Tesauros, folksonomia e uma ajudinha da usabilidade

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Focando os dois lados da organização da informação na web, temos a cruz e a espada: se de um lado temos as tags (folksonomia), que permitem uma democratização e a ampliação nas possibilidades de busca e recuperação da informação, temos os problemas que ela causa, como polissemia, erros de grafia, flexões de gênero e número e duplicidade de termos, entre outros.

Defendo a ideia de que a folksonomia tanto pode levar a informação até o usuário quanto fazer com que este nunca encontre o que está procurando.

Por outro lado temos os tesauros (vocabulários controlados), que são cuidadosamente elaborados por profissionais para que o site e as informações que este contém mantenham uma unidade de termos e seja simples a “encontrabilidade” de informações. Porém os tesauros exigem que os profissionais sejam capacitados e dominem a linguagem do usuário.

Para isso é preciso que o profissional “traduza” o que o usuário quer dizer e monte uma árvore hierárquica de termos próximos, análogos e/ou relacionados, para que a busca seja eficiente. O grande problema dos tesauros é que este exige o usuário também conheça e domine os termos indexados (o que limita as possibilidades de busca do ponto de vista do usuário).

Geralmente o que o usuário está pesquisando não é algo que ele conheça bem; muito pelo contrário, ao entrar num site o usuário está buscando justamente aquilo que não domina ou não conhece bem. Como podemos exigir então que ele saiba os termos que descrevam o conteúdo daquilo que está buscando?

Cada uma das soluções (uso de tags ou vocabulário controlado) tem pontos fortes e fracos. Um exemplo que eu sempre recomendo aos meus colegas é o do Google, Você pode pesquisar Jornal na Intnet (com erro de grafia mesmo) e ele retorna os resultados: Você quis dizer Jornal na Internet? E no final da página têm-se:

?Pesquise também: Jornal On-line, Jornal na Web, além de publicidade: Adquira jornais com o menor preço?.

Analisando a estrutura acima temos uma referência cruzada que remete de um termo não usado para o termo utilizado pelo sistema (como nas bibliotecas), e simultaneamente temos o feedback de outros termos que se relacionam com o termo pesquisado.

Resumindo: indexação com usabilidade e boa arquitetura de informação é isso! Não forçar o usuário a decorar termos, retornar os resultados e trazer variações desses termos, além de propor sugestões. Não devemos ser inimigos da usabilidade tampouco dos nossos usuários, afinal o arquiteto de informação, o bibliotecário e os profissionais de TI estão a serviço da clareza e da organização da informação.

E quanto menos o usuário perceber os passos realizados pelo mecanismo de busca do site, e quanto menos for evidente a arquitetura de informação e os processos internos de classificação, catalogação e indexação, mais eficiente e eficaz será o site.

Afinal do que adianta dizer ao usuário que ?a pesquisa não encontrou nenhum documento correspondente?? [Webinsider]

.

Avatar de Rafael Marinho

Rafael Marinho (rafaelmarinho71@gmail.com) é arquiteto de informação, consultor em gestão da informação e mantém o blog Bibliotecário Virtual

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

9 respostas

  1. Paz e bem!

    Raphael:

    Conheces a tese:
    —–
    Autor principal: Laan, Regina Helena van der
    Orient.: Krieger, Maria da Graça
    Título: Tesauro e terminologia : uma inter-relação lógica
    Imprenta: 2002.
    Descrição física: 262 f. : il.
    Nota bibliog. etc.: Inclui bibliografia e anexos.
    Trab. de conclusão: Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras, Porto Alegre, BR-RS, 2002.
    Resumo: Estudo compreendido como uma inter-relação lógica entre tesauros e Terminologia, mais especificamente nos princípios da Teoria Comunicativa da Terminologia ? TCT. Analisa um tesauro do ponto de vista da sua organização estrutural. Estuda os descritores verificando sua representatividade como um elemento de representação e recuperação das informações de uma área de especialidade. Sinaliza para uma nova abordagem em relação ao tratamento dos descritores aproximando-os a uma unidade lexical terminológica. Tem como pressuposto de trabalho que a relação que se estabelece entre um sistema de recuperação da informação ? SRI e os usuários do sistema é uma relação de comunicação. Apresenta algumas considerações e recomendações.

    Texto completo: http://sabix.ufrgs.br/ALEPH/AC43R58X386ECLP1LGAG318D8U3Y9LV9CKC85LTP9B5FFCNRKY-08448/file/service-0?P01=000339228&P02=0026&P03=TAG
    —–
    Aponta a terminologia via intermediária entre a folksonomia e os thesauri.

  2. Interessante a matéria. Estou tendo Introdução ao tratamento temático e percebi que vários termos utilizados nesta matéria são pertinentes a disciplina.

  3. Na internet tudo é pra ontem. Por isso devemos de uma forma geral facilitar os caminhos e ser objetivos. Não basta apenas tratarmos bem o usuário é necessário que ele receba um tratamento VIP, as opçoes são grandes para ele, por isso esse tratamento.

  4. Olá Rafael, achei fantástica essa metodologia que vocês estão usando e a forma de recuperação da informação. e Alessandro, eu percebi isso já há algum tempo e até mesmo como usuário eu prefiro recuperar alguma coisa que seja pouco relevante para o que estou procurando do que receber uma mensagem de erro desse tipo: busca sem resultados ?a pesquisa não encontrou nenhum documento correspondente???
    Isso é frustrante!

  5. Oi Rafael (Chará), interessante a matéria.

    Acabou sendo pertinente a realidade de um projeto que participo (http://www.AcheCerto.com.br), onde já estamos pensando assim há algum tempo.

    Teste lá pra ver nossa implementação de tolerância fonética (que esta em constante evolução) e erros de grafia para nossa busca…

    Veja estes exemplos:

    (Digitando Shopping Center como xop senter)
    http://www.achecerto.com.br/xop-senter_estado_rio-de-janeiro.html

    (Digitando Habibs como rabibes)
    http://www.achecerto.com.br/rabibes_estado_rio-de-janeiro.html

    Caso não seja possível encontrar, aplicamos a sistemática parecido com o Google (you did mean? sugestão de termos)

    Veja estes outros:

    (Digitando Shop Iguatemi como Shop Igautemi)
    http://www.achecerto.com.br/igautemi_estado_rio-de-janeiro.html

    (Digitando Jornal Globo como Joranl Gobo)
    http://www.achecerto.com.br/joranl-gobo_estado_rio-de-janeiro.html

    Teste ai com outros termos, fique a vontade!

    Abraços
    Raphael Vieira

  6. É um assunto super atual, e que quase sempre é tratado superficialmente talvez por despreparo, ou importância, prazos, enfim …. Mas a questao é que o usuário tem que ter o que ele procura; caso contrario irá atras de outro que o traga seus desejos de busca…

    Afinal do que adianta dizer ao usuário que ?a pesquisa não encontrou nenhum documento correspondente??

    Ótimo artigo;

  7. Muito interessante, precisamos de cada vez mais profissionais que organizem as informações nessa terra de ninguém que é a internet.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *