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No último relatório da Organização Sul-Africana para o Desenvolvimento da Pesquisa Científica (SACR), pesquisadores da University of Cape Town anunciaram o isolamento de um vírus de computador de incontrolável efeito. Nada de muito novo, não fosse esse um vírus de verdade, como os que nós humanos pegamos a torto e a direito. Um vírus orgânico. Para Jackson Jukjevick, autor da descoberta, ?a agressividade desse vírus é tal, que ele atua não somente nos softwares e sistemas operacionais, mas nos circuitos internos dos computadores?.

Uma lei acaba de ser aprovada pelo Senado francês: pessoas que se apropriam de conteúdos regidos pelas leis universais dos direitos autorais copiando-os em seus ambientes digitais são passíveis de prisão inafiançável. Embora a lei não pareça surpreendente, um dispositivo especial também foi aprovado, segundo o qual não são necessárias provas formais da cópia, bastando apresentar uma impressão de tela do conteúdo copiado para caracterizar crime.

Um hacker inglês entrou mês passado nos servidores da Wikipédia em sua versão romena e, fazendo uso de um robô, alterou todas as definições ali encontradas, negando todas as afirmações. Todas. Por exemplo: onde se lia ?a Mona Lisa foi pintada por Leonardo da Vinci?, lê-se agora ?A Mona Lisa não foi pintada por Leonardo da Vinci?. O engraçadinho ainda teve requintes de substituir autorias como, por exemplo, no caso da lei geral da gravidade, o hacker atribui a formulação ao obscuro cientista romeno Vladislav Marinono.

É tudo verdade? Não. Essas afirmações foram integralmente criadas para o propósito desse artigo. Mas digamos que essas pequenas mentiras tenham sido publicadas blogosfera afora e que elas tenham tido alto poder de contaminação. Em tempos de informação fragmentada, em tempos de desvirtuação das autorias, em tempos de bagunça virtual, a veracidade é diretamente proporcional à capacidade de reprodução. Toda mentira tem seu momento de glória na web.

Ainda vivemos em um momento de incipiente anarquia. Mas ela promete piorar muito. Ainda convivemos com o conforto proporcionado por velhas (decrépitas) instituições. Enciclopedistas ainda existem. Dicionaristas idem. E livros e publicações e outras mídias centenárias. Mas não por muito tempo. A menos que?

A mídia (velha) morre a cada dia um pouco, quando tenta competir com criação e produção de informação. Como competir com milhões, bilhões de autores ensandecidos? Como competir com a gratuidade dos conteúdos postados por qualquer mané? Como competir com bilhões de correspondentes que testemunharam o fato in loco? A menos que?

A menos que a velha mídia ressuscite e cumpra um novo papel. E seu papel talvez tenda a ser uma espécie de ?autenticador de veracidade?. Em vez de criar, validar e dar provas.

E, em tempos de informação push, recebemos o que nos interessa a qualquer momento, em todas as plataformas. A velha mídia ganhará um renovado valor quando ela for capaz de vender a comprovação.

Vem aí, em breve, o reconhecimento de autenticidade online que filtra o joio do trigo, o gato da lebre, a verdade da mentira. Uma espécie de São Tomé virtual. [Webinsider]

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Fernand Alphen (@Alphen) é publicitário. Mantém o Fernand Alphen's Blog.

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4 respostas

  1. Rafael,

    Esse papel opinativo e análitico da grande mídia é apenas a solução mais superficial e ainda me parece pequena. Disso já se fala muito antes de haver qualquer ameaça dos milhões de produtores de conteúdo espalhados web afora. Aliás, essa sempre foi a maior missão da mídia: digerir informação. Até porq, informação crua tem pouca utilidade. É com nosso repertório q a tornamos útil ou com aquele fornecido pelos próprios emissores, seja ele consciente ou inconsciente, premeditado ou involuntário, subliminar ou manipulador. E indo um pouco mais longe, ainda não me parece uma saída, até porq o q impede esses milhões de emissores de informação de opinar e analisar? E quem disse q eles já não fazem isso?

    A questão tem q se deslocar para outra questão. O q a mídia pode e deve emprestar à informação é credibilidade ou, como eu falei autenticação da verdade. Isso, só poderá ser feito pelos grandes, sempre.

    Mas o assunto é complexo. E sem querer sofisticar demais o raciocínio, a grande questão que se coloca hoje é opor duas crenças:

    1) A crença de q é a maioria q expressa a verdade à la wikis e que tais.

    2) A crença de q a verdade é independente da maioria e se baseia tão somente na observação autenticada da realidade.

    Aqui está o cerne do debate. E talvez a solução esteja, como quase sempre, entre as duas.

    Valeu!

    Fernand

  2. Bem observado, Renato.

    Mas eu faria duas observações: a primeira é q esse assunto de chupar informação é um delicado. Quem chupa o quê de quem? Quem atirará a primeira pedra? Me parerce q chupar não é mais uma questão, no mundo de hoje. Estamos mais para o que é meu é seu e o que é seu é meu.

    Qto ao enfraquecimento dos grandes grupos, também tenho lá minhas dúvidas. Confesso q já fui mais anárquico, mas tenho percebido q a capacidade de transformação é proporcional à necessidade…e como ela é enorme e o desastre próximo, já dá para perceber uma movimentação muito criativa em alguns desses grupos para encontrar soluções. Claro, os incompetentes, míopes e oportunistas, por seleção natural, irão desaparecer. Já vão tarde. E mesmo q a solução q propus seja utópica, no meio do caminho existem muitas alternativas. É só querer ver e aceitar assumir alguns riscos.

    Valeu!

    Fernand

  3. Texto excelente, tanto na forma, quanto no conteúdo… acho apenas que os grandes grupos estarão muito menores e mais frágeis economicamente quando se derem conta dessa opção. Mesmo porque, autenticar informações duvidosas deve ser muito custoso… Acho que o próximo passo deve ser os veículos, através dos seus profissionais, assumirem que estão chupando informações dos blogs com altíssima frequência (sem dar o crédito, claro)ou pelo menos tendo idéias de pauta…
    Parabéns pelo texto!

  4. Que a velha mídia perde força é fato, mas acredito que ela terá sim uma sobrevivência.

    Apenas repetindo o que vi em um vídeo do Lulli Radfahrer, a velha mídia será um espaço de opinião.

    Quem sabe daqui alguns dias, a bolsa vai cair, no periodo da tarde e a noite como todo mundo já está sabendo, em vez ouvir o Jornalista repetir notícia velha, vamos ouvir uma conversa entre dois grandes economistas dando sua opinião, respondendo perguntas e buscando soluções.

    Isto também vale para a velha propaganda.

    Abraços

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