antiga Polygram, numa dada feita, e a primeira coisa que me perguntaram lá era como é que eu tinha estudado corte de acetato. Simples: eu fui numa livraria e comprei um livro! Ninguém acreditou! Mas, quando eu pedi para ler o manual do torno, os caras me deram o manual pela metade. Só se eu fosse idiota para não ver isso. E eu vi rolar na minha frente tudo aquilo que não se deveria fazer numa sala de corte. Mas, o que me importa é que, depois de aproximadamente um mês ali dentro, e sem ter autorização de botar a mão no torno, para experimentar nada, eu pedi as contas, agradeci a todo mundo e saí. Mas, saí totalmente convencido de que o futuro do disco fonográfico era nenhum. E reassumi a minha carreira de origem, terminei o mestrado e toquei em frente. O áudio e a audiofilia eu deixei para trás.
Esse meu amigo citado no texto, que aliás colocou seu comentário aí em cima, me diz, com toda a razão e com a sua imensa prática no assunto, que as combinações cápsula-braço são imprevisíveis. Existe uma série de acoplamentos mecânicos que variam de braço para braço, e isso na prática significa que uma dada cápsula pode trabalhar bem em um braço e muito mal em outro. Portanto, ele me afirma, e eu concordo, que não existe uma clara referência com relação a qualquer cápsula, independente do preço.
Idealmente, a reprodução do áudio deveria ser na relação 1:1 entre fonte e reprodutor. Enormes avanços tem sido demonstrados, nesta área de codecs lossless, mas a reprodução 1:1 esbarra em problemas que nunca foram devidamente solucionados, como por exemplo, o da incapacidade dos sonofletores de manter uma constante física, que permita uniformidade em todo o espectro de freqüências. Tanto assim, que os conjuntos isodinâmicos tem mostrado uma performance difícil de ser rivalizada por caixas convencionais.
Quem quiser ser audiófilo, vai ter que passar o resto da vida experimentando e tentando melhorar. É um tipo de trabalho que não vai ter fim tão cedo. A não ser que a indústria apareça com o amplificador ideal, a caixa acústica perfeita, tudo isso à prova da influência acústica dos diversos ambientes.
Não ser audiófilo não me impede de ter uma visão crítica sobre o assunto, nem de continuar esperando por alguma coisa melhor. E eu acho que todo mundo tem direito de gostar do que quiser, independente do que eu pense ou escreva a este respeito!
Gente, que acontece? porque atacam de essa maneira ao Sr Paulo Roberto Elias ? ele só da a sua opinião, podem os outros concordar ou não.
quem não concorda, é só entrar em outro site
Obrigado tenham todos um bom fim de semana
Gustavo Grecco
Celso, desculpe, sem querer criar polêmica contigo, mas veja o seguinte: não há como uma imagem de vídeo standard, com 480 linhas, comprimido, a gente usar como parâmetro para julgar ou concluir sobre a qualidade ou as limitações do cinema digital.
Em função dessa compressão, e da introdução de diversos artefatos causados por ela, o DVD não reflete necessariamente a qualidade do original.
Um outro aspecto é que, quando se trata de gravações em vídeo, em vez de película, o equipamento usado em si, principalmente lentes e câmeras, vai ter influência sobre o resultado. Foi por isso que eu citei os três filmes do Lucas. Se você observar o lado da produção desses filmes, a parte de composição digital é exemplar. Aliás, é uma pena que os filmes em si sejam péssimos. O cinema, como qualquer outra mídia, exige capricho, para ser bem feito, digital ou película. E em se tratando desta última, eu já coisas tão ruim, de irritar os olhos!
Eu acho que você tem todo o direito de ficar chateado com isso, mas lembre-se que o Michael Mann foi um dos poucos diretores de cinema que levantou sua voz, para acabar com aquela sórdida guerra entre HD-DVD e Blu-Ray, peitando até mesmo o interesse dos grandes estúdios, coisa que, como você sabe, é uma temeridade. Por causa disso, eu o respeito como pessoa e como cineasta, independente de gostar ou não dos seus filmes.
Oi Paulo,
Realmente estou meio aborrecido com o filme do Michael Mann. Não há motivo para alarmes? Como não?
Imagens de DVD não refletem a qualidade do original?
E as cópias dessa mídia em que no original foram capturadas em película? A qualidade não é de longe superior a esse exemplo dos Inimigos?
Os casos que você citou, entendo que são específicos, aqueles do George Lucas. Não tenho o player blu-ray, infelismente. Desejo apenas observar que os expectadores comuns, que são a maioria, ficam privados de ver uma boa imagem, ou, na qualidade daquelas oferecidas pelas cópias tradicionais.
Desculpe, não é minha intenção fazer polêmica o que, aliás, não é o objetivo de suas colunas.
Grato e grande abraço.
Oi, Daniel,
Tudo bem se o assunto é um pouco diferente, mas não deixa de ser alta fidelidade, só que fotográfica.
Eu entendo perfeitamente a sua preocupação, mas acho que não razão para alarmes.
Primeiro, porque imagens de DVD não refletem necessariamente a qualidade do original.
Segundo, que não existem deduções conclusivas de que a cinematografia digital seja ruim. Basta olhar o trabalho produzido por George Lucas, em Star Wars 1, 2 e 3, que eu vi no cinema, e que em DVD tem boa imagem. Baixei o trailer de Star Wars 3, com imagem a 1080p, coloquei em mídia AVCHD, para reprodução na minha TV. Achei excelente o resultado, e não se compara a um Blu-Ray bem autorado. Esta é uma constatação que você pode fazer também, se tiveres os meios.
Abraço do
Paulo Roberto Elias.
