Tem se falado muito sobre como manter seus dados sigilosos na internet. Em como o Google possui informação demais sobre nossos hábitos, nos deixando um tanto desconfortáveis com isso.
Agora devemos olhar o outro lado da questão. As empresas nem precisam inventar maneiras muito elaboradas para conseguir informações sobre as pessoas. Porque nós mesmos divulgamos em todas as direções o que gostamos, nossos sonhos e brigas. Expomos nossas vidas pessoais para quem quiser ver, copiar e distribuir.
Quando surgiu, o Orkut permitiu até aos analfabetos digitais postar as fotos do final de semana, participar de comunidades e trocar recados.
Sem dúvida ajudou a democratizar o acesso ao conteúdo online. Mas, ao abrir as portas para alguns, possibilitou que estes escancarassem as janelas de suas vidas para todo mundo. E apesar do intuito (inocente, podemos dizer) em dividir seus bons momentos com os amigos, não há garantia algum que somente os tais amigos realmente vejam.
Quem garante que as fotos de sua filha ou irmã de biquíni não vai parar em algum site de pornografia?
Não há garantias. E a culpa é total de quem postou. Você.
No Orkut, não adianta muito marcar a opção que permite apenas seus contatos poderem visualizar as fotos. Basta que um dos contatos (amigo?) copie a imagem e repasse por e-mail para a lista de contatos gigante dele, talvez até fazendo algum comentário maldoso.
Se o caso acima ocorre com um adulto, podemos dar de ombros de dizer “bem feito”. Até porque ela é dona do próprio nariz e faz o que quiser. A questão torna-se preocupante quando pensamos que poderia ser uma adolescente, por exemplo.
Existe uma tendência, principalmente entre os jovens, de expor suas vidas quase na totalidade. Se for ao shopping, posta no twitter; resolve fazer alguma macaquice, filma e posta no YouTube; visita uma amiga, tira foto e posta no Orkut, Flickr ou Facebook, foi assistir filme, posta no blog.
Essa necessidade quase patológica de exposição facilita a vida dos bandidos. Principalmente dos predadores sexuais.
Ele sabe onde a menina mora, que roupas ela veste, como é o quarto, o que gosta de assistir e ler quando fica sozinha. Tem um dossiê à disposição sem fazer esforço.
Pensando nisso, em alguns países europeus foram lançadas propagandas com o intuito de conscientizar, principalmente os jovens, sobre o cuidado ao expor informações pessoais. Os personagens da propaganda começam a ser cumprimentados por desconhecidos que sabem seus nomes. Inclusive pessoas de má índole.
E este é o caminho, mostrar que a realidade é assustadora. Pois o mundo virtual, justamente pelo nome, deixa a impressão para muitos de que o que ocorre ali, não terá conseqüências no mundo real. Um erro de julgamento muito perigoso.
Veja no meu blog o link para o vídeo da propaganda. O link para um dos vídeos está no Youtube. [Webinsider]
.
Acompanhe o Webinsider no Twitter.
.
Maicon Sobczak
<strong>Maicon Sobczak</strong> (maicon@guiaerechim.com.br) é técnico em informática, designer gráfico e webdesigner. Mantém um <strong><a href="http://www.maiconweb.com/blog" rel="externo">blog</a></strong> e um <strong><a href="http://twitter.com/maiconweb" rel="externo">perfil no Twitter</a></strong>.
6 respostas
Acho que é oportuna a opinião do autor. Não se trata de apontar culpados, mas, de evitar o pior. Não adianta depois do fato consumado todos ficarem discutindo quem está mais ou menos errado, quando poderíamos discutir outros méritos de questões mais importantes. Não há como negar que estamos vivendo numa época em que alguns valores são deixados de lado, começando de nós mesmos. A preocupação com o ter está tão impregnada na sociedade que cada um quer ter mais do que o outro e, em escala maior ou menor, cada um quer mostrar-se no seu meio. Em certos casos, é mais importante exibir uma vida privilegiada materialmente do que uma reputação exemplar. Os noticiários estão todos os dias falando destas coisas, que se tornaram tão corriqueiras ao ponto de serem vistas quase como normais. o modo de vida de parte dos humanos quase se assemelha ao dos animais. E estes sabem que para sobreviver é necessário às vezes mudar de cor, esconder-se e adaptar-se para não sofrerem ataques predadores (ainda que eles aconteçam). É uma questão de sobrevivência. Será que estamos ficando menos inteligentes?
