O filme “Finch”, lançados por esses dias, direto no streaming, parece não ter encontrado o seu caminho nas salas de cinema. Tem uma apresentação exemplar, no caso apreciada em um equipamento compatível, com direito a 4K, Dolby Vision e uma trilha Dolby Atmos impressionante.
O filme anglo-americano “Finch”, dirigido pelo cineasta inglês Miguel Sapochnik em 2019, por uma série de razões acabou não encontrando o seu destino nas salas de cinema. O filme começou a ser planejado com o título “BIOS” em 2017, mas o projeto terminou mesmo em 2021, com lançamento previsto para 5 de novembro próximo passado. As filmagens aconteceram em solo americano em 2019 e iria ser lançado em 2020, mas acabou não acontecendo. O filme foi então comprado pela Apple e o título mudado para Finch.
Na minha sala a exibição foi conseguida através de um Apple TV ligado no sistema, com reprodução 4K, Dolby Vision e som Dolby Atmos. Tecnicamente, a mixagem do som é uma das melhores que eu ouvi nos últimos tempos, realmente impressionante!
O filme e as críticas injustificadas
Eu tenho hábito de ler os comentários sobre filmes que eu assisto postados no IMDb, e neste caso eu fiquei surpreso com as críticas pesadas, condenando o filme de diversas maneiras. E no meio dessas críticas, alguns comentários de pessoas igualmente surpresas, ou seja, condenando a opinião de quem condenou o filme.
Mas, é assim mesmo, porque cada um enxerga um filme de forma muito particularizada, e se sentem no direito, diga-se de passagem legítimo, de fazer as críticas que bem entendem.
É nesses momentos em que eu costumo ignorar o que eu pessoalmente considero como uma espécie de falta de visão ou sensibilidade de quem resolveu espicaçar uma obra que, na minha visão (e audição) não passa nem perto daquela realidade que essas pessoas pintaram. A antiga expressão da língua inglêsa “To which his own” revela muito bem situações como essa, já que cada um tem o direito de gostar ou não de alguma coisa. Eu só acho que críticas não construtivas não levam absolutamente a lugar algum e deveriam ser evitadas.
“Finch” como cinema
É muito fácil, desde o início, identificar paralelos em Finch com outros filmes. O ator Tom Hanks já havia estrelado o filme de Bob Zemeckis “Náufrago”, filmado há cerca de uns 20 anos atrás, no qual o personagem sobrevive a um acidente aéreo e faz de uma bola “Wilson” a sua companhia. Mas, Finch não se compara a Náufrago, porque o personagem que faz companhia ao seu personagem é um robô com quem ele dialoga!
Outros identificam a similaridade com Silent Running, da década de 1970, quando em Finch o robô é chamado de Dewey e é construído para tomar conta do cachorro adotado pelo personagem.
A construção do filme
No início eu tive a sensação de que Finch iria ser um filme monótono, igual a Náufrago, que não me agradou. Mas, as primeiras cenas são substituídas por um processo muito interessante da construção do robô. No processo de “construir” a metáfora está clara, porque Finch parte do princípio de que ensinamentos específicos precisam ser aprendidos antes que o robô evolua. E ele o faz com base em comentários pessoais em assuntos como amor, amizade, e experiência de vida.
E, de fato, a experiência de vida, cá entre nós, não tem preço. É ela quem irá nos guiar em decisões feitas a posteriori na vida, se obviamente aprendermos as lições que a vida nos ensina.
Por causa disso Dewey não só aprende, como também se guia em suas próprias decisões. Em breve momento ele estará “sentindo falta” de receber ensinamentos e se sentirá inseguro caso Finch fique ausente.
O ator Caleb Landry Jones está perfeito na interpretação da voz do robô. Não há um pingo de afetação na dicção das palavras que são ditas por um ser eletrônico e mecânico.
