O século 21 herdou das últimas décadas do século 20 a vitória do chamado “pensamento único”, em que o mercado rege às ações de toda a comunidade planetária, a qual a ele está submetida como nunca antes na história.
Utopias de organização social a partir da distribuição igualitária de bens e recursos foram vencidas e não se encontrou até este momento uma terceira via que possibilite embasar ações e conceitos para a construção de uma sociedade livre, democrática, mas também em que todos sejam incluídos e chamados a participar tanto de sua construção, quanto dos benefícios que esta construção possa resultar.
Ter mais do que ser
Nesta sociedade que resultou como consequência do liberalismo econômico e da globalização, o avanço tecnológico sem precedentes aliado à deificação do consumo e sua preconização como fim e objetivo máximo de vida para as massas, o TER é reconhecido pela maioria como mais importante que o SER.
Como resultado da disputa pelo poder de consumo, traduzido pela busca incessante do melhor “padrão de vida”, em detrimento do estilo ou modo de vida, estabeleceu-se de vez a sociedade de consumo, suprimindo-se ou marginalizando-se ideais como os de comunidade ou de sociedade civil organizada.
A escola
Neste contexto, cabe à escola servir de cenário para ações de transformação própria, e do meio em que atua, enquanto transmissora de saberes, valores e atitudes: aliar às práticas, conceitos e teorias apreendidos as experiências vivenciadas no trato com esta realidade desafiadora de novos modelos de organização em contraponto ao pensamento único de deificação do mercado e da sociedade de consumo.
Mais que apresentar conteúdos, cabe à comunidade escolar servir como exemplo de espaço a ser construído pelas novas gerações, de tal forma que o saber aprendido leve a uma ação transformadora da realidade através de estímulos à solidariedade, à busca do bem comum e dos valores humanos essenciais, e o perigo deste modelo para o ecossistema planetário e a própria comunidade humana.
Grupos de convivência
Dadas as transformações tecnológicas e os meios de comunicação em massa levados a uma forma de organização como nunca antes na história, há que se levar em conta dois outros espaços de educação e prática de formação do indivíduo e da sociedade: a nova família e os próprios grupos de convivência, os quais hoje se formam antes ou mesmo distantes da formação tradicional da família e da própria escola.
É claro que a escola tem na formação intelectual e a partir da mesma, conjugada com o convívio social externo ao ambiente familiar, a centralidade na formação do indivíduo em momentos da vida humana em que se forma não só o cidadão, como o próprio ser humano, ao mesmo tempo em que o sujeito aprende a viver em sociedade.
Porém, há que se dar importância aos traços de educação, cultura, ética, moral e costumes já herdados da família ou incorporados a partir do convívio com grupos externos ao ambiente escolar e que vão levar para a escola os traços internalizados pelo indivíduo.
O educador
Aprender a dividir estas diferentes características e ajustá-las no convívio escolar para um modelo aceito como sociedade é um exercício de cidadania que a escola presta ao espaço maior que é a coletividade e que bem construído vai influenciar em outras organizações sociais como o universo profissional, cultural e o próprio Estado.
Para citar um exemplo destes enormes desafios, a escola tradicional ainda se mantém presa a modelos baseados em ditados e escrita, num mundo em que os alunos, independente de idade ou formação já chegam à escola com outras formas de ler e interpretar o mundo, absorvidas das modernas tecnologias de informação e comunicação.
Preparar-se para ser protagonista como educador para a sociedade do bem comum é o desafio que nos cabe diante deste cenário. Nos prepararmos para ser agentes de mudança e transformação DA escola e A PARTIR da escola, e desta, transforma a própria sociedade.
Esta é a principal meta que se coloca para nós no contexto da pós modernidade que se apresenta neste início de milênio. [Webinsider]
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Edivan Fulgencio
Edivan Fulgencio (edifull@yahoo.com) é sócio da IT Sapiens Consultoria, disseminador de melhores práticas em Gestão de TI nas organizações e estudante de Geografia. Twitter @edivanfulgencio.