É meio inadequado dizer, mas… Concordo em gênero, número e grau.
Acho que terceirizar a culpa não é a saída. Veja, colocar fotos em sites não é diferente de sair em jornais e revistas. Um artista que tem a foto montada como se fosse um ator/atriz porno, garoto de programa, que culpa tem ele? Absolutamente nenhuma. É claro que devemos preservar nossa vida particular e íntima. Mas colocar fotos normais e ainda ser responsabilizado por aparecer como prostituta na europa por uma fotomontagem é absurdo.
Há um tempo atras o Luciano Hulk foi criticado por ter sido assaltado e terem levado um relogio dele que custava uns R$ 10.000. Motivo da crítica: Ele disse que o assalante era o criminoso e o responsávl. Sabe o que disseram? Ele estava chamando a atenção.
Pois é, o relógio era legal, o dinheiro usado para comprar era legal. A renda dele justifica aquela compra. Pergunta: PORQUE ELE NÃO PODE COMPRAR ALGO QUE O TRABALHO HONESTO DELE PERMITE? É realmente ele o responsável pelo assalto? Ele ter dinheiro e trabalhar honestamente torna ele o culpado?
Isto dai abre margem para perguntas mais cretinas como por exemplo: Eu morando em um apartamento de R$ 5.000.000 e cercado de luxo, se alguém entrar lá para roubar, sou eu o culpado por ter tudo aquilo dali? Eu andar em um carro de R$ 100.000 me torna mais culpado por ser assaltado do que eu andando em um carro de R$ 10.000?
Sobre o estupro, você fica tão sem graça de defender o seu pensamento que diz sem querer justificar a atitude sordida do estuprador, como quem diz o estupro é absurdo, mas ela tem um pouco de culpa sim. Pergunto eu: Uma mulher de saia ou bikini atrai mais a atenção não é? Logo o estuprador seria menos culpado do que ela estando de calça comprida?
E sendo um pouco filosófico, tudo que acontece conosco em última análise é culpa nossa
Sendo um pouco filosófico, é isto que torna o Brasil o que é.
Olá Eduardo. Agradeço seu comentário.
Ao dizer que a culpa é de quem posta, parto do pressuposto de que a pessoa não precisa colocar tudo que é foto que tira de si mesma na internet. Ao contrário de sair para a rua, que é necessário e daí pode ser asssaltada, no meio online a pessoa pode evitar o perigo simplesmente cuidando o que posta.
E sendo um pouco filosófico, tudo que acontece conosco em última análise é culpa nossa. Observe que a minha afirmação diz respeito a pessoas adultas e não aos jovens que ainda estão aprendendo como o mundo funciona e que são as maiores vítimas.
Você exemplificou o fato da minissaia e o estrupro. Sem querer justificar a atitude sordida do estuprador, quando a mulher coloca uma minissaia ela deve saber que vai provocar reações sexuais em quem vê e vai se tornar mais atrativa tanto para possíveis parceiros como para doentes mentais.
E é esse meu ponto com o artigo. Se você pode evitar, pra que se arriscar?
MALDITA INCLUSAO DIGITAL!! – frase do seculo.
quer mostrar a bundinha pros amigos? quer pagar de magnata? aguenta as consequencias.
Quem garante que as fotos de sua filha ou irmã de biquíni não vai parar em algum site de pornografia?
Não há garantias. E a culpa é total de quem postou. Você.
-> Errado. É como culpar a vítima de um assalto por ele ter sido assaltado, é como culpar a mulher de vestido ou saia pelo estupro. Não é diferente do que fizeram com aquela garota na universidade UNIBAN, que ainda que ela estivesse nua aquela atitude seria justificável.
Se a culpa é de quem postou, então é ele quem deveria ser preso e não quem pegou a foto e fez a montagem ou utilizou indevidamente.