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A Segunda Guerra Mundial no cinema mostra uma procura sem fim por respostas ainda não plenamente satisfatórias. Alguns filmes chegaram mais perto.

 

Já há muito tempo, eu perdi a conta de quantas vezes a Segunda Guerra Mundial serviu de pano de fundo para obras de qualquer tipo. O cinema que eu assisti foi talvez a mídia que mais se beneficiou do assunto, desde filmes de grande qualidade, com a inclusão de lições de moral, alguns com discurso antiguerra, até filmes que são pura propaganda.

E o mais irônico desse último tipo de filme foi a abstração pós-guerra de cientistas e de tecnologia vindas do ambiente inimigo, para o benefício dos seus captores. Um exemplo típico dessa situação foi o papel de Von Braun, cientista que conseguiu levar os americanos à lua, e vencer a corrida espacial.

Durante muito tempo, eu achei que o tema “segunda guerra” se tornou recorrente porque ela foi o mais recente e mais documentado conflito de grandes proporções, com a perda de vidas em alta escala.

Mas, hoje me parece que existe uma procura sem fim de respostas a respeito do assunto, que ainda não foram plenamente explicáveis, nem mesmo ao nível da psicanálise ou da filosofia social. Basta abrir o YouTube para se ver isso em abundância. A procura de respostas se complica, porque esbarra na ausência da presença dos principais responsáveis pela eclosão e manutenção dos eventos bélicos.

Além disso, a guerra se encerrou em 1945, ou seja, praticamente 80 anos atrás, sendo difícil achar sobreviventes que pudessem acrescentar alguma informação nova. Uma dessas raras exceções foi a do filme “Der Untergang”, de 2004, e assim mesmo, alguns dos relatos do filme continuam contestados por terceiros, entre eles os que ainda acreditam que o suicídio de Hitler foi pura encenação, e que ele e Eva Braun teriam fugido para a Argentina.

Um aspecto que me parece nunca ter uma explicação satisfatória foi o da ascensão dos nazistas e do consequente carisma de Adolf Hitler, já alvo de inúmeras teorias e conjecturas, formuladas por historiadores competentes. Isso talvez se deva ao fato de que Hitler conquistara o espírito patriota e resgatado o orgulho da maioria do povo alemão, que preferiu ignorar o espírito belicista e ditatorial que ele encarnava na frente de todo mundo.

As teorias sempre levantadas a este respeito falam da humilhação sofrida pelos alemães, depois da assinatura do tratado de Versailles e a reação da acachapante dívida de guerra e perda territorial, impostas à Alemanha.

Esta teoria é muito abrangente, mas faltaria explicar a ausência de resistência à invasão de territórios vizinhos, logo após a ascensão dos nazistas, levada a cabo pelo exército alemão. Eu convivi e trabalhei ao lado de europeus. Um dos meus colegas emigrou para o Brasil depois de ter vivido a segunda guerra no quintal de casa, e me afirmou com segurança de que algumas dessas invasões contaram com o apoio popular dos territórios invadidos. Apoio esse depois desconstruído pelos maus tratos dos invasores.

O estudo da história será sempre importante

Meus professores de História no segundo grau insistiam, com toda a razão, de que qualquer assunto do passado merece, e na realidade deve, ser amplamente estudado, para que erros não se repitam. Um deles sugeria sempre aos estudantes fazer o questionamento, na observação dos fatos históricos, se a história se repete, ou é cíclica. Tudo isso implica na discriminação do que é a análise mais próxima dos eventos do que na narrativa tendenciosa daqueles que aproveitam o assunto para se vingar dos sofrimentos sofridos nos períodos de guerra.

Tal atitude é facilmente identificável em filmes e documentários, tanto quanto em relação aos alemães e aos japoneses também. Na imprensa de propriedade judaica, ainda é possível se ver este tipo de tendenciosidade. Aqui no Brasil, foi a revista Manchete, propriedade de Adolfo Bloch, judeu nascido na Ucrânia, que constantemente achincalhava a figura do Hitler. Eu vi isso ainda adolescente, e a campanha da revista durou por muitos anos. Nada disso compreende uma análise que nos ajude a entender a história e torcer ou rezar para que ela nunca mais se repita!

Os filmes com narrativas quase perfeitas

No cinema inglês, filmes como “Battle of Britain”, de 1969, e principalmente “A Bridge Too Far”, de 1977, fazem o relato histórico ser acompanhado de críticas ao comportamento dos aliados, de forma contundente.

Uma análise competente do comportamento humano durante a guerra pode ser vista no excelente “A ponte do rio Kwai”, de David Lean, que conta com a presença imponente do ator Alec Guiness, no papel principal. No final do filme o médico do campo, ao ver a destruição da ponte, fala repetidamente “Loucura, loucura…”.

Em Das Boot, seriado transformado em filme de longa duração, dirigido por Wolfgang Petersen, se descreve com precisão as reações dos marinheiros alemães confinados dentro do submarino sob ataque de seus inimigos predadores. A história nos conta que durante muitos anos, os submarinos alemães, conhecidos como U-Boat, infernizaram a vida dos navios e comboios aliados. No filme se mostra a reação dos comboios em um período no qual os submarinos alemães se tornam vítimas das escoltas que os protegiam.

Quando o cineasta Robert Parrish estava montando o documentário The battle of Midway, ele perguntou a John Ford se ele queria a edição do filme como propaganda, ao que Ford respondeu: “Nunca mais me repita isso, este filme é endereçado às mães e famílias daqueles que morreram no campo de batalha”. Ford arriscou a vida filmando cenas daquele conflito, em pleno bombardeio, e voltou da guerra revoltado com o desperdício de vidas naquele e em outros conflitos. A sua obra cinematográfica nunca mais foi a mesma.

Os alertas contra as guerras e contra os ditadores foram temas constantes usados por vários cineastas. Muito do que fez por ditadores “em nome da democracia” foi somente a estratégia usada por líderes carismáticos para se manterem no poder. Infelizmente, neste aspecto, a história se repete, e enquanto ela durar nunca haverá paz e tranquilidade, ou a tal sonhada democracia que todo povo merece! [Webinsider]

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Os cineastas que foram para a Guerra

 

A Segunda Guerra Mundial, eterno pano de fundo em filmes e seriados

Nada de Novo no Front

Der Untergang

 

Documentários sobre a Segunda Guerra Mundial

Winston Churchill e a Segunda Guerra Mundial de volta nas telas

Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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2 respostas

  1. Possuo o filme Downfall, e posso garantir que é o melhor retrato do final da 2ª guerra, com um final muito questionável sobre a morte Adolf Hitler. Recentemente foi descoberto um Submarino U-boat Alemão camuflado no fundo do mar perto da costa Argentina. Segundo o pesquisador Abel Basti, Hitler viveu incólume na Argentina até morrer, de causas naturais, aos 80 anos de idade, no Paraguai, tendo inclusive visitado o Brasil em pelo menos uma ocasião.

    1. Oi, Rogério, eu tenho visto vários vídeos sobre a suposta presença do Hitler na Argentina, mas ninguém conseguiu provar nada até agora. O que é fato, e Downfall se baseia em filmes da época para mostrar isso, é que Hitler era portador de Parkinson, portanto o suicídio para um indivíduo fisicamente decadente, e provavelmente paranoide, não seria nada difícil de aceitar. Mas, infelizmente, muitos documentos e fatos da segunda guerra foram, e provavelmente ainda são, mantidos em segredo, ficando difícil até para os mais experimentados historiadores tirarem conclusões a respeito de qualquer assunto.

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