Uma coisa me incomoda como editor sobre o caso do Quitandinha Bar, texto que viralizou. Você vai entender.
Antes de mais nada, ninguém aqui valoriza atitudes machistas que inferiorizam as mulheres, ok? O assunto está na administração de uma situação de crise, que pode acontecer com qualquer pessoa ou empresa.
Resumo da história: segundo relato no Facebook, duas moças foram desrespeitadas em uma mesa de bar por dois caras sem noção. Elas não suportam, decidem ir embora, pedem a conta e reclamam. O gerente dá apoio aos trogloditas, que seriam clientes conhecidos. A polícia aparece e sugere que compareçam à distante delegacia, junto com os agressores, para registrar um Boletim de Ocorrência. As moças declinam, obviamente. Leia o post.
Milhares de pessoas reagiram rapidamente ao post, em solidariedade contra o machismo e as atitudes incivilizadas.
Daí que me aparece um amigo querido e questiona a publicação do artigo:
– Mas vem cá, você tem certeza de que é verdade isso? E se fosse o caso de um ativismo feminista buscando criar uma polêmica? Não podemos concluir sem saber ao certo, só porque está no Facebook!
– Não estamos julgando pelo lado policial ou jurídico, o que interessa aqui é o que o estabelecimento pode fazer em termos de relacionamento nas redes sociais. O olhar é pelo ponto de vista da comunicação (como agir quando algo assim acontece com você ou sua empresa). Mas, é verdade, partimos sim do princípio de que o gerente do bar no momento agiu muito errado.
– Acontece que ao expor o caso você contribui para a difusão de casos inventados. O que já se tornou um gênero, o chamado Fanfic de esquerda, sempre sobre vítimas da sociedade.
– E por que você acredita nesta hipótese? A situação descrita é bem plausível.
– Porque não há nomes, características físicas, fotos, vídeos e nem nada que identifique o gerente, os agressores, os policiais. Identifica apenas o bar. A própria hashtag
#vamosfazerumescândalo sugere a intenção de espalhar amplamente.
– Ok, mas claramente parece verdade, pois o bar não nega exatamente. Disse ao G1 que está apurando e que pretende se defender juridicamente. Por isso acredito no relato. Mas você está certo – não se deve linchar e apedrejar virtualmente sem pensar duas vezes.
Agora vem a questão
Entendam: não se sabe à primeira vista se o post é verdadeiro, falso ou tendencioso. Seria preciso investigar, entrevistar os envolvidos, procurar identificar o gerente citado e encontrar testemunhas que poderiam ter acompanhado a discussão. Fazer a reportagem.
Acredito que é verdadeiro.
A maioria das pessoas também dispensa a reportagem, aceita o relato e critica o machismo sem pensar duas vezes. Como não há forte negativa por parte do bar, fica reforçada a impressão.
Mas aparece também mais um componente para apimentar casos semelhantes ao do Bar Quitandinha – imagine que o seu cliente enfrente uma situação parecida, cujo estopim é um post no Facebook artificial e planejado?
Devemos estar preparados, a comunicação não é para amadores. [Webinsider]
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Vicente Tardin
Vicente Tardin (vtardin@webinsider.com.br) é jornalista e criador do Webinsider. É editor experiente, consultor de conteúdo e especialista em gestão de conteúdo para portais e projetos online.
Uma resposta
Olá! Adorei a postagem e achei d+ o seu blog!
Obrigada pela dica!
Vanessa