Aprendizagem: porque as máquinas somos nós!

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Estamos atravessando uma era de Humanismo, exatamente dessa forma, com H maiúsculo, para designar o retorno em estilo avançado aos últimos séculos medievais na história da humanidade, durante os quais o conhecimento e a cultura circulavam com mais liberdade e o homem passava a perceber a si próprio.

Isso porque hoje os conceitos que mais aparecem em evidência no mundo corporativo são aqueles que giram em torno de temas “humanos”, como a própria Gestão do Conhecimento, o Capital Intelectual, o Coaching, o Desenvolvimento Organizacional, a Educação Corporativa, o Mentoring, a Gestão da Mudança, entre outros.

Um desses temas, a Aprendizagem Organizacional, ou Learning Organization, trata da capacidade de uma empresa se reinventar no atual cenário de incertezas quanto ao futuro e de mudanças na realidade, criando condições de se perpetuar no mercado a partir de vantagens que só a mesma possa ter, de acordo com seus recursos humanos disponíveis, as pessoas. Isto é, juntando pessoas e grupos de trabalho – e por que não, de aprendizagem – em busca de criatividade, inteligência e conhecimento que possa alavancar o negócio de uma organização.

Apesar de ter sido popularizada nos anos 90 por Peter Senge em seu livro A Quinta Disciplina, a Aprendizagem Organizacional é uma filosofia bastante antiga, circa anos 30, com Kurt Lewin e, posteriormente, Chris Argyris, nos anos 50. Entretanto, podemos ir ainda mais longe no tempo e relacionar o conceito de AO com o que o professor L.S. Vygotsky, nos anos 20, pesquisou na educação de crianças.

A diferença aqui é que o espaço físico não é a organização, mas a escola. A abordagem, porém, não muda, se adapta, e esse professor russo já falava em dois níveis de desenvolvimento, um real e outro potencial, sendo este último a capacidade de aprender a partir do contato com outro indivíduo, assim como a possibilidade de adquirir informações, habilidades, atitudes e valores em interação constante com outras pessoas. (Entende agora por que as empresas falam tanto de relacionamento interpessoal nos processos de seleção?)

Essa digressão é para mostrar que, em relação à aprendizagem, os indivíduos serão diferentes devido a sua personalidade e experiências ao longo da vida, mas a forma como a mesma se dá, inclusive no campo profissional, cria raízes, em cada um, lá no início, na infância.

Portanto, voltando a Senge, o autor que popularizou esse conceito, para que se chegue a uma Learning Organization, as pessoas em uma empresa necessitam de cinco disciplinas de Aprendizagem Organizacional, a saber: Domínio Pessoal, Modelos Mentais, Pensamento Sistêmico, Visão Compartilhada e Aprendizado em Equipe. Essas habilidades, quando conjugadas, exercem um papel definitivo na forma de atuação das empresas, que poderão chegar, segundo o autor, à inovação e a formas mais conscientes de se adaptar ao ambiente externo.

Todavia, é fundamental que a aprendizagem seja permanente, pois as pessoas têm uma grande capacidade natural em aprender cada vez mais, ainda que seja preciso que isso seja despertado e se torne uma curiosidade que a impulsione com determinação àquilo que elas querem aprender ou, ao menos, ao que seja necessário a sua área de competência. Um dos pontos principais nesse processo é lembrar que cada um nasce com um determinado “dom”, mas todos podem ter proficiência através da prática.

Com esse pensamento, dentro da aprendizagem, mas rumo a mais uma digressão, convém perceber o que o economista Adam Smith, em seu livro A Riqueza das Nações, informou ao tratar da relação entre a divisão do trabalho e o aumento da produção.

De acordo com o autor, a primeira causa para o aumento da produção era “o aumento de destreza de cada um dos trabalhadores”, pois aqueles que durante toda a vida (ou, aceitemos, boa parte dela) fizeram as mesmas tarefas, aprenderam mais sobre essas e se tornaram mais rápidos no seu desenvolvimento. Smith ainda afirmou que a divisão do trabalho é limitada tão–somente pela dimensão do mercado ou pela abrangência da capacidade de troca, o que pode ser análogo às organizações de aprendizagem modernas.

De volta ao nosso momento, caberia dizer, com certa frieza e ausência de maior análise ou aprofundamento teórico qualquer, que as máquinas somos nós, sem dúvida! Máquinas humanas, de aprendizado, cujos valores e potencialidades influenciaram até mesmo a “linha de produção” de Smith e as “organizações que aprendem” de Senge.

Não apenas na vida pessoal, mas também na vida organizacional, aprender é a palavra–chave para o desenvolvimento que, de individual e particular, torna–se comum e geral e faz a grande diferença no mundo, hoje.

Talvez mais tarde, para que possamos ser bem sucedidos levando junto as organizações em que nos situamos, pode ser um grande diferencial ter o domínio dessa competência, a capacidade de aprender, a fim de que possamos nos preparar para os novos tempos pois, conforme certa vez afirmou um dos expoentes europeus do planejamento estratégico, Arie de Geus, ex–vice presidente de planejamento da Royal Dutch/Shell, a habilidade de aprender mais depressa do que os concorrentes pode ser a única vantagem competitiva nos dias atuais.[Webinsider]

.

Avatar de Alexandre Bobeda

Alexandre Bobeda (@dezbloqueio) é redator, professor, designer instrucional, autor publicado. Criou o dezbloqueio conteúdo & ideias.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *