Muita gente ficou preocupada depois do anúncio de que o site FaceBook foi avaliado em singelos US$ 15 bilhões. Afinal, trata-se de uma empresa que fatura, segundo estimativas, cerca de US$ 150 milhões por ano.
A preocupação tornou-se então histeria geral, depois que alguém topou pagar esse valor proporcionalmente por 1,6% da empresa: a Microsoft desembolsou US$ 240 milhões por essa fatia!
Temos também o caso do YouTube, que foi comprado por mais de US$ 2 bilhões pelo Google recentemente, faturando quase nada, assim como na compra do Skype pelo e-Bay.
O motivo do espanto é: como uma empresa que fatura tão pouco pode valer tanto? Porém, o que todos esquecem nessa discussão é que aquilo que determina o valor de qualquer coisa é o chamado ?valor percebido? (que o pessoal do marketing tanto fala).
Isso quer dizer que um tênis de marca que custa R$ 400 reais não necessariamente custa esse valor. Na verdade, custa bem menos, porém o valor percebido pelo consumidor por ser uma marca que traz a idéia de status, qualidade e modernidade, por exemplo, faz esse tênis valer tanto.
Não quer dizer que as empresas compram esses sites por status, mas sim porque percebem valor nele. Que é o valor futuro dele. Por exemplo, é uma tendência clara que no futuro as pessoas vão ver bem menos TV e bem mais vídeo na web. Por isso, o YouTube tem esse valor enorme, porque grande parte das receitas hoje das gigantes de mídia tende a ir de alguma maneira para os exibidores de vídeo na web. Isso é valor futuro. Não é faturamento, não é lucro. É valor futuro.
Apesar de no mundo dos negócios todos gostarem de inovação – e até se acharem inovadores – ninguém está disposto a pagar o preço por tal atitude, que é o do risco! É se arriscar no valor futuro, sem garantia de que ele vai se realizar.
Todas essas empresas citadas têm esses valores, porque elas são de fato companhias inovadoras, que têm valor não hoje, mas terão daqui a cinco anos. Essa é a peculiaridade da inovação, tratar dos mercados de amanhã em vez de ver as coisas com imediatismo. Uma visão ?careta? das coisas leva a perder uma série de oportunidades.
Essas compras recentes já mostram valor. Com a aquisição do YouTube, o Google teve suas ações hiper-valorizadas (o mercado percebeu que a empresa está na tendência da internet), tanto que o próprio montante gasto na compra foi pago de imediato pela valorização do gigante das buscas na bolsa.
A News Corp., ao comprar o MySpace pela bagatela de US$ 580 milhões, já teve o site avaliado por US$ 10 bilhões pouco mais de um ano após a aquisição. Vale lembrar que o MySpace já é atualmente o site mais acessado dos EUA.
São apostas em inovação, que envolvem se arriscar em ganhos futuros. E como em toda ?aposta?, também pode haver perdas, como o e-Bay, que comprou o Skype por bilhões de dólares e foi noticiado recentemente pelo próprio criador do Skype que a aquisição não está atendendo às expectativas do comprador.
O que se sabe é que todo mega-negócio começou sem gerar receita, sem ter muito claro de onde viria todo seu valor. Foi assim com a Ford em seu início, como também com a Microsoft e o Google. Tudo é uma questão de escolha entre ser um careta que só enxerga o presente, o status quo, ou um investidor do futuro. [Webinsider]
.
4 respostas
realmente comparar empresas de tecnologia com tenis foi péssimo….
Muito bom, Diego.
A gestão de intangíveis já dominou a cena e faz com que marcas tenham valores que superam – em muito – o próprio valor patrimonial. Segundo a Economática, o McDonalds vale 3,47 vezes seu patrimônio. Já a Microsoft vale 8,19 vezes seu patrimônio.
A percepção estratégica da empresa, a capacidade de inovação e o cenário promissor para determinadas marcas, contribuem para que valores surreais sejam aplicados.
Investimento é a palavra-chave. E como sabemos, deve ser encarado a longo prazo.
Abraço!
Diogo Monteiro, ótimo artigo muito bem observado, só queria te lembrar um ditado aliás velho ditado popular Quem não arrisca não petisca !, e isso não se baseia apenas em negócios bilhonários na internet, podemos ver isso em nossa humilde vida terrestre, quando existe o medo de arriscar não se tem esperança e muito menos sucesso !
Abrax
Desculpe-me mas parece-me que a sua percepção está um pouco distante da realidade, dado que você não demonstrou saber como ocorre a formação de preço de empresas financiadas por investidores de risco em Silicon Valley.
De acordo com um financiador de risco que deu entrevista para o podcast Om Malik, existe uma regra que determina que uma empresa fincanciada por capital de risco só deve ser vendida normalmente quando houver uma oferta de pelo menos 5 a 10 vezes mais o valor de capital já investido na empresa.
Concerteza esses valores devem variar de caso para caso. Mas por exemplo, se o YouTube foi vendido por 1.6 bilhões de dólares, é porque esse valor representa pelo menos entre 5 a 10 vezes mais o capital investido, ou seja, entre 160 a 320 milhões.
Não tem nada a ver com valor percebido pelo comprador. O preço está certo se o comprador aceita. No caso do YouTube e do Skype, o comprador aceitou, independentemente se já compensou o que pagou. No caso do Facebook, a empresa não foi vendida apesar de várias tentativas. Logo o preço proposto devia estar errado.
Esse valores investidos no YouTube fazem mais sentido porque realmente a conta da largura de banda consumida pelo YouTube era brutal. Logo logo ia se acabar o dinheiro posto pelos investidores de risco.
Note que eu disse vendido (entre aspas) porque na verdade a maior parte do valor foi pago em acções do Google. Pelo que li, o valor pago em dinheiro vivo aos fundadores foi na verdade de 15 milhões. É uma boa quantia, mas nada a ver com os 1.6 bilhões declarados na altura. Note que você disse 2 bilhões porque pegou algum número baseado em valor de ação do Google mais atualizado.
Sobre o interesse do Google o YouTube, tudo o que se pode falar é especulação porque eles não explicam. O Google não dá ponto sem nó. Todos que copiarem o Google sem entender porquê, podem quebrar a cara.
Li uma explicação diferente da sua, que não deixa de ser especulação, mas me parece plausível. A explicação dizia que a compra faz parte duma estratégia maior para acelerar a oferta e redução de preço de conexões de banda larga aos usuários da Internet por todo mundo.
Com mais pessoas com conexões de banda larga mais baratas, a ideia é minimizar o tempo de acesso a aplicativos interativos pesados como o Google Docs e assim alimentar o negócio das Google Apps. Nesse caso o Google não está pensando no futuro, mas sim no presente.