Hoje, parece um mantra. Chego em qualquer lugar e logo alguém cantarola: “Não agüento mais tanto e–mail!”. Meu cunhado em pleno churrasco no Domingão desabafou: “Já ando pedindo para o pessoal que tem algo urgente para despachar, enviar por papel, que não estou agüentando mais!”.
É fato: a credibilidade do correio eletrônico está indo para o buraco de ozônio digital. As mensagens com anúncio são extremamente baratas, comparadas ao envio pelo correio tradicional de um folder, por exemplo, e se proliferam.
Montou–se uma verdadeira indústria de fundo de quintal e tem muita gente ganhando dinheiro com a perturbação alheia. Espera–se assim que o legislativo nacional tome alguma atitude, como já vem ocorrendo em diversas partes do mundo.
E para que tenhamos leis eficientes precisamos entender essa verdadeira máfia digital e seus personagens. Começamos com o “traficante” de endereços. São pessoas e empresas que ganham dinheiro armazenando e vendendo nossa intimidade para o mercado.
Vejam o caso desta firma, que tem inclusive site:
www.digitalmail.com.br
Quem deu o direito a esses senhores de comercializar meu endereço eletrônico para outros? Pior: eles anunciam para suas próprias vítimas. Mandaram uma mensagem para minha caixa postal no dia 25 de maio, às 3:19 da manhã. Oferecem 25 milhões de endereços digitais (notem bem 25 milhões!!!!) a R$ 35,00. São, na verdade, os principais responsáveis pela onda de mensagens indesejadas.
Eles devem ser o principal alvo da lei.
Temos também os compradores dessas malas diretas, que se dividem em dois blocos. O maldoso – aquele que utiliza todo tipo de artifício para entrar na sua caixa postal com táticas mentirosas, tais como fraudar o assunto das mensagens: colocam um subject, como se fosse uma resposta, o seu nome ou de um amigo.
Exemplo: Re:Agenda (apesar de nunca ter trocado mensagens com ele).
Deveriam ter uma punição menos severa do que a imposta ao traficante, mas mais firme daqueles que estão no último lugar da fila – os sonsinhos.
O sonsinho anuncia seus produtos de forma clara, como se aquela propaganda fosse legítima. Falam até de leis que justificam sua ação. Assemelha–se ao dono de um cachorro que deixa o cocô do seu animal no meio da rua. “Ué, existe alguma lei que me impeça?”.
Um exemplo? É o caso da J&C Consultoria, de São Paulo, que anuncia planos de seguro e manda propagandas não–autorizadas para não sei quantos.
Por fim, temos ainda os provedores de acesso que são coniventes com os envios múltiplos e esporádicos de alguns clientes spammers.
As punições devem prever perda de domínio, fechamento da empresa, pagamento de multa, prestação de serviço à comunidade, além de cadeia, conforme o grau ou reincidência.
Se continuar a crescer na proporção que vemos, corremos o sério risco de ver nossos programas de correio eletrônico ficarem completamente impotentes.
Ou seja, a indústria do pênis pequeno – aquela que manda diariamente receitas para aumentar o bilau de todo mundo – precisa ser legalmente enquadrada e – ela sim – começar a diminuir de tamanho. [Webinsider]
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