Sobre a SBC – Síndrome do Briefing Capenga

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

No artigo anterior ( A importância do briefing em sites de empresa, veja ao lado), abordamos a importância do briefing na gestão de conteúdo de um site corporativo. Para os que acharam o texto óbvio demais, aqui vai uma resposta direta: é mesmo! Mas, se a criticidade das especificações está tão na cara, por que essa é uma das etapas mais sofridas de um projeto web?

Podemos dividir em quatro as principais causas da Síndrome do Briefing Capenga (SBC):

Causa nº 1: pensar dá trabalho

Essa é uma verdade universal desde os trabalhos de grupo no colégio: se alguém pode pensar por você, para que o esforço? Na fase adulta, muita gente só aprende a mascarar melhor a preguiça de pôr a cabeça para funcionar. E o corre–corre nas empresas também disfarça essa triste falta de disposição para pensar e planejar.

Causa nº 2: transferência do problema

A preguiça é o menor dos males corporativos. Quem nunca conheceu um daqueles repassadores de tarefas, que vivem jogando bomba no colo dos outros? Não estamos falando de saber delegar – o que é muito saudável – mas da transferência maldosa e inconseqüente de problemas. O editor, por depender da colaboração de muitos clientes internos, precisa ficar de olho nesses malandros.

Causa nº 3: crença no passe de mágica

Por comodismo ou falta de informação, muitos acreditam que o editor é uma espécie de Harry Potter do conteúdo. Quem dera, mas não tem alquimia que resolva: sem briefing, não há matéria–prima para o trabalho. A ilusão de que as informações vão se materializar milagrosamente só pode ser combatida com esclarecimento.

Causa nº 4: falta de orientação

Por falar em esclarecimento, quem disse que a culpa é sempre do cliente interno? Um gestor de conteúdo precisa assumir o papel de orientador, facilitador e até crítico. Cabe a ele não apenas coordenar a produção de conteúdo, mas ser um tradutor entre duas Torres de Babel – a empresa e o mercado. Esse é o grande desafio, que torna a função de editor ainda mais fascinante.

Uma vez entendida a origem da SBC, vamos analisar seus principais sintomas. Curiosamente, os indivíduos contaminados não são afetados em termos físicos (exceto quando desaparecem, não retornando e–mails e telefonemas). O maior risco está nas alterações de comportamento, que costumam se manifestar por declarações como estas:

“Vai fazendo, depois te mando mais informações”: afetada pela enfermidade, a vítima não percebe o absurdo do pedido. Ela acredita que o editor pode desenvolver o conteúdo de um produto, por exemplo, sem saber exatamente o que esse produto faz, como ele é utilizado, a que público se destina, entre outros fundamentos do marketing.

“Não foi bem isso que eu pedi”: confundir memórias recentes é um sintoma comum da SBC. Assim, seu portador pode se esquecer de que não forneceu um briefing completo ao editor, e até mesmo imaginar instruções verbais que nunca deu. Esses lapsos de memória costumam produzir sentimentos de insatisfação e agressividade na validação de um trabalho.

“Por que ainda não está pronto?”: a percepção de tempo tende a ser afetada em vítimas da SBC. Para ilustrar esse sintoma, suponhamos que um gerente comercial tenha solicitado, no dia 5, um hotsite para uma promoção que se iniciará no dia 30. Na reunião de briefing, ele prometeu enviar os detalhes no dia seguinte. Porém, isso só aconteceu no dia 25. Para surpresa de todos, o gerente cobra a entrega logo em seguida, indignado pela demora na produção. Não é preciso ser médico para dar o diagnóstico.

Se você ouvir frases como essas, desconfie. Mas a Síndrome do Briefing Capenga também pode ser detectada em outras situações:

Pseudo–briefing: ao receber um e–mail do cliente interno com o assunto “Briefing”, não comemore ainda. Há quem repasse apenas informações fragmentadas ou um PPT superficial (geralmente, criado com outra finalidade). Clientes internos fazem isso por distração, negligência ou má–fé, e o editor deve ficar atento para fazer seus questionamentos rapidamente. Caso contrário, o pseudo–briefing será usado contra ele mais adiante.

Ponto focal desautorizado: o responsável pelas especificações e validação, na área cliente, precisa ser um representante legítimo, capaz de tomar decisões e assumi–las. Se ele for desautorizado ou substituído no meio do caminho, o projeto pode entrar em pane.

Ressalvas tardias: lembra daquelas áreas de validação, abordadas no artigo anterior? Se departamentos como o Jurídico ou Regulatório forem consultados tarde demais, o trabalho poderá voltar à estaca zero. Especialmente em campanhas promocionais, esse é um componente crítico do briefing.

Você deve estar pensando em todas as pessoas contaminadas na sua empresa, e a maioria nem sabe que está doente. A boa notícia é que a Síndrome do Briefing Capenga tem tratamento. Aguarde o próximo artigo! [Webinsider]

.

Avatar de Daniel Aisenberg

Daniel Aisenberg (daniel@palavrachave.info) é jornalista, pós-graduado em Marketing e professor.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *