O Nero Burning ROM foi um dos primeiros e mais importantes programas para montar e queimar mídias óticas, desde o aparecimento do CD gravável. O tempo passa e ele continua sem rivais à altura. Na versão 2024, pouca coisa mudou do que já era bom.
Durante o advento da mídia gravável e regravável em CD, os primeiros drives trabalhavam de forma muito crítica: além de super lentos, eram desprovidos de buffer de memória, um dos seus principais problemas, e careciam de recursos operacionais mais generosos, tanto do sistema operacional quanto do hardware utilizado, como CPU, memória RAM, etc.. A primeira vez que eu vi um CD-R ser gravado, todos os programas do sistema operacional que estivessem rodando precisavam ser desabilitados, ou seja, somente o programa de queima estaria ativo. E era preciso cruzar os dedos, porque a mídia propriamente dita não era confiável.
O tempo provou que a inexistência do buffer de memória era um dos motivos pelos quais a queima de um CD-ROM fracassava e não tinha recuperação. Para quem não conhece este tipo de tecnologia, basta dizer que o “buffer” (“tampão”) se refere a um armazenamento temporário de dados, mas de tal maneira que a memória que é consumida é rapidamente reposta, mantendo assim o buffer cheio.
O termo buffer sempre foi usado em química, quando no laboratório se precisa usar um meio onde o valor do pH é mantido constante. O buffer químico impede que o pH varie abruptamente. Notem que o mesmo princípio se aplica ao buffer de memória, neste caso impedindo que a memória no buffer se esvazie.
O que os fabricantes de drives para CD-ROM precisaram fazer foi colocar um buffer dentro do drive. Este recurso levou diversos nomes de fantasia, e variaram de tamanho conforme os modelos oferecidos. Mas, além disso, é possível fazer buffer de memória com a memória RAM do sistema, aumentando assim as chances de nunca perder os dados que estavam sendo gravados no CD-ROM. Este último buffer é feito pelo programa de queima da mídia.
O meu primeiro drive com buffer de memória foi um modelo da marca Plextor. Porém, a melhor forma de gravar qualquer mídia que eu achei foi usar o então inédito Nero Burning ROM, que trabalha muito bem com os dados a serem gravados:
Durante anos, eu fiz um enorme esforço para digitalizar o que sobrou da minha coleção de elepês. A restauração se dava em várias etapas: a primeira, transcrevendo o som dos discos e o transformando em arquivos PCM (WAV, no caso do Windows); depois, submetendo cada faixa PCM à restauração, para retirada de ruídos de impulso e outros tipos de filtragem; a seguir, seria preciso montar o conteúdo para autorar o disco de forma idêntica ao original.
Foi neste ponto que o Nero Burning ROM me salvou, porque vários dos meus elepês tinham concertos sem interrupção. Segundo o Red Book dos CDs, o intervalo padrão entre as faixas é de 2 segundos. E neste caso, para que não houvesse interrupção da reprodução, este intervalo precisava ser zerado.
Em outros casos, o elepê tinha faixas sem interrupção e outras com interrupção da música gravada. O Nero Burning ROM foi, e acho que ainda é, o único programa de queima que me permitiu programar o intervalo de todas as faixas separadamente, enquanto outros aplicativos se limitavam a estabelecer somente ausência pura e simples dos intervalos, tornando assim a tarefa de montagem deste tipo de disco impossível!
Na versão 2024
Eu já escrevi para o Webinsider apreciações das Suites Plantinum da Nero AG, uma em 2017, a outra em 2019, por cortesia da Renata Bosco, editora-chefe da Allameda, empresa que era representante da Nero no Brasil.
Eu usei, por conta própria, várias versões do Nero Platinum, e atualmente a lançada este mês na versão de 2024, eu atualizei diretamente na Nero AG. Quem quiser saber os novos recursos, aí vai a propaganda:
O Nero Burning ROM de 2024 inclui alguns algoritmos parecidos e outros novos, como, aliás, o resto da Suíte, que, como manda a moda, usa “inteligência artificial”, a principal delas no upscale de imagens, muito interessante:
No passado, a Nero AG foi acusada de “bloatware”, em outras palavras, de “inchar” a suíte de programas que ninguém quer. Mas, depois de muitas reclamações, a Nero decidiu vender aplicativos em separado, motivo pelo qual eu continuei a usar somente o Nero Burning ROM.
Não me arrependo de ter passado eventualmente para a Suite Platinum. Alguns programas me foram de valia para outras aplicações, como o Nero Video, para montar o meu modestíssimo canal do YouTube. Também já usei o Nero Recode algumas vezes, útil para contornar alguns problemas de codecs de áudio ou vídeo.
Mas, para mim, como um insistente colecionador de discos, o Nero Burning ROM continua o melhor de todos os aplicativos, e eu torço sempre que ele seja mantido com a melhor qualidade possível.
O tempo faz com que a gente abandone recursos importantes que foram úteis no passado. Na minha máquina, por exemplo, todos os programas de estatística e gráficos foram desinstalados em definitivo, porque perderam a razão de ser.
Eu continuo fazendo montagem de mídias, hábito que hoje em dia faz parte somente dos colecionadores de disco dedicados e que têm noção de como fazer isso de forma correta. Creio que, eventualmente, a montagem de discos perderá o sentido, não porque eu sou apologista e ferrenho usuário de serviços de streaming, mas porque a idade nos compele a colecionar cada vez menos, só isso!
Enquanto isso não acontecer, eu continuo fã do Nero Burning ROM, achando nele sempre alguma coisa útil para fazer com ele! [Webinsider]
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Nero Platinum 2019: instalação, problemas e potenciais soluções
Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.