No início de novembro de 2006, a aviação civil brasileira passou por uma grande crise. Diversos vôos atrasaram ou foram cancelados por um motivo: os controladores de vôo resolveram seguir à risca o que dizem as normas. Eles passaram a controlar somente um determinado número de aviões que permitisse dedicação suficiente para não colocar vidas em risco.
Diferente dos controladores de vôo, o trabalho de uma agência dificilmente coloca em risco a vida de pessoas. Na maioria das vezes, o que está em risco é a verba do anunciante, a imagem de uma marca ou o emprego de um funcionário da agência. Como um exercício, o que aconteceria se o mercado digital passasse a trabalhar seguindo normas-padrão?
Assim como aconteceu nos aeroportos, a primeira conseqüência seria o atraso ou perda de prazo em vários trabalhos. Com todos os funcionários trabalhando somente das 8 às 18 horas e com apenas um job por vez na mesa, seria praticamente impossível cumprir todos os prazos. Para os funcionários, acabaria a liberdade de horários. Algumas agências chegariam ao extremo de punir os funcionários que chegam atrasados constantemente.
A segunda conseqüência seria a ampliação de todos os prazos. Além de ter que realocar o trabalho de acordo com a menor jornada de trabalho dos funcionários, a agência passaria a trabalhar seguindo processos rígidos. Mudar uma palavra em um banner deveria passar por filas e formalidades. Briefings incompletos realmente voltariam para o atendimento. Os criativos teriam 4 horas para criar campanhas, nem mais nem menos. Os gerentes de projeto deveriam trabalhar seguindo ao pé da letra o PMBOK, a bíblia do gerenciamento. Um trabalho que hoje leva 2 dias passaria a levar no mínimo 5. E trabalho ?para hoje?, só com taxa de urgência, afinal é preciso pagar horas extras dos profissionais.
A terceira conseqüência seria uma redução nos investimentos dos anunciantes por causa do aumento de todos os custos do mercado. Imagine se os veículos passassem a cobrar os preços de tabela pelos espaços e, as agências, o preço integral dos trabalhos.
A quarta conseqüência seria um aquecimento impressionante do mercado de trabalho. A única saída para as agências seria contratar mais funcionários para compensar a lentidão nos processos e a redução das horas de trabalho. Os terceiros, como produtoras e serviços especializados, cresceriam muito, pois em alguns casos não valeria a pena para a agência a contratação de novos funcionários por conta dos encargos trabalhistas.
A quinta conseqüência seria que algumas agências chegariam ao extremo de ter que recusar trabalhos por causa de todas as restrições para entregá-los. As agências também deixariam de participar de concorrências, a não ser que fossem remuneradas por isso, pois as horas de cada profissional passaram a ser preciosas.
O que podemos concluir desse cenário inimaginável é que cada um defende os seus interesses: a agência quer rentabilidade, o profissional quer ganhar o justo pelo seu trabalho e o anunciante quer pagar o menor valor pelo melhor trabalho. É preciso encontrar o equilïbrio entre esses interesses, o que permite à roda continuar girando: sem anunciante a agência não ganha dinheiro e não pode pagar seus funcionários. Embora esse equilíbrio aconteça com certa ajuda, como a de sindicatos, em categorias bem organizadas, na propaganda esse equilíbrio ocorre naturalmente. É o caso, por exemplo, do profissional que se sente explorado, deixa a agência e passa a trabalhar por conta própria.
Por último, o mercado digital é o retrato da publicidade, que é o retrato do Brasil: a arte dos jeitinhos para sobreviver. Nenhuma das características acima é exclusividade da propaganda: pergunte a seus amigos que trabalham em consultorias, bancos, empresas de engenharia ou jornais se eles não passam por situações assim. [Webinsider]
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13 respostas
Acorda BRASIL, vcs reclaman, reclaman mas o unico jeito de se obter valor perante o serviço é o que os controladores de voo fizeram, caso contrário todos iam continuar suas vidas com parada não sei aonde com chequinho não sei doque, com escala la longe, blablabla eos cuidados não sendo levantados, o respeito humano sendo esquecido, e chegando a exaustão psicologica, so cuidando do espaço aereo, e ninguem ta nem ai, e isso ai mesmo democracia, foi o que fizeram parabens controladores, so assim o povo e as organizações verificam e reconhecem o valor do trabalho humano.
Bom, vejamos todos nos gostamos de conforto, todos querem ter ótimas férias, e todos queremos receber bem, então la vai meu apoio aos controladores sim, porque tempo da ditadura militar acabou, e a escravidão ja foi abolida algum tempo, direito para todos e direito para os controladores tambem, que merecem atenção salarial e outras coisas, porque ficam socados nos monitores rastreando todo espaço aereo para dar todo conforto aos clientes ok.
Ridículo esse artigo, nota 0.
Pensamento fdp de dono de empresa.
Só tenho a dizer que esse artigo descreve bem o pensamento dos donos de agências.
Os funcionários tem de se foder pra que a agência tenha sucesso.
Os funcionários tem que pensar que se entra nesse mercado, diga adeus a família e amigos, pois o objetivo da vida é trabalho enfurnado na agência, 14, 16 ou mais horas.
Ok! Querem muito trabalho? PAGUEM por isso!
Se existissem mais cientistas que políticos no Brasil já estariamos implantando uma Inteligência Artificial capaz de substituir os despreparados controladores de voo.
?A terceira conseqüência seria uma redução nos investimentos dos anunciantes por causa do aumento de todos os custos do mercado.?
Re: Discordo, pois você está supondo que elas só investem porque é barato. Elas investem porque querem resultado. Ou seja, a empresa tem que mostrar resultado mesmo cobrando mais. Isso se chama competência.
MT: Creio neste caso acontece o mesmo que acontece com a limitação dos espaços de mídia exterior na publicidade. A oferta diminui, os preços aumentam.
Infelizmente, muitas empresas ainda avaliam o serviço pelo preço. Muitas consideram investimento em comunicação um gasto. Aí cai no mesmo problema, não é falta de visão de marketing, e sim, uma visão administrativa. São este mesmo tipo de empresas que consideram treinamentos e outros itens sobre gestão algo sem importância.
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?A única saída para as agências seria contratar mais funcionários para compensar a lentidão nos processos e a redução das horas de trabalho. Os terceiros, como produtoras e serviços especializados, cresceriam muito, pois em alguns casos não valeria a pena para a agência a contratação de novos funcionários por conta dos encargos trabalhistas.?
Re: Discordo, as empresas seria obrigadas e investir num serviço diferenciado para cobrar mais, obrigaria ela a investir na inovação e melhoria de produtividade. O crescimento de serviços especializados eu encaro com uma coisa muito boa.
MT: Creio que os dois pontos de vista se complementam.
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?algumas agências chegariam ao extremo de ter que recusar trabalhos por causa de todas as restrições para entregá-los. As agências também deixariam de participar de concorrências, a não ser que fossem remuneradas por isso, pois as horas de cada profissional passaram a ser preciosas.?
Re: Não vejo fundamento nesta idéia. Porque isso aconteceria?
MT:Justamente para não passar na frente trabalhos de clientes e jogar por água abaixo cronogramas e prazos que, para serem cumpridos nesta situação, somente com horas extras.
Cezar,
Concordo plenamente com o seu artigo. Infelizmente, acredito que seja muito difícil mudar a cabeça do mercado. Se você consegue fazer isso na sua agência, sinta-se uma rara exceção.
É mais fácil mudar a mente de artesões, pescadores, agricultores para criar uma cooperativa em busca de condições melhores de trabalho do que a mente dos profissionais tão gabaritados e estudados que atuam neste mercado.
O que falta é cultura administrativa e desconhecimento sobre gestão. Acredito sim que isso seja parte de nossa cultura, porém no Brasil há exceções, basta olhar para as CSN, Vale do Rio Doce e Embraers da vida.
Como dizem por aqui, o mercado publicitário está canaalizando-se. E a situação é pior em mercados menores e regionais.
Os publicitários e designers que me perdoem, mas os engenheiros quadrados e os administradores têm toda razão, pelo menos no que diz respeito a gestão.
Caro Cezar,
Achei legal o seu ponto de vista, mas discordo completamente dele. Explico:
o que está em risco é a verba do anunciante, a imagem de uma marca ou o emprego de um funcionário da agência
Re: Na verdade, o que está em risco é a própria agência, o que é muito natural na medida em que empresas que são incompetentes em competir, têm que desaparecer. O mundo é assim, porque as agências deveriam ser diferentes?
A terceira conseqüência seria uma redução nos investimentos dos anunciantes por causa do aumento de todos os custos do mercado.
Re: Discordo, pois você está supondo que elas só investem porque é barato. Elas investem porque querem resultado. Ou seja, a empresa tem que mostrar resultado mesmo cobrando mais. Isso se chama competência.
aquecimento impressionante do mercado de trabalho.
Re: Isso seria uma coisa boa.
A única saída para as agências seria contratar mais funcionários para compensar a lentidão nos processos e a redução das horas de trabalho. Os terceiros, como produtoras e serviços especializados, cresceriam muito, pois em alguns casos não valeria a pena para a agência a contratação de novos funcionários por conta dos encargos trabalhistas.
Re: Discordo, as empresas seria obrigadas e investir num serviço diferenciado para cobrar mais, obrigaria ela a investir na inovação e melhoria de produtividade. O crescimento de serviços especializados eu encaro com uma coisa muito boa.
algumas agências chegariam ao extremo de ter que recusar trabalhos por causa de todas as restrições para entregá-los. As agências também deixariam de participar de concorrências, a não ser que fossem remuneradas por isso, pois as horas de cada profissional passaram a ser preciosas.
Re: Não vejo fundamento nesta idéia. Porque isso aconteceria?
a agência quer rentabilidade, o profissional quer ganhar o justo pelo seu trabalho e o anunciante quer pagar o menor valor pelo melhor trabalho
Re: Concordo completamente
Embora esse equilíbrio aconteça com certa ajuda, como a de sindicatos, em categorias bem organizadas, na propaganda esse equilíbrio ocorre naturalmente.
Re: Discordo completamente, não existe equilíbrio, o que existe é exploração e desorganização por causa de gente incompetente.
o mercado digital é o retrato da publicidade, que é o retrato do Brasil: a arte dos jeitinhos para sobreviver.
Re: Concordo completamente!
abs
Marcelo Okano
http://webinsider.uol.com.br/index.php/author/marcelo_okano
Cezar,
Você começa traçando um cenário nebuloso e comercialmente impraticável, e conclui muito bem sugerindo a defesa de interesses por parte de cada um.
O problema, que se defender pode ter o seu custo né !?, para as agências impor restrições pode significar a perda de projetos, para os pobre colaboradores das agências, bater de frente proporciona um belo pé na bunda !
A defesa dos interesses próprios pode ser colocada melhor, como abuso para interesses próprios, aquele em posição de cobrar dificilmente tem um tom conciliador e compreensível. Ele é desumano e explora os outros para a manutenção e benefício da sua posição na empresa, benefício financeiro, etc.
[]s
Bem, discordo d alguns pontos do artigo. E em outros pontos, não entendi bem o q o autor quis passar…
Qto ao horário d trabalho, acho q o profissional deveria trabalhar sim 8h/dia, salvo raríssimas exceções, p/ não conprometer a qualidade do trabalho, q ficaria perdida no meio do estresse e do descaste… e NÃO acho q uma jornada d 8h/dia acabaria c/ a liberdade d horários… bastaria apenas usar d bom-senso e flexibilidade: funcionário chegou 1h depois, sai 1h depois e pronto. Haveria uma jornada sistemática e continuaria havendo liberdade d horário.
Qto aos prazos, NÃO acho q eles deveriam ser ampliados, pois o projeto/job, desde o seu início deveria ser planejado e precificado c/ base nas jornadas regulares d 8h/dia. E os prazos seriam comprometidos apenas qdo os funcionários trabalhassem menos (melhor dizendo, folgassem mais). E todos sabemos q o ideal é colocar uma folga no prazo oferecido ao cliente, p/ não compremeter a pontualidade do projeto c/ imprevistos, embora isso nem sempre seja fácil…
Bem, qto a trabalho para hoje acho q o cliente q pede uma coisa dessas tem q ir catar coquinhos… E o certo é pagar horas extras realmente.
Acho q os custos tb não seriam aumentados. Muito pelo contrário. Uma vez q o tempo do job está diretamente relacionado ao preço do trabalho, a agência q conseguisse prever o tempo necessário d forma mais criteriosa e sistemática, através d cronogramas d trabalho bem elaborados, poderia orçar um preço justo e real, s/ colocar aquele a mais na proposta pra garantir o estouro no tempo…
E SIM, acho q as agências tem q cobrar o preço integral dos trabalhos! Nada d cobrar pela metade, nem a menos, nem a mais.
Qto ao fato d ter q contratar novos funcionários, na minha cabeça isso é positivo, pois quer dizer q a agência tem grande demanda d trabalhos e está crescendo horas, além d estar gerando empregos! Estou usando um raciocínio errado?! Só seria ruim p/ a agência se tivesse q colocar muitos profissionais no projeto s/ cobrar o preço correto, mas ai a gente voltaria aquela história do cálculo d tempo e da precificação… Não sejamos repetitivos.
E se a agência tiver q recusar trabalhos, embora não seja nada bom, q recuse. Seria pior se não tivesse condições de entregá-los dentro do prazo, e COM QUALIDADE…
Talvez não tenha entendido bem o q o autor quis dizer. Mas estou colocando meus pontos d vista.
Abs a todos!
Caro Lineu, basta ter organização, planejamento e bom senso para achar um meio termo entre nossa cultura e a americana.
Aqui na Salem Digital é assim, tanto que são raríssimos os finais de semana ou madrugadas, mesmo com uma produção enorme de trabalhos. Nosso turnover é quase zero.
Errado estão os americanos, que desde janeiro sabem que o natal será em dezembro. Esse cara deve ser o coordenador de madrugadas da Salem Digital.
Resumindo, não sabemos seguir processos, e todo esse mecanismo, toda essa engrenagem trabalha totalmente fora do menual, bem ao estilo do Brasil mesmo.