Um computador e uma conexão internet é tudo o que você precisa para telefonar a qualquer lugar e finalmente entrar no mundo da Voz por IP (VoIP), tão badalado hoje em dia. Se a outra pessoa tiver um computador conectado, a ligação é de graça. E nem precisa ter banda larga, pois a qualidade da voz é quase perfeita, mesmo em conexão discada.
Do computador para telefone comum
Não é brincadeira e nem propaganda de lanchonete americana – onde o sanduíche do cartaz é grande e maravilhoso, mas no balcão a história é outra. As ligações pela internet são gratuitas entre computadores e custam apenas alguns centavos se realizadas de um computador para um telefone fixo ou celular.
O sistema de telefonia pela internet, também conhecido como telefonia IP (por usar o protocolo de internet) ou VoIP (Voice over Internet Protocol), não chega a ser novidade nas empresas que investem em tecnologia, mas hoje o usuário doméstico, sem conhecimentos técnicos, pode usufruir de um jeito bem fácil.
O processo é simples: com um software específico e gratuito, a voz da pessoa é convertida em pacotes digitais e, na outra ponta, o receptor escuta pelo telefone. Tudo em tempo real. Todo o material necessário, além da conexão internet, é um microfone e, se você quiser mais clareza no áudio, um fone de ouvido.
Denilson Ferreira, sócio–gerente da Future.com, nem concebe mais a idéia de voltar a usar telefone para ligações interurbanas. “Antes, a conta era de R$ 400 só com ligações para fora. Hoje o custo é quase zero”, diz. Ele usa o Skype – o programa mais popular e eficiente para ligações via internet, desenvolvido pela mesma equipe que criou o Kazaa.
O download e uso do Skype é grátis, basta criar uma conta e começar a conversar com outros usuários que também tenham o programa instalado. Para fazer ligações “externas”, ou seja, do PC para telefone convencional, o usuário precisa comprar créditos diretamente no site.
Há tarifas diferenciadas para países e uma tarifa unificada para os destinos mais comuns. Você vai pagar, no mínimo, a metade do preço da ligação normal. Em certos casos, a economia ultrapassa 80% do valor de antigamente. O Skype já ultrapassa os 110 milhões de usuários.
Teles reclamam da falta de regularização
O lucro do VoIP vem do uso corporativo e o residencial responde por uma fatia menor. No entanto, com o crescimento da telefonia IP para usuários domésticos, as teles reclamam, mas nada fazem para reconquistar o usuário que não agüenta mais pagar fortunas de telefone.
A Telemar resume o argumento de que “um mercado competitivo é saudável, mas acredita que a regra deve ser a mesma para todos que fazem parte da competição. Não faz sentido a competição de serviços regulados e fiscalizados com outros, não regulamentados e não fiscalizados. No caso do Brasil, contrariam o interesse público”, define a empresa em nota oficial.
Ainda de acordo com a diretoria da Telemar, a telefonia IP só faz sentido se for oferecida dentro de um quadro legal, regulatório e tributário. A Anatel, órgão regulador de telecomunicações no País, já se pronunciou sobre VoIP: considerando que o uso ainda não atingiu um patamar de influência comercial a ponto de haver intervenção. A agência adianta que, somente quando a telefonia IP representar um terço do total dos serviços de telecomunicações em uso (o que corresponde a 15 milhões de usuários), haveria necessidade para regularizar as ligações de longa distância.
No campo empresarial, a história também vem mudando. “Há empresas ilegais oferecendo VoIP, sim, mas a maioria é regular e trabalha oferecendo um produto diferenciado e que pode gerar lucro para todo mundo”, explica Cássio Spina, diretor da Trellis, empresa com serviços e produtos para VoIP.
Várias soluções específicas para empresas estão sendo lançadas, inclusive localmente, como é o caso do Ipervoz, da Cabo Mais, que não exige sequer um computador – tudo é feito com telefones normais. Só que a ligação é feita pela internet. De acordo com a empresa, o custo final chega a ser até 40% mais barato do que as ligações convencionais, mas por enquanto só é destinado ao ambiente corporativo.
Provedores não perdem tempo
Reunir o útil ao agradável. Com o usuário já conectado à internet, bastaria o provedor fornecer um meio para usar esta mesma conexão e realizar chamadas telefônicas. É o que vem fazendo o Yahoo! e, com mais destaque, o Universo Online. Pelo UOL Fone, um programa de apenas 1 Mb e todo em português, assinantes e não–assinantes ligam para qualquer país do mundo, para telefones fixos e celulares, de forma direta e objetiva. A qualidade da voz é perfeita e, mesmo com conexão discada, não faz feio.
É um paradoxo: usar o telefone para conectar à internet e poder “telefonar” para um parente no interior. Pelo UOL Fone, ligações de Pernambuco para São Paulo custam R$ 0,18/min e R$ 0,20/min para o Rio. Outras localidades custam R$ 0,31/min e chamadas para celular, em qualquer localidade, ficam por R$ 1,18/min. Ligar para o Canadá custa somente R$ 0,12/min – quase de graça, se comparado com o preço cobrado pelas operadoras.
O Skype ainda é o programa mais utilizado e tem versão em português. A desvantagem é que, para comprar créditos de ligação, o usuário precisa de um cartão de crédito internacional ou uma conta no Paypal, um serviço de transferência monetária online. A vantagem é que há mais recursos e bem mais gente usando. Você pode telefonar e digitar ao mesmo tempo, além de ver a pessoa em tempo real, se tiver webcam. [Webinsider]
Paulo Rebêlo
Paulo Rebêlo é diretor da Paradox Zero e editor na Editora Paradoxum. Consultor em tecnologia, estratégias digitais, gestão e políticas públicas.
2 respostas
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Só quero ligar de graça