Com Pedro Sorrentino*
Parece uma rede social ao vivo e a cores. O Campus Party é a reunião de pessoas interessadas em entender melhor as mudanças após o surgimento da internet e seus resultados comportamentais. Em carne e osso, é mais do que blogs e redes sociais trocando informações.
A mistura de participantes de todo o país e de personalidades no ambiente do Campus propicia a interatividade de pessoas, marcas e experiências, em clima de troca de conhecimento – que é a interpretação do que os usuários esperam e produzem com a internet.
No evento do ano passado foi disponibilizada uma conexão de 5GB para os campuseiros e a grande surpresa foi o upload muito maior do que o download. “Não esperávamos 60% de uploading; para nós as pessoas baixariam mais conteúdo, ao invés de compartilhá-lo”, afirma Marcelo Branco, diretor geral do Campus Party Brasil.
Segundo Branco, o engajamento do brasileiro é diferente diante da novidade tecnológica; nossos usuários possuem um comportamento diferente, que vai do tempo de navegação (quase 24 horas mensais) até a forte participação em redes sociais.
Para Roberto Andrade, diretor de comunicação do Campus Party Brasil, o usuário de internet brasileiro é o modelo ideal para o mundo inteiro. “Todos buscam a relação dos usuários com a internet e no Brasil quem acessa a web tem um perfil específico e participativo”.
Roberto Andrade, do Campus Party Brasil
Andrade entende que, em breve, existir na sociedade será estar conectado de alguma maneira (via mobile, web, TV digital, IPTV) a algum grupo de pessoas ou rede específica. Quem não participa de redes sociais ou não produz algum tipo de conteúdo está fora dos principais círculos de comunicação.
Oficinas são locais para aprender, ensinar e relacionamento
E o grande bombardeio de informações e mudanças bruscas de tendências comportamentais é um dos motivos que fazem a Telefonica patrocinar o evento. Saber como funciona a cabeça desse novo perfil de pessoas é um dos objetivos da empresa. ?Estamos um passo à frente da concorrência, pois aqui conseguimos mensurar a relação entre comportamento e tecnologia, que acaba sendo chave para a expansão dos nossos serviços”, diz Ari Falarini, diretor de planejamento e engenharia da Telefonica.
Relacionamento é rede
Este ano está disponível uma conexão de 10 GB, aproveitada de maneiras bem variadas. Para alguns o Campus é pura diversão e amizade, ao passo que outros buscam uma grande chance profissional.
É o caso de Hélder Ferreira, programador e projetista de jogos. “Estou aqui para divulgar minhas criações, como o Cult Asteroids, jogo que criei e programei. Outros foram em busca do contato real, como é o caso de Thiago Andrade, 23 anos, colaborador do Portal Jovens Nerds, que veio prestigiar seus editores e finalmente conhecer pessoalmente aqueles que trabalham juntos via web há quase sete meses.
.
Mais colaboração do que competição
Notamos uma grande união entre as principais marcas para fazer o o evento acontecer, ignorando o velho modelo de administração corporativo. Neste caso, a destruição do seu concorrente não é necessariamente uma boa estratégia de marketing. Todos unidos para o que for melhor para o nosso mercado brasileiro, vasto e diferente entre si.
Em um clima de “por uma semana seremos apenas a bandeira do Campus Party Brasil” as empresas dão um exemplo de colaboração e alguma criatividade para driblar a crise.
Mas onde está o Google?
A grande surpresa do Campus Party 2009 não foi o que a Telefonica preparou para a imprensa e os campuseiros.
Choca a ausência de stands de marcas como HP, Google, Motorola, Nokia e outros gigantes da comunicação e tecnologia nos corredores da exposição. Muitas dessas empresas tiveram suas verbas de marketing cortadas até fevereiro. Por conta da recessão global, eles estão aguardando o que irá acontecer. Para decepção de muitos jovens, o Orkut, a mais popular rede social no Brasil, não preparou nenhuma ação de marketing.
“Para nós a resposta à crise está aqui. Esta não é uma crise de mercado e sim do modelo econômico. Todos sabiam que um dia a fonte da Revolução Industrial e a especulação financeira de capital fácil e corrupto secaria”, afirma um dos organizadores do evento, que preferiu deixar em off a frase forte.
Segundo ele, o modelo de negócios do futuro é a aliança entre comportamento do usuário e oferta de tecnologia. Hoje o organizador da informação e o “espelho da sociedade” é a ferramenta de busca e o que as pessoas nela estão pesquisando. A primeira página dos principais jornais do mundo perde poder a cada dia. Os intermediários foram cortados e o usuário dá as cartas. Sendo assim, qualquer empresa que queira crescer, lucrar e conquistar o mercado pós-crise deverá no mínimo buscar participar de eventos que propõem um modelo pelo caminho digital.
Por outro lado, empresas como Yahoo, Abril Digital, Futura Networks, AgênciaClick, Telefonica e outras das quais iremos falar nos próximos dias, participam do evento e dão um exemplo de que vale a pena estar perto de seu público.
Colhemos muito material bacana e iremos compartilhar com vocês durante a semana. Até lá, beijos e abraços, Adriana e Pedro. [Webinsider]
……………………………………………………………………….
* Pedro Sorrentino colaborou com texto e fotos. Adriana também fotografou.
.
Uma resposta
Excelente post. Gostei da definiçào dada à Campus Party no título do arquivo. É a comprovação de que os usuários das redes sociais são realmente pessoas de carne e osso. 😉
Abraço,
Luciano Ayres
http://blog.lucianoayres.com.br