A acessibilidade é fundamental por uma série de fatores. Além de permitir o acesso de pessoas com algum tipo de deficiência aos inúmeros recursos da internet, permite que possamos acessar os sites através de dispositivos e navegadores alternativos.
Recentemente, a ONU encomendou um estudo da acessibilidade em nível mundial. Os resultados revelaram uma situação catastrófica: a grande maioria dos sites avaliados não cumpre sequer os requisitos mínimos.
Foram escolhidos 20 países com um nível considerável de desenvolvimento na infraestrutura relacionada à internet. Buscou-se também escolher de quase todos os continentes.
A partir da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, definida em dezembro de 2006, foram escolhidos sites de cinco setores, considerados áreas importantes na interação de pessoas com a internet: viagens (companhias aéreas), finanças (bancos), mídia (jornais), política (sites governamentais) e vendas (e-commerce).
Em cada um dos países foi escolhido um exemplo por setor, num universo total de 100 sites. Foi assim realizada uma avaliação de conformidade das páginas em relação ao documento que é a referência em termos de acessibilidade, o Web Content Accessibility Guidelines (WCAG), atualmente na versão 1.0.
O documento consiste em 65 pontos de verificação que são divididos em três níveis de prioridade. Cumprir apenas os requisitos de Prioridade 1 designa um site como Single-A. Satisfazer aos pontos de Prioridade 1 e 2 define um site como Double-A. Atender a todos os requisitos, nos três níveis de prioridade, significa Triple-A.
No estudo, foram considerados todos os pontos de verificação e utilizou-se uma combinação de avaliação manual com o uso de ferramentas de validação automática.
Os resultados são realmente alarmantes. Dentre os sites pesquisados, 97% não cumprem sequer requisitos básicos de acessibilidade segundo o W3C, os pontos de verificação de Prioridade 1 do WCAG.
Entre os erros mais corriqueiros encontrados, estão a falta de textos alternativos adequados, informações só acessíveis através de Javascript e contraste insuficiente entre texto e fundo, entre outros. Os resultados podem ser verificados no Sumário Executivo do estudo.
Percebe-se através do estudo que muito ainda há a ser feito para se tornar a web um espaço verdadeiramente inclusivo. Contudo, temos a nosso favor o fato de que a internet é a mídia com maior capacidade de transformação. Cabe a nós promovermos a mudança de perspectiva em direção a uma sociedade de informação para todos. [Webinsider]
Edson Rufino de Souza
Edson Rufino de Souza (edson.rufino@gmail.com) é candidato ao doutorado em Design na PUC-Rio, mestre em Design pela ESDI / UERJ, especialista em Design de Interfaces e pesquisador da área de acessibilidade, usabilidade e experiência do usuário.
7 respostas
que banner tosco. :S
É Edson, é uma realidade dura de se ver… e o que me deixa mais sem tesão com isso é o fato do pessoal achar que sites construídos com CSS Design já são acessíveis.
Leio todos os artigos que saem sobre acessibilidade aqui no webinsider, e por mais que isso seja discutido e colocado para todo mundo ver acho que ninguém realmente dá o valor necessário.
Mas de qualquer forma, parabéns pelo artigo, e continuem colocando números e estudos para as pessoas verem que é necessário se pensar em acessibilidade sim!
Parabéns Edson. Texto simples e bem claro que traz informações relevantes sobre o estado da arte no assunto. Útil para quem quer se aprofundar na questão e para aqueles que estão tomando contato com a importância da acessibilidade. Faz com que desenvolvedores e designers reflitam sobre a responsabilidade com o público do nosso trabalho.
Muito bom o artigo..
Muita gente fecha os olhos pra isso mesmo… e sem ter noção de que está perdendo um público grende com isso..
🙂
Ótimo texto. Preocupações nobres. E o mais incrível e que com pouco esforço podemos deixar os sites mais inclusivos, com pequenos ajustes de design ou código, e boa vontade, poderemos facilitar a vida de muitos brasileiros. Recomendo consultas e maiores informações com o autor – cujo trabalho conheço – para justificar a conotação democrática da internet.
Muito bom Edson, vale lembrar também algo que foi falado pelo Sergio Carvalho(Sirius interativa) e pelo MAQ (Marco Antonio de Queiroz da AcessoDigital) quanto a questão de negócio que é muitas vezes ignorada.
Acessibilidade não é caridade, é estratégia de negócio, existem hoje muitos deficientes com acesso a web e com poder de compra. E não se pode simplesmente ignorar um publico desta forma.
Outra questão é quanto acessibilidade de dispositivos, hoje temos cerca de 100 milhões de telefones móveis no Brasil e praticamente todos os aparelhos comercializados (pelo menos nos grandes centros) já tem acesso a web com certo suporte a html. alguns já com características mais avançadas outros menos, mas não se pode esquecer de um publico de tamanha magnitude.
Abs,
Gawry
Tema muito importante, que é relegado a décimo plano no Brasil.
Parabéns pela abordagem.
Pouca gente por aqui sabe, mas a Adobe tem em seu site um conteúdo rico sobre acessibilidade, que inclui dicas, modelos, links, estudos de casos, etc:
http://www.adobe.com/macromedia/accessibility/gettingstarted/accessibility.html