Paulo,
Uma vez mais, parabéns pelo artigo.
O que neste momento quero enfatizar, embora não seja o assunto desta coluna é com referência às imagens de cinema capturadas em digital. Por ocasiâo do lançamento nos cinemas de Inimigos Públicos, do diretor Michael Mann, tive oportunidade de trocar ideias com você sobre o sistema utilizado pelo renomado diretor. Não vi o filme no cinema que em minha cidade não foi programado. Saiu agora na mídia DVD. Vi ontem e a decepção foi grande: onde está o contraste nas sequências escuras? Parece coisa de amador que não se preocupa com a iluminação! Será que o cinema vai enveredar de vez por essa trilha, abandonando a película? Se assim for, adeus às prezerosas idas ao cinema e também aos espetáculos domésticos nos nossos home theaters.
É lamentável se isso acontecer!
Abraço.
Eu concordo totalmente, não só sobre a formação de público, mas também pela oferta de oportunidades para que mais pessoas tenham acesso à música erudita ou às música popular não comercial, de qualquer autor.
Esperar-se-ia que as empresas de mídia do governo (rádio, TV, etc.) fizessem esse papel, o que nem sempre acontece. Aqui no Rio, uma honrosa exceção tem sido a Rádio MEC, cuja parte de FM foi modernizada e tem bom som e boa programação.
De resto, aonde é que estão aqueles concertos ao ar livre? Quanto existiam, o público ia, nunca vi nenhuma iniciativa daquelas vazia!
Prezado Paulo
Belo trabalho sobre assunto tão controverso – seu cartesianismo e senso prático sempre trazem nova luz à polêmica.
As gravações da Biscoito Fino a que se refere no texto e originalmente gravadas pela sueca BIS,são
os 12 Chôros para orquestra do nosso grande Villa-Lôbos em inspiradas interpretações do Maestro John Neschling a frente da OSESP.
A BIS lançou também lá fora as Bachianas completas
e esperamos que em breve estejam também em nosso mercado fonográfico.
Mas a nossa música é assim – há muita coisa para ser divulgada tanto em apresentações ao vivo como em gravações e muita coisa que é divulgada e muita gente não toma conhecimento…
O que falta, sem dúvida, é formação de público.
Continue com o seu bom trabalho para alegria de todos nós.
Augusto,
Obrigado. Eu tenho consciência de que eu estou fazendo um papel que não deveria ser o meu, mas uma vez que me foi dada a oportunidade de fazê-lo, eu o faço com prazer. Já vi muita gente apertada com problemas que, por acaso, eu sabia resolver. Então, porque não? Se a gente ensina por necessidade profissional somente, então a generosidade com que supostamente deveríamos estar tratando o próximo vai literalmente por água abaixo.
Por outro lado, nenhum leitor é obrigado a concordar com o que eu afirmo ou continuar lendo o que eu escrevo, a única coisa que eu não aceito aqui é insulto. Para isso, existem outros ambientes, incluindo os da Internet. Se o cidadão quer me chamar de ignorante, ele até pode, mas de uma forma educada. Eu não sou dono da verdade, não nasci sabendo e na realidade passei a minha acadêmica toda estimulando as pessoas a desmistificar a incapacidade de conquistar conhecimento novo. E finalmente, eu tenho certeza absoluta de que vou passar o resto da minha vida aprendendo alguma coisa nova, portanto serei um eterno ignorante de algum assunto!
Em nenhum momento o Paulo Roberto Elias se define audiophilo. ele é um entusiasta que perde seu tempo tentando passar algum conhecimento pra pessoas leigas com eu. os artigos dele são sempre bem vindo.
Agora, sem querer por lenha na fogueira, pena que não temos imagem pra por o cavalinho dando um coiçe em VC.
Parabens Paulo Roberto Elias pelos maravilhosos artigos!!!
Felippe, obrigado. Áudio é um assunto controverso, e eu evito falar de alguma coisa da qual eu não tenha tido algum tipo de vivência. O importante é saber que as pessoas podem usar este tipo de hobby para ouvir música, coisa que eu considero muito importante. E, de tabela, nos encanta quando assistimos a um bom filme.
Paulo Roberto, parabéns pelos artigos!
Vocês, quem, Bruno? Eu não sei quanto ao resto dos leitores, mas eu já deixei de ser audiófilo há muito tempo. Mas, quando era, também usei equalizador gráfico e depois me arrependi profundamente, porque é literalmente impossível acertar uma sala com uma geringonça dessas. Aliás, um conhecido meu engenheiro, e que hoje edita uma revista profissional, chamava equalizador de distorcedor, por causa da rotação de fase que ele produz, e eu concordo plenamente.
Agora, o rótulo de pseudo-expert eu aceito de bom grado: não sou engenheiro, conheço pouco de eletrônica, e não deveria nem estar escrevendo neste espaço. O problema é que não eu vejo mais ninguém para fazer isso no meu lugar. Se você souber de alguém, por favor me avise!
Como sou audiophilo obsessivo hi-end master top universe, cabe a mim afirmar que somente utilizando recursos de equalização para se chegar à máxima alta fidelidade tão sonhada por vcs pseudo-experts. Esqueçam conseguir o real timbre natural de sons e musicas somente com um bom amplificador, fontes e caixas. Entendam peloamordeDeus que o som já vem equalizado personificadamente por cada engenheiro de som e cada um usa equipamentos diferentes para isso e tem percepções auditivas diferentes… Pronto! Procurem por um bom equalizador gráfico ou digital (ou um otimo aparelho portátil barato da Cowon com os melhores recursos de estúdio BBE) e aprendam e estudem a arte e técnica de equalizar CADA musica que estiverem ouvindo para se chegar a alta-fidelidade.