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Ok, confesso. Eu sofro do mal do século. Sou um ansioso por informação. Noto já alguns sintomas claros da doença.

Logo cedo, meu mouse já virou há muito minha escova de dente. E, ao chegar em casa, o tempo entre o barulho da maçaneta da porta de entrada e o do teclado, dura menos do que 30 segundos.

Nesse grau avançado da doença, fico até nervoso quando leio sobre o futuro. Mês passado a Universidade da Califórnia publicou um estudo que garante que cada ser humano produz 800 MB de informação por ano. Os dados em meios magnéticos no planeta dobraram em quatro. E vão crescer 30% a cada um.

Mais: segundo Peter Large, do livro “A Revolução do Micro revisitada”, ainda inédito no Brasil, nos últimos 30 anos produziu–se um volume de novas informações maior do que nos cinco mil anos precedentes.

Já fiz os cálculos. O disco rígido da minha limitada e humilde existência não vai comportar tal volume. Assim, faz mais ou menos um mês tomei uma decisão radical. Resolvi desligar o micro de trabalho no final de semana e depois das 19 horas nos dias úteis.

Só os colegas viciados sabem como sou corajoso.

Ou seja, estou evitando no horário de folga receber novas informações, que podem me deixar nervoso.

Como tenho uma segunda máquina em casa, reinstalei uma placa de TV, pluguei a câmera digital e o tocador móvel de MP3.

De lá acesso, por exemplo, o mapa ou a rota de um endereço, de uma festa, compro ingressos ou abasteço de fotos meu Fotolog. Só lazer! ICQ e e–mail no fim de semana, nem pensar!

E afirmo: já sinto melhoras visíveis. Tenho planejado melhor o lazer com a família e aportado na segunda–feira revigorado.

“Somos tranqüilizados por uma torrente de fatos superficiais, ficamos entorpecidos, passivos e pouco receptivos devido a um empanturramento de dados que não conseguimos transformar em informação de valor por não dispormos do tempo e dos recursos necessários”, afirma Richard Saul Wurman, autor do livro “Ansiedade de Inform@ção – como transformar informação em compreensão”, da editora Cultura.

E continua: “Assim, a grande era da informação é, na verdade, uma explosão da não–informação – uma explosão de dados”. Segundo ele, “informação deve ser aquilo que leva à compreensão”.

Michael Crichton, autor da “Vida Eletrônica: como pensar sobre computadores”, ainda também não lançado em português, afirma que “o que as pessoas realmente querem, quando falam de informação, é significado, não fatos. Indubitavelmente, somos bombardeados com fatos demais – bits de dados isolados e sem contexto”.

E defende: “Mais significado e menos fatos!”.

Theodore Roszak do livro “O Culto da Informação”, também inédito por aqui, argumenta que “em função da veneração mística que passou a cercar o computador (…) perdemos de vista a suprema verdade de que a mente pensa com idéias, não com informação”.

Assim, lazer é preciso, navegar nem tanto.

Nessa linha, a turma dos ansiosos anônimos, já criou até mantra: “desligue seu micro no fim de semana, que sua ansiedade será baixada com segurança!”. [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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