Um dos assuntos mais comentados de 2018 é a desigualdade de gênero entre homens e mulheres. A desigualdade está em vários setores da nossa sociedade. Mas em Hollywood, onde atores ganham muito mais do que as atrizes, é o maior reflexo deste mal na sociedade.
Antes de entrarmos especificamente na desigualdade de gênero, é preciso entender porque isto acontece. A desigualdade no salário entre homens e mulheres é reflexo da desigualdade entre gêneros.
Apesar de a sociedade já ter feito avanços em relação a isso, dados comprovam que a desigualdade de gênero continua e em todo mundo. Nas empresas, esse fator se mostra mais presente.
No Brasil, essa diferença de salario entre homens e mulheres pode chegar em 62%, de acordo com uma pesquisa feita pela Catho.
Como Hollywood representa este problema
Recentemente, o filme “Todo o Dinheiro do Mundo”, estrelado por Mark Wahlberg e Michelle Williams reacendeu este debate. Por causa da exclusão de Kevin Spacey do filme, algumas cenas precisavam ser regravadas.
Wahlberg renegociou 1,5 milhões de dólares para gravar novamente, enquanto Williams recebeu menos de 1.000 dólares. Ou seja, Michelle ganhou menos do que 1% do que seu colega, sendo que ainda foi nomeada ao Globo de Ouro pela sua performance.
A diferença causou uma grande revolta e incendiou a discussão de desigualdade salarial em Hollywood. E recentemente, Wahlberg anunciou que iria doar todo o cachê das regravações para a causa Time’s Up, uma iniciativa formada por mais de 300 mulheres em Hollywood para combater o assédio e desigualdade entre gêneros.
Este caso representa o que milhares de atrizes passam. Estrelas como Jennifer Lawrence, Meryl Streep e Viola Davis já falaram abertamente sobre a desigualdade salarial na indústria.
Claro, essa não é uma preocupação que atinge apenas Hollywood. Enquanto essa questão lá atinge pessoas já afortunadas, mulheres ao redor do mundo lutam para se sustentar e sustentar suas famílias.
Mas a representação mostra que o problema atinge todas, e a união que elas mostram para resolver este problema é o maior exemplo de como Hollywood pode influenciar o restante do mundo.
Desigualdade de gênero e salarial no Brasil
Apesar do problema ter mais destaque em Hollywood, no Brasil também enfrentamos desigualdade de gênero e salarial nas empresas e nos negócios em geral.
Dados do IBGE mostram como a desigualdade de gênero ainda está presente no nosso país: 12,5% das mulheres no país possuem curso superior, contra 9,9% dos homens.
Cerca de 43% das mulheres são empreendedoras. 38% dos lares são chefiados por mulheres, porém é uma evolução que ainda enfrenta problemas.
Mulheres brasileiras ganham em média 32% a menos que homens, sendo que a diferença pode chegar a 65% para mulheres negras.
Mulheres ocupam apenas 37% dos cargos de chefia nas empresas, e no setor público, esse número diminui para 21,7%. Somente 10% ocupam cargos executivos.
Apesar do problema ainda ser pouco conhecido ou falado, a desigualdade salarial é uma realidade em nosso país.
Os dados acima mostram que mulheres, mesmo sendo mais qualificadas, não são remuneradas como deveriam.
Porque isto acontece?
Você já sabe que as mulheres não recebem a igualdade que merece. Mas porque isto acontece? As mulheres recebem menos porque escolhem empregos que pagam menos?
De acordo com uma pesquisa feita pelo Institute for Women’s Policy Research, a desigualdade tem várias razões.
A entrada tardia das mulheres no mercado de trabalho são um dos fatores que contribuem para o aumento da desigualdade salarial.
Outro fator é mulheres estarem mais presentes em certas profissões, e os homens estarem presentes em outras, como construção civil e desenvolvimento de sistemas.
Mulheres também perdem espaço pelo fato de muitas empresas acreditarem que elas terão menos tempo para se dedicar ao trabalho, já que a educação familiar, em sua maioria, ainda recai sobre a mulher.
Este fator também reforça o pensamento de que a mulher terá menos tempo, já que em caso de gravidez, terá direito a licença-maternidade. Ou seja, filhos é uma das principais razões para a desigualdade de gênero e salarial.
Muitas mulheres também abrem mão da carreira por se verem desvalorizadas, já que muitos não veem com bons olhos empresas sendo comandadas por mulheres.
E por muitas vezes terem que conciliar o trabalho com os cuidados da casa, e o papel de mãe e esposa, muitas mulheres abrem mão da carreira. E quando é o homem que se torna pai, quase nada acontece.
Como as empresas podem mudar este cenário?
Se as mulheres enfrentam desigualdade de gênero nas empresas, é porque as empresas permitem isso. Então, precisamos de soluções para este problema e várias empresas já criaram soluções para corrigir essa situação.
A primeira delas é manter a base salarial igual para todos. Pode parecer óbvio, mas isso é uma política que o Reddit adotou e mostrou resultados. Na prática, significa manter o salário o mesmo, sem negociações.
A empresa adotou esta estratégia ao perceber que mulheres não gostam de negociar seu salário. E quando o fazem, muitas vezes são julgadas por isso. Ao eliminar a negociação, a empresa espera reduzir o desiquilíbrio de salário.
Essa estratégia também pode ser adotada por sua empresa, que ao manter o salário igual para todos, elimina as chances deste problema aparecer.
Além disso, manter o trabalho flexível é uma ótima forma de erradicar a desigualdade salarial. Muitas mulheres necessitam ter maior flexibilidade no horário, e adotar isto para os funcionários irá trazer outros benefícios, como maior satisfação e produtividade.
Outra solução é o uso de dados, como a empresa Workforce Analytics faz. A empresa descobriu que, ao usar analises em tempo real para avaliar os funcionários, consegue ter resultados mais precisos.
Utilizando esta prática, você poderá saber como os funcionários de sua empresa estão se saindo e remunerá-los de acordo com esse desempenho. Com isso, o resultado é garantir que o pagamento seja de acordo com o desempenho e não o gênero.
O que as mulheres podem fazer?
Como dissemos acima, as mulheres de Hollywood se uniram para lutarem contra o problema. Se você é mulher e está no mercado de trabalho, também pode lutar por um futuro melhor para você e para as outras mulheres.
Se você possui seu próprio negócio ou comanda uma empresa, dê oportunidade para outras mulheres. Muitas mulheres competentes não recebem a atenção que merecem e acabam desperdiçadas.
Não abra mão dos seus estudos e incentive outras mulheres a buscarem maior qualificação. Embora possa ser difícil, principalmente para quem tem filhos, faça o possível para continuar estudando e se qualificando.
E sempre que achar justo, renegocie seu salário. Não tenha vergonha de pedir, já que a realidade é que muitas empresas não tomam a iniciativa de conceder aumentos salariais e promovem poucas mulheres.
Maior salário significa mais dinheiro, e dinheiro é poder. Sendo remunerada de forma correta, você terá mais chance de investir na sua educação, sair de situações abusivas e planejar seu futuro.
Faça a diferença no mundo e aposte naquilo que acredita. A desigualdade salarial é uma realidade, mas uma realidade que pode e será mudada.