O futuro da arquitetura de informação

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Uma série de entrevistas feitas no meu blog com os arquitetos de informação de diferentes experiências rendeu um material interessante para a realização de uma conversa bem legal com o Daniel Souza, que trabalha com planejamento de experiência do usuário na Talk Interactive.

No Brasil e no mundo

O fato é que o mercado de AI está na moda e há muitas pessoas interessadas em entrar na área, o que gera uma grande quantidade de arquitetos e pouca arquitetura de informação. Significa que ainda temos profissionais com pouco conhecimento e a falta de um pensamento mais centrado no usuário e nas necessidades de negócio dos clientes.

De acordo com um estudo realizado pelo Guilhermo Reis em 2008, a fase de pesquisa ainda é pouco realizada. Os profissionais estão em sua maioria preocupados com documentação, fazendo wireframes, sitemaps, fluxos de navegação e entregáveis que tem como objetivo orientar a programação e o design das interfaces.

A fase de documentação deve estar toda embasada na etapa de descobrimento e entendimento das necessidades de comunicação digital dos clientes. Devemos extrair o máximo das empresas para evitar ruídos durante a concepção dos projetos.

O trabalho do arquiteto precisa ser mais estratégico e o wireframe é apenas uma entrega formal dentro do processo do design centrado no usuário. Não pode ser considerado como um texto em uma estátua que é tomado como verdade e não pode ser evoluído. O arquiteto imagina o que poderia ser ideal e o designer o ajuda com as possíveis evoluções. O trabalho do arquiteto precisa estar cada vez mais próximo do designer e as soluções precisam ser pensadas em conjunto e evoluídas com todos que estão participando do projeto.

Um projeto interativo deve estar em constante evolução, pois não se trata de um panfleto que você joga na rua e depois percebe que poderia ser melhor. Temos a oportunidade de fazer isso na arquitetura. Por isso que existe a famosa versão beta nas ferramentas do Google. Os projetos não podem ser lançados e abandonados logo em seguida. Eles precisam de evoluções frequentes e de redesenhos de acordo com a necessidade do momento.

Os arquitetos de informação têm um papel importante na equipe de concepção de um projeto e em algumas empresas já trabalham de forma bastante integrada com a equipe de planejamento.

Para entender melhor a atuação e os conhecimentos desses profissionais, foi feito um estudo apresentado no IA Summit in Miami 2008 sobre os perfis em arquitetura de informação. A criação e segmentação dos perfis foram identificados em experiências pessoais, entrevistas, discussões sobre AI em blogs e listas de específicas, entre outros estudos.

Facilitador

Facilita e conduz as discussões sobre o projeto, ajudando a entender o problema em busca de uma solução. Tem sempre o cuidado de balancear os interesses da equipe de projetos com os interesses dos usuários. O papel do facilitador é o de ajudar as pessoas que estão envolvidas no trabalho, dando o material necessário para que o projeto seja desenvolvido da melhor forma.

Expert

Analisa a situação e tenta chegar em uma solução eficiente com suporte aos objetivos da empresa e dos usuários. É o profissional que domina toda a parte de documentação e sempre está com uma solução de arquitetura de informação pronta na cabeça. É bastante objetivo em suas soluções.

Designer

Pensa sempre no futuro da solução, analisando os objetivos e pensamentos estratégicos do cliente. Possui a característica de pensar fora da caixa e é especialista em redesign de projetos.

Advogado

Avalia com frequência os resultados do projeto. Mantém sempre a equipe focada nas necessidades dos usuários. Quando não existe possibilidade de mudar o produto ou a estratégia, ele defini os objetivos de métricas e testes com usuários para ver se os prognósticos estão corretos.

O cenário do mercado atualmente

No início existia pouca preocupação com a usabilidade e a internet era voltada para as pessoas que tinham um conhecimento mais avançado em tecnologia, portanto, não existia muita dificuldade em utilizar esses sistemas. A comunicação digital e a verba para esse tipo de mídia tem crescido bastante a cada ano. Em ano de crise, empresas estão buscando alternativas mais baratas e eficientes.

Com o crescente aumento no número de venda de computadores, as oportunidades estão aí para as empresas aproveitarem e terem algum retorno investindo menos dinheiro, em comparação às mídias tradicionais.

A revista Veja (26 de novembro de 2008) fez uma matéria sobre as novas profissões, sendo arquitetura de informação uma delas. Fico preocupado quando começam a falar demais sem mostrar a verdadeira realidade. As pessoas se atraem facilmente por altos salários e na maioria das vezes nem sabem qual a capacitação que o profissional precisa ter para conseguir sucesso profissional.

A lista de arquitetura possui uma infinidade de pessoas interessadas no assunto e até os clientes começaram a perceber a importância da disciplina, pois sentem falta de uma boa usabilidade quando os problemas começam a aparecer. Os clientes não precisam entender de taxonomia, fluxos de navegação, sitemaps e wireframes, mas precisam perceber que esses documentos servem para mostrar o que foi pensado de forma estratégica e que tudo isso vai trazer algum tipo de retorno.

O mercado evoluiu bastante nos últimos anos e se os clientes estão exigentes, os usuários estão ainda mais. Eles perceberam que alguns sites são difíceis de usar e pedem projetos mais objetivos.

Além das agências de publicidade interativas, temos profissionais espalhados em agências de conteúdo, dentro do cliente, empresas de usabilidade, fábricas de software e até produtoras de games.

