A Massive Inc. divulgou, no início de agosto, uma pesquisa sobre os benefícios que as marcas podem obter ao anunciar em games.
A Massive é uma agência de publicidade especializada em planejar, produzir e medir o retorno de ações publicitárias em jogos. Adquirida pela Microsoft em meados de 2006, inicialmente a Massive focava seus esforços em jogos online para PC, que continuam o carro chefe, mas abriu o leque para o jogos para Xbox e Xbox360 em função da aquisição.
A pesquisa foi conduzida pela Nielsen Entertainment, braço da empresa de pesquisa que estuda o consumo de entretenimento, como games, música e filmes. O instituto entrevistou 600 jogadores de Need for Speed Carbon, em X360 e PC. Para que fossem obtidos dados assertivos, os jogadores foram divididos em dois grupos, um de teste e outro de controle.
Os resultados impressionam. Comparando o grupo de teste com o de controle:
- O reconhecimento de marca cresceu 64%;
- A predisposição para compra de carros dos anúncios aumentou 69%;
- A intenção de compra média, entre todas as categorias, subiu 41%;
- O recall aumentou 41%;
- O ad rating teve incremento de 69%;
Os resultados da pesquisa reforçam o que há muito já vem sendo aventado por publicitários e desenvolvedores de games em geral: poucas mídias oferecem envolvimento com a marca do anúncio como os jogos. Mais ainda, a conseqüência desse envolvimento é evidente nos resultados obtidos.
Pesquisas como essa são uma boa notícia em diversos sentidos. Primeiro pelos resultados, que comprovam a viabilidade de ações publicitárias em jogos online ou de console. Depois as conseqüências desses resultados para a cadeia produtiva do setor.
Ruptura com a mídia física
Com estes números, desenvolvedores brasileiros têm mais argumentos para bater na porta de agências de publicidade e anunciantes. Por mais que se discuta a existência ou não de mercado oficial no Brasil, para o anunciante pouco importa se o público comprou o jogo na loja por R$ 200, no camelô por R$ 10 ou baixou da internet de graça. Para o anunciante, importa que mais e mais pessoas vivenciem seus anúncios nos jogos.
Para os desenvolvedores, isto pode representar uma ruptura com um modelo de negócio baseado na venda de mídia física, quando o que importa é o conteúdo lá presente.
Se conquistarem anunciantes que financiem a produção do jogo, talvez seja possível pensar em modelos alternativos de distribuição e formação do preço final do jogo, tornando-o acessível para mais jogadores, de modo a atingir mais consumidores potenciais e, conseqüentemente, aumentar o valor das inserções publicitárias. E que isso se torne um ciclo virtuoso.
É claro que ainda há muito o que percorrer nesse caminho. Um jogo como Need for Speed Carbon leva algo em torno de dois anos para ser produzido. Em tempos de resultados medidos quase que diariamente, é difícil justificar investimento publicitário que trará retorno só em dois anos ou mais. Trata-se também de uma questão de educar o mercado anunciante a pensar no longo prazo, coisa complicada cá por estas terras.
Este estudo eleva para um novo nível o debate sobre o setor de games, que começa a sair do caderno de informática dos jornais e revistas especializadas e para ganhar também os cadernos de economia, negócios, cultura e comportamento, como aconteçeu com a matéria Cultura Game, publicada no caderno de cultura da Folha de São Paulo.
Ao mesmo tempo em que engatinha, o mercado brasileiro também oferece aos players locais boas possibilidades e oportunidades. Alguém aí disposto a aproveitá-las? [Webinsider]
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André Ursulino
<strong>André Ursulino</strong> (aursulino@espm.br) é professor universitário, atua com desenvolvimento de produtos para uma emissora de TV e é colunista do <strong><a href="http://www.gamecultura.com.br" rel="externo">Gamecultura</a></strong>.
7 respostas
Ja começou a putaria de querer misturar Games com propaganda! Srs. Publicitários, por favor, fiquem longe do mundo dos Games, mantenham suas idéiazinhas e suas sacadinhas longe desse mercado, publicidade é uma bosta e é baseada em idéias lúdicase mentiras, e qq manezinho com uma ou outra idéia pode ganhar dinheiro, diferente dos games, onde quem trabalha e desenvolve, tem inteligênciae talento de verdade.Pro diabo com a publicidade! e Salve os Games.
Realmente, a interatividade que os games proporcionam são excelentes, e um ponto a ser observado é que os conteúdos mais utilizados e procurados na internet atual, 1º pornografia, 2º Jogos!
Então anunciar em jogos é a melhor forma da empresa, ter retorno de relacionamento e acima de tudo ensina o seus consumidores a utilizar seus produtos.
Henrique Eloi
http://www.inov9.com
Interessante seria se houvesse uma maneira eficiente de anúnciar nos jogos mobile. Pois eles tem um time to market menor. Exigem menos investimento. E sem contar que o número de pessoas com celular é muito maior que com computador.
vlw
Advergame é melhor solução.
Conforme o Elias disse, algumas empresas estrangeiras anunciam mais timidamente em jogos, outras colocam um dinheiro alto (até mesmo para tornar o jogo mais realista). Eu mesmo, cansei de ver determinadas marcas anunciando em jogos de PC e video-games como N64, PS1, PS2…principalmente em jogos de corrida. Eu tenho apenas 19 anos e já joguei muito video-game, aliás ainda jogo! 😀
Ao longo do tempo nosso mercado vai evoluir! Nos últimos 2 anos temos visto constantemente matérias sobre produção nacional de games…o importante é que nós brasileiros passemos a vender esta idéia de retorno a longo prazo para esse mercado! É uma forma de estar incentivando a produção e o investimento nesse mercado apenas com fontes nacionais. No início vai ser meio complicado porque a grana que vai entrar será baixa, mas se o game for bom e fizer um barulho no mundo dos games, quando o retorno vier…hehehe…certamente esse modelo de branding evoluirá aqui na terrinha!
Acho que é isso…muito bom o artigo! Parabéns, André!
Sem sombra de dúvida, anunciar em games é investimento de longo prazo. Tal como você lembrou, demora pra começar a dar resultado, por conta do tempo de desenvolvimento. Por outro lado, quando o jogo faz sucesso, ele pode levar a marca do anunciante a ficar em evidência por mais de 5 anos.
Recentemente, eu estava jogando Mario Kart com o meu filho em um Nintendo 64 (que é da década de 90) e pude perceber a quantidade de propaganda da Agip, da Mobil e outras empresas que aparecem no jogo. Detalhe: os nomes têm pequenas alterações, mas qualquer um que já tenha visto uma ou duas corridas de Fórmula 1 na TV consegue identificar as marcas. Parece propaganda subliminar.
Desta forma, eu sempre soube que as empresas já estavam anunciando (ainda que timidamente) em jogos. O teu artigo, contudo, é o primeiro que eu leio que traz dados de alguma pesquisa neste sentido.
Parabéns e obrigado pelo excelente texto.
Nesse ponto os casuais levam vantagem, por antecipar o tempo de retorno.
[]s
— AFurtado