Desde seu início, a principal característica da internet é permitir a criação e o compartilhamento de informações de uma forma rápida e viral. As fontes de conteúdo multiplicam–se de maneira espantosa.
A primeira tentativa de organizar este mar de informações e tornar seu acesso fácil para os internautas foram os portais. Criados para serem as “portas de entrada” da internet, seu objetivo era facilitar o acesso dos usuários a notícias e serviços. E eles fizeram um ótimo trabalho no começo. A idéia de ter tudo o que o usuário precisa em um mesmo local fazia muito sentido.
Mas a internet continuou crescendo. E a oferta de conteúdo também. A web incentiva, constantemente, o surgimento de novas empresas e novas idéias. E nós nos acostumamos a escolher, neste mundo de possibilidades, aquilo que nos faz mais sentido, aqueles serviços que, combinados, formam nossa vida online. Já não é mais possível concentrar tudo em um portal.
Um dos primeiros resultados desta mudança foi o RSS, tido na época de seu lançamento como um dos principais inimigos dos portais. Internautas agora podiam escolher o que gostariam de ler e, principalmente, poderiam escolher onde ler. Não existiria mais vínculo com as “portas de entrada”. Seria o fim dos intermediários?
Entretanto, apesar da plena adoção por parte dos usuários avançados e donos de blogs, a penetração do RSS cresce muito pouco entre os internautas comuns. Uma das causas disso é o fato de a grande maioria dos usuários estar acostumada ao formato de portal e ainda não ter assimilado esta mudança de hábito. Acessar notícias sem utilizar um browser não é algo comum para eles.
A resposta dos players veio rápido. Google, Microsoft e Yahoo lançaram recentemente (e quase simultaneamente) suas Start Pages. O conceito é muito simples: você seleciona o conteúdo (não importa de onde ele venha) e “constrói” a sua própria página de entrada, como quiser. Obviamente, todos eles aceitam o padrão RSS.
A grande evolução é que, diferentemente dos feeds RSS, uma Start Page pode ter outros tipos de conteúdo (como previsão do tempo, mapas, calendário, anotações, listas de tarefas, etc.).
Com isso, usuários podem concentrar conteúdo e serviços relevantes de suas fontes prediletas em um mesmo local, com aparência e funcionamento de portal. Esta mudança deve demorar a acontecer, principalmente no Brasil, mas é importante estarmos atentos às suas conseqüências e, claro, oportunidades.
Para os portais que não se prepararem, haverá uma perda de audiência e relevância, pois os usuários não precisarão mais passar por eles para acessar suas fontes preferidas de informação. Para os que entenderem a mudança, existe a oportunidade de oferecer este serviço a seus usuários e elevar o nível de personalização de suas páginas.
Os provedores de serviço e conteúdo serão extremamente valorizados, pois terão mais facilidade em atingir seu público diretamente, sem intermediários. O usuário sairá ganhando, pois poderá acessar o que é de seu interesse, sem interrupções, sem conteúdo irrelevante.
A grande característica da nova internet é deixar as pessoas dizerem o que é interessante para elas e levar isso em consideração. Essa é a premissa dos grandes destaques do último ano como Flickr, Digg, Delicious, entre outros.
Para quem quiser experimentar, além das versões de startpages do Google, da Microsoft e do Yahoo!, existe um serviço gratuito chamado Netvibes (que ganhou o prêmio como melhor ferramenta da categoria). [Webinsider]
Luís Fernando Novo
<strong>Luís Fernando Novo</strong> (lfnovo@rajacomunicacao.com.br) é sócio-diretor da <strong><a href="http://www.rajacomunicacao.com.br/" rel="externo">Raja Inteligência em Comunicação</a></strong>.