Uma estratégia multiplataforma não pertence apenas ao mundo da propaganda. Multiplataforma é a forma como grande parte da sociedade atual consome informação e entretenimento.
As pessoas não consomem mais um produto (informação, entretenimento, história e etc…) de forma isolada, utilizando apenas um meio de comunicação. Anteriormente fazer cinema, era produzir um filme e reproduzi-lo nos cinemas. Fazer televisão era gravar um programa exibi-lo na programação. Escrevíamos um livro e vendíamos nas livrarias, com sorte ele podia virar um roteiro para um filme ou minisérie.
Atualmente, a indústria do entretenimento e informação busca a produção de narrativas multiplataformas. Para isso, primeiramente é necessário entender que o foco é a narrativa. Uma boa história pode se desdobrar de várias formas, se multiplicando em vários meios. É preciso desenvolver um conteúdo que interesse as pessoas. Um conteúdo que seja possível dar continuidade em novas versões, em novas mídias, em novas histórias.
Entretanto, é preciso entender que o conteúdo não é apenas adaptado e repetido em diferentes mídias. Cada meio possui seu papel na convergência de informação que chegam as pessoas. O produto final é a soma da narrativa de todos os meios. Cada meio é responsável por contar parte ou detalhes da história. Entretanto, a história pode ser entendida, mesmo que você não tenha acesso a todas as plataformas.
Algumas das principais produções dos últimos anos realizadas na indústria do entretenimento são narrativas multiplataformas, como Matrix, Star Wars, Harry Potter e Heroes.
Levando o conceito para o mundo da propaganda. Veja o case Best job in the world, um verdadeiro trabalho multiplataforma. Premiada nas categorias Cyber, Direct e Promo em Cannes, a campanha soube usar de maneira magistral várias mídias e meios. Possui belas peças publicitárias, hotsites bem desenhados, vídeos interessantes e etc…
Mas a questão central não são as peças isoladas com suas frases inteligentes, imagens criativas e sacadas publicitárias. O grande chamariz foi a chance de ganhar um emprego para trabalhar em uma ilha paradisíaca, algo que muitas pessoas pagariam por isso, e ainda ganhar 20 mil dólares por mês.
Outra questão fundamental do case, foi como esse grande chamariz convergiu nas diferentes mídias, sabendo que cada uma tem o seu papel dentro da ação.
Uma importante ação foi entender que o conteúdo não é só seu. O efeito viral da campanha com indicações e comentários, tanto dos meios de comunicação tradicionais, como das pessoas comuns foi um dos grandes destaques da ação (esse foi a principal plataforma que a grande massa teve acesso a propaganda).
Claro que a divulgação tradicional que foi realizada através de anúncios em cadernos e portais de empregos foi bastante oportuna e ajudou no inicio da divulgação.
Outra questão importante foi desenvolver o processo de seleção em várias etapas, utilizando as plataformas corretas em cada momento. Primeiro pedindo o cadastro dos vídeos pela internet, depois fazendo a seleção dos integrantes com cobertura de programas de TV. Até chegar ao vencedor, que você pode acompanhar hoje seu dia-a-dia, através de blogs, twitter e etc…
Ou seja, a criatividade não foi produzir uma campanha cheia de anúncios com frases inteligentes. Mas a construção de uma narrativa que interessou seu público, utilizou as ferramentas corretas para propagar essas informações, que se desdobrou em diferentes mensagens em diferentes momentos e, o mais importante, entendeu que a participação e colaboração das pessoas são fundamentais.
Desenvolver estratégias multiplataformas não é uma tarefa simples. É necessário agregar conhecimento de várias áreas, como entretenimento, propaganda, internet e novas tecnologias. Também não é o tipo de estratégia que deve ser usada a todo o momento, para todos os anunciantes.
Mas com certeza é hoje a maneira mais eficiente de construir e posicionar uma marca, que é o papel mais importante da Indústria da propaganda. [Webinsider]
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Rafael Andaku
Rafael Andaku (rafael@e-brand.com.br) é consultor da inbate e diretor de criação da e-brand
4 respostas
O interessante é que esse é o mesmo texto que encontrei outro dia na wikipedia.
Recomendo o livro Blogs Lucrativos – http://bit.ly/livroblogs
Sensacional, Rafael.
Seu texto explica bem algo que observo: o chamariz certo para cada canal. Construir a história deixando pedaços dela em cada meio. Mas sem que um pedaço dependa do outro. Muito Bom.