Durante quase 20 anos você se preparou para entrar no mercado de trabalho.

Na escola, além de se formar como indivíduo e aprender a conviver em sociedade, você recebeu conteúdos de conhecimento geral, na sua maioria, orientados para uma prova ao final do ensino médio que te levariam para uma continuidade no ensino superior, que te preparariam para uma profissão mas, sobre tudo, para conseguir um emprego.

Empregado, você seguiria crescendo na sua carreira, evoluindo na sua empresa, até a hora da sua aposentadoria.

Aposentado, você viveria alguns anos aproveitando a sua “velhice”, até a sua morte.

Se você tem 35 anos, ou mais, e teve o privilégio do acesso à educação formal, esse é o script que você recebeu e tentou, ou ainda tenta seguir à risca.

Acontece que:

1. Você teve dificuldade de conseguir o primeiro emprego.

2. O que você recebe ou recebia nesse emprego, pode até ter te permitido pagar as contas, mas nunca te possibilitou construir uma reserva financeira.

3. O plano de carreira não seguiu o script e você foi mandado embora antes da hora, teve dificuldade de se recolocar, ou não conseguiu seguir crescendo na empresa.

4. Aqueles que conseguiram ficar por um longo período, se deram conta, entre seus 40 e 50 anos de vida, que não tinham mais espaço na empresa nem no mercado.

5. E por último, os poucos que conseguiram seguir o script certinho e chegaram na aposentadoria, se deram conta que vão viver muito mais do que antes e, depois dos 65 ainda terão 20, 30 ou, quem sabe, mais anos de vida pela frente e que “ficar aposentado” não é mais o plano. Seja pela questão financeira, ou de saúde mental.

Há uma dissonância enorme entre o script que continua sendo ensinado nas escolas, o desenho do mercado de trabalho formal e a realidade da nossa sociedade.

A realidade da nossa sociedade é que estamos vivendo muito mais. Que o mundo está passando por profundas mudanças, cada vez mais velozes. E que a fórmula ensinada e aprendida pela grande maioria das pessoas, não está mais em ressonância com as nossas vidas.

Pensar a vida pós 50 agora, não é mais sobre se aposentar e morrer. É sobre como seguir forte e vigoroso, cuidando da saúde mental, física e financeira, e poder aproveitar bons 20, 30, quem sabe, mais anos de uma vida que pode ser boa. Muito boa.

Pensar a vida pós 50 agora, não é mais entender como a “terceira idade”. Estamos falando do Segundo Ato. Da segunda metade das nossas vidas.

Esqueça o script que você aprendeu.

Etarismo

Você não está fora do mercado de trabalho formal, por etarismo. Sim, etarismo é sim uma realidade. Mas a principal razão está mais ligada ao fato de que, ao longo de 30 anos, ou você foi sendo promovido e ficando sem espaço nas estruturas (toda empresa é uma pirâmide), ou ficou estagnado numa função e encarecendo com o tempo (aumentos, dissídios) e fazendo pra empresa mais sentido, te trocar por alguém com menos tempo de casa e, portanto, mais barato. E mais jovem.

Na escola você aprendeu tabela periódica e trigonometria mas, certamente, não teve aulas de princípios básicos de economia doméstica, empreendedorismo. Talvez, nem na faculdade você tenha aprendido alguma coisa sobre empreender. Sobre se formar como um profissional liberal. Em momento algum, você foi estimulado a pensar ou se preparar para viver 100 anos.

Pois bem. Essa hora chegou. Salvo uma doença não tratável, ou um acidente, nossas chances de passar dos 90 e, quem sabe, chegar aos 100, aumentaram muito.

É o segundo ato da nossas vidas, para o qual, praticamente nada do que a gente aprendeu antes, serve.

Por outro lado, nunca tivemos tanto acesso à informação, tantas ferramentas e tantas oportunidades de criar coisas novas, novos negócios, termos as rédeas da nossa vida profissional. Nunca tivemos tanto acesso à mais e melhores formas de cuidar do corpo, da cabeça.

Seguramente, novas ‘escolas’ estão surgindo espalhadas pelo mundo, pra nos ajudar a fazermos a transição para esse novo ‘script’ e entrarmos o mais preparados possível nesse segundo ato. Mas não dependa disso pra se mexer.

Mexa-se sozinho. Procure pessoas, coletivos. Grupos que estejam trabalhando esses temas, tão amplos, tão gerais e tão urgentes. Mas mexa-se.

Não espere, como você e eu provavelmente aprendemos, que alguém venha te salvar. Uma empresa, um governo, uma oportunidade, um “milagre”. Alguém que te “tire” dessa situação. O mundo não está preparado para isso.

A sociedade não está pronta e organizada para esta vida em “dois atos”. Mas ela já é uma realidade para a grande maioria das pessoas. E, enquanto a sociedade não se prepara melhor para nos ajudar com isso, a iniciativa vai precisar ser de cada um.

A solução começa por você e hoje. Agora. [Webinsider]