Se “Finch” tem um mérito, acho eu inegável, é expor a vida de um ser humano como ela é e não como pode ser fantasiada. E talvez por causa disso, através da ironia da amizade de um ser humano com uma máquina, o final se torna comovente e convincente.
Mas, isso sou eu quem vê. Fica ao critério de quem assiste gostar ou não de um filme de 2 horas cercado de solidão e falta de perspectiva de sobrevivência. Uma certa feita o ator Yul Brinner afirmou que nós nascemos, vivemos e morremos sozinhos, o que vem no meio é uma dádiva. Isso se aplica literalmente ao roteiro de Finch. Parece então que Yul Brinner não estava sozinho. Outrolado_
. . .
Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.
0 resposta
Olá Paulo.
Uma triste constatação que já se tinha notícia, mas na prática essa realidade finalmente chegou.
Streaming veio para ficar, e preparar o sepultamento (aos poucos) das salas multiplex de cinema, sobreviventes a pandemia de Covid.
No meu caso não teve como brigar com um sistema que foi imposto aos cinéfilos, pois ou você assina um plano de Streaming (no meu caso DirectvGo), ou fica sem poder assistir nada, pois filmes em midia estão escassos. Vamos nos acostumando e nos adaptando ao novo formato de cinema chamado “Streaming”
Inclusive já se tem notícia de salas que estão transmitindo de forma experimental filmes por Streaming, utilizando servidores com 2 bandas redundantes para tráfico de dados, diretamente da distribuidoras.
Ou seja, até as salas que ainda permanecerão abertas, os firmes terão como origem o Streaming, que sina hein Paulo…
Um abraço.
Olá, Rogério,
Completando: não só a mídia está escassa, como desapareceram as lojas físicas que eu frequentava, nos tirando o prazer de fazer a busca e compra de filmes.
Fora o lado de você ter acesso imediato aos filmes novos, o ato sacralizante de “ir ao cinema” ficou automaticamente desmoralizado, concorda?. Eu não posso falar nada, porque eu perdi este hábito faz tempo, por conta de coisas como idade, transtornos de locomoção e o ambiente frio (em todos os sentidos) das salas multiplex. Outro dia mesmo, eu planejava ir a uma sala IMAX com uma amiga, mas na hora H ele criou tanto entrave que eu desisti. Em épocas remotas, eu ia sozinho!
Olá Paulo.
Uma triste constatação que já se tinha notícia, mas na prática essa realidade finalmente chegou.
Streaming veio para ficar, e preparar o sepultamento (aos poucos) das salas multiplex de cinema, sobreviventes a pandemia de Covid.
No meu caso não teve como brigar com um sistema que foi imposto aos cinéfilos, pois ou você assina um plano de Streaming (no meu caso DirectvGo), ou fica sem poder assistir nada, pois filmes em midia estão escassos. Vamos nos acostumando e nos adaptando ao novo formato de cinema chamado “Streaming”
Inclusive já se tem notícia de salas que estão transmitindo de forma experimental filmes por Streaming, utilizando servidores com 2 bandas redundantes para tráfico de dados, diretamente da distribuidoras.
Ou seja, até as salas que ainda permanecerão abertas, os firmes terão como origem o Streaming, que sina hein Paulo…
Um abraço.
Olá, Rogério,
Completando: não só a mídia está escassa, como desapareceram as lojas físicas que eu frequentava, nos tirando o prazer de fazer a busca e compra de filmes.
Fora o lado de você ter acesso imediato aos filmes novos, o ato sacralizante de “ir ao cinema” ficou automaticamente desmoralizado, concorda?. Eu não posso falar nada, porque eu perdi este hábito faz tempo, por conta de coisas como idade, transtornos de locomoção e o ambiente frio (em todos os sentidos) das salas multiplex. Outro dia mesmo, eu planejava ir a uma sala IMAX com uma amiga, mas na hora H ele criou tanto entrave que eu desisti. Em épocas remotas, eu ia sozinho!