A maioria dos canais na TV por assinatura é inútil

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A maioria dos canais de TV por assinatura é inútil, assim como no filme The Kid

Há décadas os pacotes de assinatura da TV paga abusam de oferecer canais totalmente inúteis aos assinantes. Até onde eu saiba, nenhuma operadora chegou a oferecer uma planilha de escolha, entupindo a assinatura de canais que o assinante nunca irá ver.

 

No filme The Kid (no Brasil, Duas Vidas), lançado pelo estúdio Disney, o personagem se defronta com a versão dele mesmo com oito anos de idade. E o menino, lá pelas tantas, liga a TV e comenta: “Caramba… 99 canais e não há nada passando!”, no original “Holy smokes… 99 channels and there’s nothing on!”

O filme foi lançado há cerca de 23 anos atrás, e o comentário continua atualizado até hoje!

Eu tenho uma assinatura com a atual Claro-Net HD, e me dei ao trabalho de verificar quantos canais que eu nunca assisto. É assustador! Não importa o nome que a operadora dê ao plano, no caso, “Top HD”, não existe a menor chance de se poder impedir a transmissão de canais inúteis, os quais, infelizmente, são a esmagadora maioria!

A programação que interessa mais, tipo esporte, filmes e séries, vem na forma de pacotes que são pagos por fora. Na prática, significa que o usuário, se quiser ver o que mais interessa, não pode se dar ao luxo de só assinar estes pacotes, ou seja, é obrigado a engolir o resto.

Histórico da TV a cabo

Eu morei no Rio de Janeiro, capital, quase a minha vida toda. A cidade é cercada de montanhas e morros, impedindo a melhor transmissão possível de sinal analógico de TV do ar. Eu mesmo, como adolescente, tinha o hábito de subir no telhado do prédio, para desespero do meu pai, e tentar instalar uma antena que pudesse, pelo menos, se ver alguns canais com o mínimo de fantasmas e sombras.

Por volta de 1990, a operação de TV a cabo começou a funcionar por aqui. E isso acabou com o tormento de quem instalava antenas inutilmente. No início, a operadora NET anunciava que, além da programação isenta de propaganda comercial, a imagem era de qualidade impecável. De lá para cá tudo mudou! E piorou mais ainda com o chamado Pay-per-view, esquema que obriga a compra do conteúdo, independente do pacote assinado.

A NET foi, se não me engano, a primeira multioperadora do país, mas mudou de mãos e de conteúdo diversas vezes. A Claro-TV foi incorporada, passando o serviço a se chamar de “Claro Net HD”, hoje como “Claro TV+”

A TV a cabo é um serviço com largura de banda capaz de transmitir 4K e Dolby Atmos, mas o faz de maneira tímida e sem qualidade até agora. E o pior para as operadoras, é que elas concorrem com os serviços de streaming, bem menos oneroso para o assinante, com melhor conteúdo e com infinita melhor qualidade.

Talvez por causa disso, a Claro passou a oferecer Netflix e outros serviços, mas que só podem ser usados por quem tem assinatura desses serviços. A aplicação, via decodificador, se deve à ausência de recepção de banda larga, mas perde em qualidade de HDR, porque não repassa Dolby Vision, e som multicanal.

Recentemente, eu fui informado que o serviço Globoplay havia sido incorporado à minha assinatura, sem adição de custos. Curioso é que a mídia vem comentando que este serviço fracassou redondamente nos últimos meses, e isso pode até ser verdade. Supostamente ameaçado de extinção, o Globoplay peca por oferecer um excesso de conteúdo da Rede Globo, díspares e desinteressantes por quem procura streaming de vídeo. Além disso, ele sofre com a concorrência pesada dos Apple TV+ e Prime Video da vida, todos exemplares em qualidade oferecida.

Seria bom poder escolher

Apesar de todos os avanços e ofertas, eu creio que não é possível alguém ficar o dia todo na frente da tela da TV. Assinar ou compartilhar telas de diferentes serviços de streaming não vai adiantar nada. Várias pessoas conhecidas desistiram da Claro TV e ficaram no streaming. E mesmo assim, não têm tempo para ver tudo!

A TV aberta, com sinal HDTV, poderia ser uma exceção, mas basta olhar o número de canais obscuros e desinteressantes, para se perceber que não vale mais a pena instalar antena no telhado,

E assim a gente volta à fala do filme The Kid, cuja observação é tão pertinente hoje, quanto era antes do filme ser lançado. Eu sou um que não tive paciência para contar quantos canais da TV por assinatura me são oferecidos, mas a própria Claro indica que são “mais de 250 canais”, no plano que eu contratei. Porém, desses tais 250 ou mais canais, são pouquíssimos os canais que alguém como eu se habitua em assistir!

Quem compete neste tipo de serviço por aqui, empresas como Sky, Vivo, Tim, Oi, etc., também vai penar com a falta de adesão. Porque a maioria da população ativa não tem tempo, ou até interesse, em ficar parado na frente da TV, principalmente com conteúdo de baixo padrão ou dedicados a assuntos específicos, distantes da realidade dos usuários. Se alguém nunca foi pescar, vai querer assistir, por exemplo, o canal Fish TV? Idem para canais de turismo, de história (os documentários costumam ser para lá de chatos), decoração, comida, etc.

Eu me arrisco a dizer que se o assinante tivesse em mãos uma planilha com opções, ele ou ela iria desmarcar esses canais todos, e ficar somente com aqueles que, de fato, lhe interessam.

Mas, se não funciona assim, provando que canais são impostos nos pacotes, a única possível explicação seria o de forçar o lado comercial da operadora, de forma a não perder dinheiro. Ultimamente, se fala que muitos desses canais estão pulando fora. Quem dera que fosse uma saída em massa, porque só assim diminui a poluição de transmissão e melhoraria a qualidade do sinal contratado. No momento, isso é esperar demais, quem sabe um dia… [Webinsider]

. . .

Michel Lent, em 2016:

Se cancelar a TV por assinatura ninguém vai notar

 

 

Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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3 respostas

  1. Sou suspeito porque já aboli tv por assinatura, discos blu-ray, cds… E me limito aos streamings apenas. Mas realmente, hoje, com a concorrência, já deveria existir outro formato de tv a cabo, onde você monta seu próprio pacote. Seria uma forma de reter assinantes, tbm.

  2. Pois é Paulo estamos assistindo a uma reviravolta no formato de tv por assinatura. A predominância agora é o streaming, e os pacote oferecidos são planos agregados que somando ao plano básico, só nos oferecem tranqueiras. Sou um E.T. do outro mundo que ainda iria preferir frequentar uma vídeo locadora (Blockbuster), para poder escolher os mais diversos lançamentos, que hoje em dia demoram uma eternidade para chegar aos canais individuais nos tais pacotes de streaming. O fim das locadoras e das mídias físicas foi o maior prêmio que os estúdios de cinema conquistaram. Agora o sistema funciona somente nas condições e no formato que é interessante para “eles” (que é o streaming), e a nós só resta assistir o que eles deixam ou “escolhem por nós”

    1. Oi, Rogério, eu sei que sou dinossáurico, mas eu mantenho e procuro atualizar a minha filmoteca em disco, exatamente pela chance de ver ou rever filmes do meu interesse. Em streaming eu venho notando muita coisa surrada, que já passou na TV a cabo anos atrás, o que é de se admirar frente à multidão de opções que eles têm. Agora, fracasso de mídia é só aqui, lamentavelmente, lá fora as ofertas para os colecionadores continuam.

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