Eu pedi um site e você me propõe um aplicativo?

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Salvo exceção, você desenvolvedor já foi chamado por um cliente com o seguinte pedido:

“Quero que você desenvolva um aplicativo para mim, que funcione na internet, e que permita publicação, votação e comentários em artigos”.

Designers também costumam ouvir algo do tipo:

“quero que você faça um site para mim. Esse site tem que publicar artigos, permitir que os visitantes votem no melhor e também façam comentários”.

Tendo em vista o que seu cliente pede, você que é desenvolvedor, entrega um site ou um aplicativo?

Responda rápido, se for capaz. Identifique nas 10 alternativas abaixo, quais são sites e quais são aplicativos:

Se você respondeu que os dez são sites, ganhou nota 5. Se você respondeu que os dez são aplicativos, também ganhou nota 5. Mas se você respondeu que os dez são um misto de site e aplicativo, ganhou nota 10.

É isso mesmo. A diferença entre um e outro está cada vez menor e os conceitos estão mais confusos, mas vamos tentar esclarecer um pouco. Com o surgimento da web 2.0, então, o abismo de antes virou uma valeta rasa. Para encurtar o assunto, praticamente todos os sites que usamos hoje têm, por trás, aplicativos que o fazem funcionar.

Vamos tomar como exemplo um prato self-service da internet: um blog. Quando falamos em “criar um blog”, estamos usando vários programas que recebem o que você escreveu, gravam os dados no banco de dados, mostram em ordem descrescente de postagem, filtram por categorias, etc.

Concorda que são programas? E concorda também que um conjunto de programas forma um aplicativo (ou sistema, no jargão da minha época)?

Quando você instala um plugin num blog, você está inserindo um novo programa ao aplicativo já existente, não é mesmo? A questão é que isso tudo melhorou tanto, que esses detalhes técnicos passam despercebidos por nós, a maioria do tempo. Mas continua sendo um conjunto de programas (um aplicativo).

Então vem a pergunta: é um site ou um aplicativo?

A diferença está no que o visitante do site (que usa o aplicativo) percebe e o que o seu cliente (que paga pelo site) determina. O ideal é que o visitante do site (que usa o aplicativo) tenha a sensação de estar usando um site e que seu cliente (que paga pelo site) tenha a oportunidade de definir todas as regras do aplicativo; por mais óbvias que sejam.

Não entendeu direito? Vamos analisar as duas visões aparentemente antagônicas.

Se você lançar um aplicativo na internet, provavelmente ninguém vai querer usá-lo. Aplicativos são conhecidos por serem complicados, precisarem de manual e treinamento. Ou ambos. Cada aplicativo tem um visual diferente. Já um site é outra coisa. Bem melhor! A simples possibilidade de usar um serviço baseado no browser dispensa até treinamento. Quer um exemplo? As suites online de escritório: Google Documents, Editgrid, Zoho, etc. Você precisou de treinamento para usar esses sites (aplicativos)?

Para uma empresa, que vantagem, hein! Além do gerenciamento centralizado, temos uma interface comum que qualquer pessoa está acostumada a ver num webmail, grupo de discussão ou portal de notícias. Isso é ter a sensação de usar um site. O que fala mais alto aqui é o lado psicológico de quem usa.

Por outro lado, toda essa simplicidade aparente não descarta a necessidade de regras, validações, projeto de banco de dados, segurança, log de erros, etc. Isso tudo faz parte do projeto de um aplicativo, certo?

Então, vem novamente a pergunta: é um site ou um aplicativo?

Você, como desenvolvedor, continua fazendo programas que recebem dados, faz a validação dos campos, grava ou busca informações numa base de dados e entrega uma resposta. Igualzinho como fazia em aplicações desktop ou centralizadas. O que mudou foi a forma de apresentar o resultado ao visitante (que usa o aplicativo).

Por esse motivo é que nós, que somos desenvolvedores de aplicativos, não conseguimos mais trabalhar sozinhos sem um designer para dar aquele visual de site ao nosso aplicativo.

Ou, como diriam os designers, não seria possível entregar o site sem o programador para inserir todas as regras de funcionamento e processamento dele. Um não vive mais sem o outro.

E é muito bom que seja assim. Esse é o motivo da enxurrada de frameworks e técnicas para separar a lógica de negócio da apresentação dos dados. Como podemos dizer no popular, “cada macaco no seu galho”.

Portanto, para o visitante (que usa o aplicativo), deixe o designer apresentar um site. Ele se sentirá bastante à vontade. Afinal, um site é fácil de usar e bonito de se ver.

Mas para o cliente que pediu o site (e que paga pelo seu serviço) desenvolva um aplicativo. É esse cliente quem vai definir aquele monte de regras, que perfil de usuário pode fazer o quê, qual a política de segurança, qual a complexidade das interações, aprovar seu modelo de informações, pagar pelo seu serviço, etc.

Tenho certeza que ambos ficarão felizes com a simplicidade do site e o controle do aplicativo. Cada qual com seu pedaço. E você, com um bom case em seu portifólio. [Webinsider]
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Avatar de Vinicius Assef

Vinicius Assef (viniciusban@gmail.com) é desenvolvedor de aplicações. Trabalha principalmente com mainframe e contribui com projetos voluntários para a internet.

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7 respostas

  1. Como disse estou aprendendo e já aprendi um pouco mais com essas explicações sobre site e aplicativo. NÃO SEI O QUE é Url. Obrigada

  2. Paulo, você iniciou uma boa discussão, viu? rsrs

    Eu também comecei cedo, com 13 anos. Mas você me barrou! rsrs

    No passado víamos realmente essa tendência de um profissional tudo-em-um, mas temos visto o surgimento de várias profissões diferentes.

    Um exemplo, são as atividades na área de desenvolvimento de sistemas. Hoje temos especificador funcional, especificador técnico, analista de testes, relacionamento entre TI e usuários, analista de sistemas, projetista de software, projetista de banco de dados, e por aí vai… No passado era só o analista e o programador e pronto!

    No início da internet, lembra do webmaster? Pois era ele quem fazia de tudo. Hoje não é mais assim. A especialização é boa e permite entregar produtos melhores e mais completos.

    Mas essa variedade tão grande de gente trabalhando num projeto, a gente vê em empresas que usam fortemente o RUP e seus primos-irmãos. Onde os métodos ágeis são mais fortes, há menos burocracia com ordem e produtividade.

    Entretanto, não vejo a unificação das atividades de programação e design pela própria natureza delas. A primeira é mais metódica, exata. A segunda é mais artística. É certo que as duas precisam de inspiração e muita transpiração também, mas são essencialmente diferentes.

    O designer tem que pegar uma idéia e transformá-la em algo visual, palpável e agradável. Já o programador tem que pegar essa mesma idéia e transformá-la em regras, segurança e desempenho.

    A vantagem de trabalharem juntos é justamente encontrar o equilíbrio.

    Bem, essa é só a minha opinião.

    Mas que é importante ter conhecimento das duas áreas, isso é! Pelo menos para não ser enganado.

    Abraços e obrigado pela colaboração.
    Vinicius Assef.

    PS: talvez você goste também desse outro artigo: Seu aplicativo é bom mesmo? 😉

  3. Essa é a realidade atual, imagino que num futuro não muito distante essas duas profissões distintas estarão tão interligadas que necessitaremos de designer que programam ou de programadores que criam desing.

    Tive muita facilidade para me tornar um profissional assim, pois programo desde os 11 anos de idade, quando ganhei meu primeiro computador pessoal, e como sempre gostei de desenho, arte e conceito me tornei publicitário sem nunca ter abandonado meu hobby: programar.

    Atualmente consigo coordenar mais facilmente dentro de uma agência a transição do photoshop para a programação, pois jamais haverá um devaneio na hora do design da interface por eu possui conhecimentos de programação. As coisas ficam mais faceis assim.

  4. Acho que como as pessoas se acomodaram no desenvolvimento de aplicativos para desktops, muitos com o mesmo padrão estético e com poucas inovações, a migração para um ambiente hipertexto é uma barreira a ser ultrapassada.
    A coisa se torna mais complicada quando o cliente (usuário) solicita customizações do site/aplicativo que viu em outros sites e que, consequentemente, não estão disponíveis em uma biblioteca como tantos componentes prontos para linguagens desktop.
    Coloque um botão voltar na sua aplicação (disponível em qualquer browser) e temos um ambiente em que poucos são capazes de trabalhar com qualidade.

  5. Excelente artigo.
    Realmente é uma tênue fronteira e concordo que isso seja muito bom. A integração entre designers e programadores faz-se cada vez mais necessária e coerente, visando um produto ofinal correto, funcional, bonito e com uma interface efetivamente fácil e convidativa.

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