É um fato do mundo moderno: o e–learning vem crescendo a cada ano, movimentando mais de R$ 80 milhões no Brasil, entre empresas dos mais variados portes e segmentos, ao passo que, no mundo, a previsão de crescimento é de que sejam alcançados R$ 23 bilhões em 2006, de acordo com o IDC, uma empresa que analisa o mercado de tecnologia.

Dentro desse contexto, uma tendência recente adotada pelas organizações brasileiras foi a criação de universidades corporativas, cujo avanço fez chegar via web, através de sofisticados LMS (Learning Management System), verdadeiras unidades educacionais inteiramente digitais.

Como um campus virtual, com suas diferentes unidades e cursos que abrangem temas relacionados ao core business das próprias companhias. A grande questão é que, como todas as idéias recentes adotadas no mundo corporativo, existem detalhes que precisam ser desdobrados a fim de que o resultado seja verdadeiramente eficaz, já que um plano de educação corporativa cuida do aprendizado de pessoas.

Temos, pois, uma grande vantagem, é bem verdade: uma universidade corporativa online, pela internet, é muito mais que um grande projeto de e–learning – é um conceito de treinamento atual que começa a se disseminar em mais de 100 empresas brasileiras, segundo dados recentes de especialistas do mercado.

Seu objetivo, da mesma forma que projetos idênticos em formato presencial, é promover o aprendizado contínuo dos participantes a fim de que estes possam aplicar seus conhecimentos em seu dia–a–dia na companhia em que se encontram.

Assim, em uma UC pela web (internet e intranet), a empresa poderá ter seus cursos personalizados, planejados de acordo com sua área de atuação e com as competências necessárias a seus colaboradores, a fim de desenvolver uma vantagem competitiva em relação aos demais competidores. É uma “entrega de conhecimento” no tempo certo às pessoas certas, distante apenas a alguns cliques do mouse.

Além de reduzir os custos de um treinamento, gerar economia de escala e ganhos de tempo em relação aos cursos presenciais, uma universidade corporativa via e–learning facilita a criação de uma comunidade virtual de aprendizagem, o compartilhamento do conhecimento e a auto–aprendizagem, elementos essenciais a cada profissional em um mundo globalizado e altamente competitivo.

Além disso, a vantagem principal é que uma UC não é simplesmente treinar, mas acima de tudo, educar pessoas, prepará–las não somente para a vida profissional, mas também pessoal. Constitui–se, portanto, em um processo de desenvolvimento cujos resultados poderão ser alcançados, geralmente, em médio prazo. Pelo exposto e pela realidade de mercado que temos, na qual grandes grupos empresariais têm enorme demanda de treinamento espalhada em um país com proporções geográficas imensas como o Brasil, o treinamento à distância, já há algum tempo, começa a ser percebido como uma alternativa viável e segura de qualificar e educar pessoas, já que um curso pode ser concluído no momento em que o conhecimento torna–se necessário.

No entanto, precisamos estar atentos às implicações que, embora não sejam ao certo uma desvantagem, precisam de alguma atenção e critérios: boa parte das UCs por e–learning implementadas em diversas empresas brasileiras está estruturada em torno dos requisitos e limites dos LMS oferecidos pelas empresas de tecnologia.

Não restam dúvidas – e é bastante óbvio – que cada vez mais projetos em e–learning nas empresas exijam mais e melhores tecnologias, como os próprios ambientes de educação pela web. Trata–se, de fato, da “sala de aula virtual” onde acontecem os cursos e treinamentos na internet, com todos os méritos que uma criação do gênero poderia merecer, apesar de não ser a mais bem acabada das soluções. No momento, é possivelmente a mais acessível a muitos alunos e educadores. Acima de tudo, o projeto educacional deve ser priorizado, bem como seus usuários e participantes, para que os caminhos de um e–learning não sejam guiados tão–somente pela tecnologia aplicada.

Mas, antes de definir qual o LMS para seus programas educacionais, é preciso que uma organização defina quais as suas reais necessidades em educação à distância, além do alcance de seu programa e do planejamento pedagógico, de forma que o investimento a ser realizado seja aproveitado de forma mais otimizada e consciente – nem mais, nem menos. Ou seja, o foco de todo e qualquer aprendizado são os próprios alunos participantes, sendo os professores/tutores alguns dos principais elementos desse processo.

Logo, é extremamente recomendável que se pense em educação corporativa baseada em e–learning – e por conseguinte, em Universidade Corporativa – como um caminho de desenvolvimento do conhecimento necessário à organização, em sintonia com as nuances, mudanças e facilidades da era da informação.

É indiscutível que um campus virtual atualmente precise de um LMS, mas como estamos tratando de pessoas e sendo nelas que deve estar baseado o aprendizado, é no mínimo conflituosa a noção de que a educação deve ser pura e simplesmente “administrada”.

Avançando um pouco mais, tentando visualizar novos caminhos, pode ser que a EAD pela internet como conhecemos sofra alterações razoáveis – ou não – para que se ajuste à forma de pensar e aprender dos alunos desta e, principalmente, de futuras gerações. Não podemos duvidar…

De acordo com a forma como as pessoas aprendem hoje em dia, em seu trabalho, interagindo com seus pares, tentando e fazendo, da maneira mais informal possível, não se pode mais imaginar o aprendizado (mesmo à distância) em estruturas rígidas e pouco ou nada adaptáveis.

Não se trata, portanto, de ter a melhor e mais moderna ferramenta tecnológica: o importante é que esteja claro que uma universidade corporativa em e–learning existe para que o aprendizado contínuo e permanente seja uma realidade para todos os funcionários, com um plano educacional orientado de fato para as pessoas – os verdadeiros pontos–focais desse sistema. [Webinsider]

Alexandre Bobeda

Alexandre Bobeda (@dezbloqueio) é redator, professor, designer instrucional, autor publicado. Criou o dezbloqueio conteúdo & ideias.