Lá no começo, pelos “idos” de 1996, a gente dizia que os sites pertenciam a alguma “geração”. Havia então os sites de primeira “geração” e as empresas que já estavam colocando no ar a segunda geração de sites corporativos.
A distinção entre as gerações então era bastante clara: sites de primeira geração eram basicamente a marca da empresa, com um ou dois links e, geralmente, construídos pela turma de TI (então chamada informática) da própria empresa. Os de segunda geração, já eram bem mais evoluídos, com diversos links, alguns serviços e normalmente construídos por uma empresa “especializada”.
Passados quase oito anos, olhando para o mercado, vemos que não se usa mais falar das gerações dos sites, até porque boa parte deles já foram refeitos tantas vezes que até perdemos a conta. Mas vemos que a questão evolutiva ainda existe e que todo site, ou empresa, no final das contas acaba passando por uma “via crucis” para chegar a um nível de desenvolvimento satisfatório. Isso não poderia ser evitado?
A “peregrinação” de todo cliente ou empresa infelizmente acaba seguindo passos parecidos indo ao encontro de um projeto adequado para sua necessidade, em termos de adequação, execução e preço.
A idéia desse artigo é tentar descrever essa “via” para, quem sabe, mostrar o atalho para o final dela, pulando várias etapas, ganhando tempo e dinheiro.
Passo 1: internet é computador, website é TI
A empresa percebeu que precisa fazer um website e agora precisa descobrir quem é que faz isso. Como o website está na internet e a internet vem pelo computador, a conclusão lógica é a de que se trata de um projeto de informática. Logo, a indicada para fazer o site é a turma do departamento de TI.
Muitas vezes, a própria equipe de TI recomenda ao pessoal da empresa que deve se contratar gente especializada, mas normalmente o projeto acaba sendo feito internamente por incompreensão do problema, ou simplesmente por uma questão de economia.
O projeto vai para o ar, o cliente começa a receber comentários de terceiros e em algum momento (às vezes depois de anos) percebe que seu site não está assim “bem acabado” e se vê forçado a procurar outra alternativa.
Passo 2: o sobrinho webdesigner
O site não pode ser refeito internamente pela equipe de TI, então a solução é buscar alguém de fora que faça isso. O cliente sai perguntando por aí e pede também que sua equipe de TI vá para o mercado à procura de orçamentos. Os projetos chegam e o preço assusta. O sobrinho de alguém da empresa “também faz isso” e melhor: de graça.
O projeto vai para o ar. Algum tempo depois (mais rápido que o primeiro projeto), os comentários começam a chegar. O site vai precisar ser refeito novamente.
Passo 3: a produtora baratinha
Mais uma vez a turma da TI, e agora alguém do marketing, saem à cata de uma empresa que possa finalmente desenvolver o site de forma correta.
Procuram referências em empresas legais, olham projetos bem desenvolvidos, mandam RFPs e chegam com uma lista de empresas e orçamentos para o novo projeto.
O comitê compara as propostas e pula direto para a página que interessa: o orçamento. Os valores são bastante discrepantes. Tem produtora cobrando quase cinco vezes menos (ou mais) que a outra. A mais barata é a escolhida, apesar da recomendação do povo do marketing e do TI para que outras não tão baratas (mas com melhor trabalho) fossem escolhidas.
O projeto vai em frente, alguns problemas aqui e a li, mas finalmente vai para o ar. Passado mais algum tempo, novos feedbacks de mercado e a mesma conclusão: o projeto continua ruim e ainda não atende ao que a empresa precisa. Mas agora a triste conclusão: já gastamos demais com isso não vamos gastar mais.
Site na “gaveta”. O projeto vai ficar como está, não importa se bom ou ruim.
Passam-se alguns meses, talvez até alguns anos e a água começa a bater na porta da empresa novamente. A concorrência se armou: está usando o meio online de forma adequada, não dá mais para ficar para trás, estamos perdendo terreno e dinheiro. É importante mexer no site mais uma vez e que, finalmente, atenda agora às necessidades da empresa.
Passo 4: a produtora sob medida
Novamente vai-se ao mercado à procura de uma produtora que possa desenvolver com competência (o preço não é mais o determinante) o projeto de internet da empresa.
E dessa vez, a lógica de consumo de qualquer produto do mercado também vale aqui: deve–se ir atrás da melhor relação custo benefício, daquela produtora que apresente todas as características que se precisa, sem ser obrigatoriamente o ‘topo’ da categoria.
Chegam novamente as propostas, mas desta vez a análise é diferente: olha-se o que cada uma está apresentando, o que pensa, o que já fez, o que pretende fazer. Depois disso, chega-se ao orçamento propriamente dito. Os muito baratos são descartados, os médios e mais caros, analisados com cautela. Aquele que é caro demais e que não apresenta boas idéias cai fora também.
Vamos finalmente, depois de anos, para o desenvolvimento do projeto ideal, com uma produtora ideal.
O site vai para o ar e a recepção é boa. Muito boa. Ajustes são notados e precisarão ser feitos, mas tudo dentro do processo natural de maturação de um projeto de internet, depois que entra no ar. E a empresa finalmente conseguiu o que precisava.
Somando o custo dos três primeiros projetos, eventualmente daria praticamente o que foi gasto na 4ª “geração”. Tivéssemos pulado três etapas, o site sairia pela metade do preço, em 1/4 do tempo.
Não é questão de invocar o velho ditado do “barato sai caro” simplesmente. É questão de dizer que a “via crucis” do website pode ser tranqüilamente ser evitada. Basta apelar para o senso comum na hora que compramos qualquer produto e procurar quem entende, na hora que precisar.
Simples, não? [Webinsider]
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Michel Lent Schwartzman
Michel Lent Schwartzman (michel@lent.com.br) é um empreendedor serial e especialista em marcas e negócios digitais, com sólida experiência em acompanhar carreiras e aconselhar empresas. Pioneiro na indústria digital, é formado em Desenho Industrial pela PUC-Rio e mestre pela New York University. Ao longo de quase 30 anos, fundou e dirigiu agências e atuou como CMO em grandes fintechs, além de prestar consultoria para diversas empresas globais