Benjamin Franklin e a liberdade de imprensa

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Michael Douglas interpretou Franklin

A nova mini série da Apple “Franklin”, mostra as iniciativas de Benjamin Franklin para conseguir ajuda militar e financeira para liberar a América do jugo inglês. Franklin foi considerado o pai da eletricidade, mas trabalhou com a impressora para depois publicar suas ideias.

 

Pode ter sido mera coincidência, mas o streaming da Apple está exibindo a mini série Franklin, com Michael Douglas personificando Benjamin Franklin aos 70 anos de idade, indo à França, para procurar ajudar militar e financeira para o movimento de independência norte-americano. Eu digo coincidência, porque neste momento no Brasil estamos vendo uma disputa entre congresso e legislativo, com consequências imprevisíveis. O foco desta disputa é a liberdade de expressão e da imprensa, já tendo havido perseguição intimidatória a jornalistas e blogueiros.

Benjamin Franklin foi um homem versátil: tinha raciocínio científico, acreditava na liberdade de expressão, foi creditado como “pai da eletricidade”, e um monte de outros méritos. Trabalhou com uma prensa de papéis, a impressora da época, e com ela divulgou os seus discursos pró independência dos Estados Unidos.

O seriado ainda não acabou, mas parece que ficará restrito a esta passagem do personagem pela França. Na época, espiões britânicos o vigiavam e fazendo de tudo para sabotar a sua intenção de receber ajuda à luta contra os ingleses.

A guerra entre americanos e ingleses aconteceu durante o reinado de George III, homem que era portador de uma doença mental desconhecida pela medicina naquela época. O fato foi muito bem ilustrado no filme The Madness of King George. Acredita-se, a julgar pelos sintomas, que George III tinha uma doença chamada de porfiria aguda intermitente, doença esta, por coincidência, pesquisada por vários anos pelo meu antigo orientador de tese de mestrado, o Professor Paulo da Silva Lacaz, profundo conhecedor de bioquímica e química orgânica.

Apesar da doença, o Rei George tinha seus momentos de lucidez, e em um deles escapou de ser vítima de um golpe de estado. Segundo historiadores, os melhores soldados ingleses foram enviados à América, para defender a colônia, mas os americanos acabaram vencendo e os expulsando, com a ajuda dos franceses e espanhóis, antagonistas em solo europeu.

A prensa e a liberdade de imprensa

Em um episódio do seriado, sabotadores invadiram a casa onde Benjamin Franklin se hospedava e destruíram o prelo onde ele imprimia os seus credos. Mas, com a ajuda de amigos, a impressora foi reconstruída, e assim Franklin conseguiu mostrar ao público francês que os ingleses haviam sofrido significativas derrotas nos campos de batalha, e que os americanos ainda precisavam de ajuda para conseguir a tão sonhada independência.

Notem que, aos olhos dos ingleses, Franklin e os seus associados eram todos “traidores” do império, e como tal seriam condenados à morte. Mas, depois que a independência foi alcançada, uma das principais iniciativas dos chamados “pais fundadores” foi a de escrever a primeira constituição americana, onde a liberdade de expressão se tornou o marco zero do movimento de independência!

O nascimento da imprensa ocidental

Foi graças ao alemão Johannes Gutemberg que a imprensa foi tornada possível no mundo ocidental. Antes dele, chineses e coreanos já haviam publicado livros através de prensagem, mas mesmo assim Gutemberg foi ainda visto como pai da imprensa moderna. A prensa vista no seriado da Apple é, sem dúvida, a de Gutemberg. No vídeo compartilhado a seguir, os visitantes do Crandall Historical Printing Museum assistem uma demonstração do funcionamento dessa impressora:

A importância do aparecimento dos primeiros livros é enorme, porque foi através deles que mais pessoas poderiam ler, conhecer e se educarem em assuntos os mais variados, disseminando a cultura de forma eficaz. As primeiras publicações eram dispostas em bibliotecas, e acorrentadas, podendo somente serem consultadas localmente, e nunca retiradas de lá, tal o valor que as publicações tinham.

O leitor poderá notar a similaridade do espalhamento da informação por livros publicados, com a informática moderna, que se baseia na construção de gigantescos bancos de dados, que propiciam a pesquisa on-line e possibilitam que o usuário se informe a respeito do assunto desejado. Este tipo de pesquisa já existia desde a época da Internet a texto, no Brasil circa 1994, e melhorou assustadoramente com a entrada no ar da World Wide Web.

Por isso, a liberdade de expressão nasceu junto com a Internet, desde os tempos da academia. Porque a informação censurada só tem serventia para aqueles que tomam o poder sem admitir a contestação de terceiros. Em uma sociedade livre e sem censura, o discurso totalitário e intimidador não tem vez.

Eu aposto que se Benjamin Franklin estivesse vivo hoje, ele já teria aberto um site para discussão de suas ideias! [Webinsider]

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O poder das palavras e a liberdade de expressão

O Pasquim, a bíblia dos estudantes no período da ditadura

 

Sugar, um seriado sem açúcar

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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