Parece uma festa! Todos excitados com a idéia de pagamentos móveis. Relatando só coisas boas, muitas vezes fantasias como se fossem realidades facilmente implementáveis, sem riscos ou aversões. Este artigo trata do lado não tão otimista do m-payment.
Primeiramente esclareço que não sou contra o mobile payment, muito pelo contrário. No entanto, relato fatores que podem nos ajudar a se adequar mais à realidade.
Os dispositivos móveis podem trazer boas experiências, é verdade. Serviços como o envio de SMS para celulares, após cada transação acima de um determinado valor, são capazes de ajudar a enfrentar situações em tempo de evitá-las. Eu mesmo já passei por isso. A cada transação em minha conta ou cartão de crédito, recebo uma mensagem.
Minha esposa tem um cartão de crédito adicional da minha conta (poupem suas críticas sobre essa decisão, por favor) e num determinado dia, pedi licença no meio de uma reunião para ligar para ela, após receber o terceiro SMS de transação realizada num shopping center. Ela estava comprando com o meu cartão, pensando que estava comprando com o dela. Consegui salvar meu cartão da quarta e quinta compra. Ufa! Mas não considero isso m-payment, é apenas um (bom) serviço móvel.
Considero m-payment: pagamentos, consultas de saldo, extrato, transferências e outras transações bancárias. Ou seja, é o internet banking num dispositivo móvel. Com base nisso, vamos começar a entender quais são os pontos não tão positivos:
Segurança. Se hoje, com certa facilidade, criminosos apanham pessoas e as levam para caixas eletrônicos para sacar dinheiro, facilmente poderiam obrigá-las a transferir para contas fantasmas em poucos minutos, diretamente do celular.
Qualidade dos serviços de telecom. Quem nunca ficou sem sinal? A qualidade do sinal de dados é ainda um pouco inferior à de voz. Comparo a qualidade das linhas de dados móveis (GPRS, EDGE, etc.) à conectividade com internet nos anos 90. Como era nossa primeira experiência com conexão internet, até aceitávamos a instabilidade. Hoje é mais difícil aceitar. O que acontece, por exemplo, se no meio de uma transação, o sinal cair? Ou ficar lento demais para efetivar a operação? Se não conseguirmos fazer em 20 minutos e o horário passar das 21h, a compensação será só no dia seguinte. De quem será a culpa? Com certeza, irá gerar muita reclamação por parte dos usuários.
Velharia e diversidade de celulares. Num país onde 81% dos celulares são pré-pagos, segundo a Anatel e, segundo a Febraban, 70% dos celulares estão em poder das classes C, D e E, um alto índice também é antigo e sem suporte a Java (plataforma em que a maioria dos sistemas de pagamento móveis são criados). Então, como diria nosso presidente, só ?as elites? poderão usar, por enquanto.
Custo dos pacotes de dados para celulares. O custo dos pacotes de dados para celulares ainda é alto. E pouquíssimos clientes possuem. Como irão transferir dados sem a contratação desse serviço? Será que estão dispostos a pagar por mais esse pacote? Sem esquecer que somente 20% são clientes pós-pago. E se no meio da transação acaba o crédito do celular do cliente?
SMS não é confiável ainda. Algumas instituições apostam nas mensagens curtas (SMS). Não funciona, não são confiáveis. Imagine pegar um táxi e no final da corrida iniciar o pagamento por SMS, mas a mensagem não chegar? Ou chegar depois de 30 minutos? Situação insustentável. Nem o taxista e nem você ficarão esperando pela mensagem. Quem não recebeu ou enviou um SMS com horas de atraso, pelo menos uma vez, que atire a primeira pedra. Alguns podem defender: ?mas se os bancos conseguirem prioridade em suas mensagens, tudo funcionará?. Quem garante? E se todos pedirem prioridade, ninguém a terá!
Usabilidade. Com a adesão em massa dos smartphones, ficará um pouco mais fácil, mas hoje a usabilidade de aparelhos celulares é terrível, principalmente pelas limitações de tamanho de tela e teclado. O melhor exemplo é o usuário que tem dificuldade em digitar em um teclado super pequeno. Ele mal consegue fazer uma ligação, imagine digitar três vezes a mesma tecla para conseguir uma letra. Como será o ?timeout? dessas aplicações? E se no meio da transação ele recebe uma ligação? Não tão simples também. Mudar um parque de celulares de um país inteiro demora.
Esses são alguns fatores de atenção em relação a pagamentos móveis. Não é para desanimar, mas é para colocar os pés no chão. Daqui alguns meses ou em poucos anos teremos pagamentos móveis confiáveis. Por enquanto, acho, humildemente, que deveríamos parar com tanto blá blá blá e tratar esse assunto com mais seriedade. [Webinsider]
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5 respostas
Muito bom estes pontos abordado neste artigo. E bom as pessoas ficarem mais atentas no uso de suas tecnologias.
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Parabenizo pelos comentários, deveriamos ter mais assuntos de orientação e esclarecimento aos milhares de usuários que estão prestes a utilizarem todas essas tecnologias que conquistam pelas as comodidades.
Poderiamos ter um orgão regulador, entre bancos, operadoras de cartão de créditos, operadoras de telefonia e empresas de tecnologia que faz a intermediação desses serviços.
Muito bom os pontos levantados neste artigo, principalmente quando se fala do uso de SMS, creio que o serviço de M-Payment deve avançar com a melhoria tecnologica das operadoras, ou adoção de novas tecnologias para este modelo de negocio, como é feito hoje no Japão com a operadora Docomo, grande parte de seus aparelhos possui um chip que quando a compra é efetuada o usuário passa o celular sobre uma maquina e o valor é cobrado, o processo é parecido com o Bilhete Unico usado nos onibus de São Paulo.
Achei muito interessante ouvir pontos de vista sobre a funcionalidade desta nova tendencia mundial. Conheci e tive um enorme prazer em testar o serviço OI PAGGO da empresa Paggo e minha opinião sobre este serviço são as mais positivas pois, as compras que fiz não tive problemas de transferência de SMS que são de graça tanto para o lojista quanto para o cliente.
Além disso contrario das lojas que quase nunca pedem minha documentação relatando uma falta de compromisso com a segurança,o serviço PAGGO tem uma enorme segurança na transação através da troca de mensagens.
Ótimos pontos esses levantados.
Quando a disponibilidade do sinal e atrasos nas mensagens, temos que lembrar que as máquinas de cartão de crédito também não são garantia de pagamento, com vários estabelecimentos não se responsabilizando se as mesmas se recusarem a aceitar o pagamento seja por erro ou comunicação com a central.