Os novos Mac com chips Intel

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Hoje eu vou deixar o Linux de lado e falar um pouco da Apple.

Terça passada, Steve Jobs mostrou ao mundo dois novos computadores. Mostrou a materialização da promessa de meses atrás (que me custou uma aposta), de que os novos Macs adotariam chips Intel.

ICBMs

A sigla ICBM, nesse contexto, é deliciosamente irresistível. Esses são os Intel–Chip Based Macintoshes. É o único tipo de ICBM que você pode comprar e todo mundo na minha geração sempre quis ter um.

Por um lado, usuários de Mac perdem o direito a se gabar de terem processadores mais modernos que os seus primos–pobres com chips x86. Por outro eles ganham processadores mais rápidos e que consomem menos energia. Pois é – a IBM não ia investir os recursos que precisaria investir para tornar os seus processadores G5 competitivos com os x86s em termos de performance por watt. Ao menos não enquanto está ocupada fazendo o Cell pro PlayStation 2, a XCPU pro XBox 360 e o que quer que seja o nome (Super Mario Chip?) do processador do Revolution.

E nesse meio tempo, a FreeScale (que faz os G4 dos PowerBooks e dos iBooks) está absolutamente desencanada desse mercado e ganhando muito mais dinheiro fazendo processadores para tudo que, embora não seja um computador, seja controlado por um.

A Apple defendeu bem seu ponto. O MacOSX é um sistema Unix e todos os Unixes são, desde quase sempre, feitos para serem portados de uma arquitetura para outra. O mesmo Ubuntu Linux que roda no meu notebook x86 roda, igualzinho, no iMac (com processador PowerPC). O mesmo NetBSD que roda em alguns servidores que zelam por coisas como meu e–mail, roda no meu IBM z–50 (um subnotebook com processador MIPS).

O processador que vai dentro não importa nesse mundo. O que importa é o quanto ele é rápido, quanta energia ele consome e o quanto ele esquenta.

A transição

A transição dos iMacs foi perfeita. Ninguém está falando muito sobre ela exatamente por isso. Ninguém liga pra o que vai dentro, eles continuam iMacs. Continuam bonitos, continuam iguais, continuam Macintoshes.

Você ainda pode comprar um iMac com processador G5 no site da Apple, se você quiser muito. Cada iMac G5 tem um ”irmão gêmeo” Intel, pelo mesmo preço do G5 e com entrega imediata.

Não existe nenhuma confusão, nenhum questionamento.

Nenhuma explicação. Ninguém fez nenhuma pergunta. Ninguém detestou nada.

O contraste

Contrastemos isso com os portáteis (que respondem por uma parte grande das vendas da Apple).

O nome MacBook Pro é horroroso. Isso é um consenso entre os fãs. Podiam chamá–lo de PowerBook (os portáteis profissas da Apple têm esse nome desde quase sempre, desde antes do PowerPC se chamar PowerPC, uma época esquecida em que os Macintoshes usavam processadores Motorola da família 68K). Podiam chamá–lo de PowerBook Duo (embora tenham existido dois com esse nome antes).

Podiam até chamá–lo de Macintosh Portable – foi um fracasso retumbante de público e crítica quando lançado, mas quase nenhum dos usuários de Mac de hoje em dia era nascido naquela época.

“MacBook Pro”, ao contrário, é quadrado. É difícil de falar para anglófonos – tropeça na língua. Para lusófonos, ele é impossível, quebrado no meio, não sai de uma vez. Poderia ser o nome de um livro de receitas de hamburguer. E ainda tem um “Pro” sobrando no final (e não existe um MacBook Amateur – todos os dois são Pro). A tela é maior que o PowerBook de 15″ (15,4″ contra 15,2″), mas tem alguns pixels a menos.

Não bastasse o nome, no site da Apple existem hoje três linhas de notebooks com nomes e características diferentes. Uma profissional (os PowerBooks), uma doméstica (os iBooks) e uma “sobrando” (o MacBookPro). Sobrando porque o único modelo dela tem o mesmo preço do modelo “do meio” da linha profissional e, segundo a Apple, é quatro vezes mais rápida que eles. Ao contrário da linhas iBook e PowerBook, que tem, respectivamente dois e três modelos diferenciados principalmente pelo tamanho, essa linha nova sinaliza a chegada uma maldição típica do mundo Intel: são dois modelos externamente idênticos, um sutilmente mais rápido que o outro. Você sabe a diferença entre um HP nx6110 e um HP nx6120? Bom pra você.

Em suma, é confuso.

O futuro

Ainda assim, o x86 é o futuro dos Macs.

Isso está claro. Os PowerBooks G4 e iMacs G5 continuam existindo, mas não sei por quanto tempo. Modelos do MacBook com tela de 17″ devem aparecer – é importante ter um símbolo de status na linha – iBooks, Minis, PowerMacs e a família XServe serão transformados em máquinas Intel ao longo do ano. Continuarão todos bonitos, continuarão Macintoshes (embora, pode ser, os nomes se tornem impronunciáveis).

Eu achei que me animaria a comprar um iBook com processador x86. Achei que veria uma máquina mais rápida e com uma bateria mais generosa. Eu ia criar vergonha, finalmente, e comprar um Mac moderno. A menos que a Apple providencie logo um iBook que seja competitivo em preço com os micros da Dell, da HP e da Acer, meu próximo Apple vai acabar sendo ou um iPod ou um iPhone (e a conversa sobre esse aparentemente inevitável último precisa ficar pra outro dia).

A propósito, quando é a próxima MacWorld?! [Webinsider]


Ricardo Bánffy (ricardo@dieblinkenlights.com) é engenheiro, desenvolvedor, palestrante e consultor.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

Uma resposta

  1. Realmente, pouca gente comentou sobre a mudança dos chips dos computadores da Apple. Acho que muita gente não reclamou porque a maioria ja previa/queria esta mudança, então a mesma aconteceu naturalmente.

    Agora eu só estou esperando a Apple lançar oficialmente o Leopard para os pcs x86, se é que um dia ela irá fazer isto.

    []s

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *