100 milhões não estão aqui

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Em março de 2007 foram divulgados os resultados de uma pesquisa realizada pelo IBGE em conjunto com o Comitê Gestor da Internet no Brasil. Os dados, referentes ao ano de 2005, apontaram que 32,1 milhões de pessoas, ou seja, 21% da população brasileira com mais de dez anos de idade acessaram a internet pelo menos uma vez na vida.

Isso significa que, enquanto falamos de web 2.0 e Second Life, mais de 100 milhões de brasileiros, correspondentes a 79% da população, nunca acessaram a web.

À primeira vista, esses números parecem desastrosos. Se levarmos em conta o lado sociológico, realmente são. Além de refletir a concentração de recursos existentes no Brasil, limita consideravelmente o acesso a serviços justamente para a população que mais precisa deles. Com a internet eles poderiam, por exemplo, agendar atendimento no INSS, realizar consultas em diversos serviços públicos e acessar sites de empregos.

Para fazer uma comparação, segundo o eMarketer a Coréia do Sul tem 70,3% de penetração de uso da internet. O Japão tem 68,4% e, os Estados Unidos, 63,6%.

Deixando o aspecto social e considerando apenas o mercadológico, o copo muda de meio vazio para meio cheio. A diferença de poder aquisitivo e de formação é impressionante: quem tem acesso à internet tem em média 10,7 anos de estudo e renda per capita domiciliar de R$ 1.000,00. Quem não acessou a rede tem 5,6 anos de estudo e renda de R$ 333,00. Ou seja, as pessoas que acessam a web têm muito mais acesso a informações e um poder de compra em média três vezes maior.

Dois dados de fora desse estudo mostram que os gastos online vêm crescendo não porque novas pessoas estão entrando, mas porque esse grupo está consumindo mais, seja conteúdo ou compras. Primeiro, o crescimento da banda larga e a queda na conexão discada ? as duas não crescem juntas, mas sim uma toma o lugar da outra. Outro dado é a melhora nos resultados das compras online: uma quantidade maior de pessoas está comprando mais, mas sempre dentro do grupo de já usuários.

De 2005 para cá, podem ter acontecido mudanças, mas não muito significativas. Segundo o estudo, a maior dificuldade para acessar a web era a falta de um computador. Nos últimos meses, a compra de uma máquina tem se tornado mais fácil, inclusive com acesso ao crédito para sua aquisição. Outro fator positivo é que uma parcela considerável dos estudantes (36%) acessa a internet, por isso o envelhecimento da população provavelmente aumentará o número de usuários.

Considerando que existem lugares no Brasil onde não existe água encanada e esgoto, a internet ainda está longe de ser unanimidade. É preciso esperar os próximos resultados para entender melhor como o uso da web está evoluindo.

Com esses números, infelizmente, muitas vezes não existe como defender a internet: dependendo do produto anunciado, os meios wireless mais eficazes ainda são o rádio e a TV. [Webinsider]

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Cezar Calligaris (cezar@gmail.com) é consultor de projetos digitais no Reino Unido.

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2 respostas

  1. Apesar de o governo ter criado programas que beneficiaram o crédito para a compra de computadores, nada foi feito em relação aos provedores de internet, ou seja, a maioria que comprou um computador em X vezes, não pode gastar em média por mês R$ 30 para se conectar no seu computador novo. Isso fica bem claro quando vemos que a disparidade entre o incremento de computadores no país x acesso à internet.
    bonito, né?

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