Luciana Cattony, arquiteta de informação da Gerdau e editora do blog Planta Baixa, fez uma pesquisa informal na lista de AI no Brasil perguntando quem trabalhava no cliente. Empresas com atuação global já possuem esses profissionais pelos corredores (como por exemplo, Gerdau e Petrobras), além de portais (Globo.com, UOL, RBS, etc), empresas online (curriculum.com, etc), editoras (Dental Press International), provedores web (Locaweb), bancos (Itaú, Santander, etc), empresas governamentais, empresas de tecnologia e também algumas universidades (UFMG, Unoeste, etc).

Delinear o futuro da arquitetura de informação

Já vivemos a época do design, onde tudo era resolvido com uma linda animação pisca-pisca feito na última versão do Flash. Hoje estamos na era do conteúdo e a arquitetura precisa se adaptar a essas mudanças.

arquitetura_informacao.jpgEm um workshop realizado na Talk este mês, tivemos várias discussões sobre novas formas de trabalhar. Esse gráfico acima criado pelo Henrique Brito resumiu tudo que foi discutido em uma semana de conversas sobre esse novo mercado.

Precisamos mudar o tempo que gastamos em execução para que a experiência do usuário seja feita da melhor forma possível. É preciso ter uma estratégia de conteúdo que seja pensada juntamente com arquitetura, design e desenvolvimento. Muito mais estratégia e menos execução.

Todo mundo já ouviu falar no termo web 2.0, que começou ser empregado quando a internet deixou de ser estática e começou a se tornar participativa. Hoje temos blogs, wikis, redes sociais, portais corporativos e intranets onde os participantes podem contribuir e construir conteúdos relevantes. Um dia desses percebi que leio mais blogs do que portais de notícias como Globo.com, UOL, Terra e etc.

Tenho visto algumas discussões e até mesmo preocupação em posicionar o arquiteto de informação dentro de uma equipe.

Alguns acham estranho quando esse profissional faz parte da área de criação ou planejamento. O arquiteto de informação do futuro, ou melhor do presente, precisa ter uma cabeça mais voltada para o planejamento de uma estratégia de conteúdo e fazer com que suas documentações e análises se tornem mais úteis aos clientes e usuários. Precisa ser um questionador e propor aos clientes soluções criativas e não produtos.

Peter Morville, um dos autores mais renomados em AI, fez uma apresentação no IA Summit 2008 sobre o desafio do arquiteto de informação com a web 2.0 e como fica o trabalho desse profissional nesses novos ambientes (arquitetura de informação 3.0).

A arquitetura de informação contempla, na opinião de Morville, a habilidade de criar uma camada de estrutura para o conteúdo e a classificação criada pelos usuários.

Ou seja, deixar o usuário criar conteúdo e classificações e depois organizar isso e otimizar as formas de apresentação e de busca.

Além do planejamento estratégico de comunicação, é preciso pensar em uma estratégia de conteúdo que será evoluída de acordo com o período e necessidades dos usuários. [Webinsider]

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Avatar de Rogério Pereira

Rogério Pereira é arquiteto de informação e atua na Huge.

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11 respostas

  1. É… tirando a parte dos salários, este artigo continua bem próximo da realidade atual heheheh 😀

    É isso aí Rogério, expressou na escrita o que tento explicar até hoje.

    O mais difícil desses, pra mim, é o Advogado.
    Olha… como é difícil fazer as pessoas entenderem que AI não é só Wireframe/Prototipação e muito menos um esqueleto pro Designer “desenhar” em cima.

    É nítida a diferença no resultado de produtos que passaram pela mão de bons arquitetos de informação e projetos feitos sem embasamento, planejamento e foco no usuário.

    Uma coisa é fato: NINGUÉM sabe exatamente o que o usuário quer, como ele se comportará, como aceitará… Incluindo “o cara da AI”. Isso você só sabe testando, analisando, pesquisando e evoluindo…

    Não tem atalho e nem fórmula pronta (e muito menos mágica).

    É isso ae… bola pra frente que atrás vem o usuário hehe 😛

    []s e sucesso a todos.

  2. Parabéns pelo Artigo. Realmente AI é uma área que merece a atenção e com certeza vai conseguir em algum tempo ótimos profissionais.

  3. Nossa belo post!Concordo plenamente com tudo que foi dido! Além do mais apoio a questão do arquiteto andar lado a lado com a criação, pois isso possibilita a criação de sites mais elaborados. Pois a minha maior preocupação é que hoje muitos profissionais fazem sites por fazer sem nenhum estou.

  4. Também me considero uma criança que tá aprendendo quando penso na quantidade de informações, possibilidades e propostas, que o estudo de AI pode trazer para uma melhor experiência no uso da web como fonte de informação e também de formação.

  5. Compartilho da preocupação do autor sobre a necessidade de mostrar a realidade ao arquiteto da informação; é preciso capacitação profissional para o sucesso intelectual e financeiro na atividade.

  6. Cara, mt bom seu texto. Realmente é isso que mt gente precisa ter na cabeça qdo se fala em AI e profissionais de AI. Tem mt gente que ainda acha desnecessário mas ainda bem que isso vem mudando…
    Abs.

  7. Parabéns pelo Artigo. Realmente AI é uma área que merece a atenção e com certeza vai conseguir em algum tempo ótimos profissionais.

    Como mesmo fala o Guilhermo ainda somos bebês que estão crescendo como muita paixão.
    Precisa ter paixão realmente.

    []s e muito sucesso.

    Daniel

  8. Salve Roger!

    Muito bacana sua reflexão.

    A AI precisa voltar a ser vista como uma área macro (the big IA) ao invés de uma área micro (the little IA) que só encaixa caixinhas dentro de pensamentos pré-fabricados.

    O que deve atrair as pessoas para a AI não são os salários, mas sim uma carreira de múltiplas possibilidades.

    Cada se um faz o AI que quer!

    Esses são meus cents…

    []s,

    Wally

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