Com Monique Antunes de Vasconcelos, da Faculdade FECAF de Taboão da Serra, Pedagogia.
O papel da Psicanálise é de grande importância para que o educador possa compreender as estruturas de pensamento e os bastidores da mente da criança, no intuito de decifrar os desejos inconscientes e motivações do comportamento de seus alunos.
Apesar da maior parte do ensino-aprendizagem ter seu foco na dimensão cognitiva e nos processos intelectuais, através da Psicanálise o professor conseguirá elucidar muitas questões que permeiam o processo de aprendizagem infantil.
Ao contrário do que parece, ser criança não é nada fácil e é justamente na escola que ela enfrentará seu primeiro “choque” com a realidade.
É na escola que a criança compreenderá que as satisfações de seus desejos e necessidades serão, muitas das vezes, conflitantes com as regras e normas que regulam nossa conduta em sociedade.
Esse contato com o mundo externo poderá ser motivo de grande desconforto ou até mesmo de traumas, uma vez que aquilo que é socialmente valorizado e aceitável pode estar em incongruência com as pulsões e desejos da criança.
Nesse sentido, compreender a organização das estruturas psíquicas (id, ego e superego) e as fases do desenvolvimento psico-afetivo da criança ajudarão o educador a compreender o universo infantil e suas necessidades intrínsecas e a adaptar suas metodologias, currículo e didática no processo pedagógico.
De acordo com Freud, o comportamento da criança é motivado pela necessidade de satisfazer pulsões básicas que vão se modificando ao longo do tempo. E é papel do educador ajudar a criança a superar cada fase de transição da forma mais amena e suave possível, minimizando assim o sofrimento e futuros traumas.
O educador conseguirá discernir que a dificuldade de aprendizagem de certas crianças pode ter muito mais a ver com o emocional abalado e influências do inconsciente do que o processo cognitivo em si. Neste caso terá a chance de adequar suas práticas pedagógicas às necessidades dos alunos.
Aplicar os conhecimentos da psicanálise no processo pedagógico não prejudicará em nada a ênfase que é e deve ser dada no conteúdo programático e intelectual.
Muito pelo contrário, ela equipará o educador da consciência de sua autoridade afetiva sobre o aluno; o que por sua vez, aumentará sua responsabilidade e também eficácia no aprendizado.
Afinal, a aquisição do conhecimento depende, e muito, da relação professor-aluno.
Quando o professor se esforça para conseguir conectar-se emocionalmente com o aluno e a empatia toma conta da atmosfera “afetiva- afetiva” que o aprendizado será estimulado de forma que a criança se sinta natural e espontaneamente motivada a evoluir e progredir no seu processo de aprendizagem e também no desenvolvimento de um ego saudável.
Ou seja, a contribuição da Psicanálise no que diz respeito à aprendizagem possui caráter incontestável, principalmente no quesito “aprendizagem por identificação”, pois mostra que, quando uma criança “gosta” de um professor e está emocionalmente conectada com ele, tende a aprender muito mais e melhor sobre a matéria ou disciplina em questão.
O bom educador sabe que pelo fato da criança passar bastante tempo com ele em relação aos próprios pais, sua responsabilidade e papel de sondar a mente da criança o munirá de uma “expertise” única no sentido de cativar a criança, tornando o aprendizado atraente.
E também auxiliando a criança a se valer de métodos de defesa do ego construtivo e edificante como a sublimação e a racionalização, harmonizando e ego e orientando o comportamento para a formação de um adulto psiquicamente saudável e bem resolvido diante dos desafios da vida.
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