O termo usabilidade é um neologismo, adaptado da palavra em inglês Usability, e é derivado da união das palavras use (uso) e hability (habilidade).
Logo, podemos associar a usabilidade como a facilidade com que o equipamento, site, produto, aparelho ou objeto é usado, ou seja, quanto de experiência anterior é exigido para o uso e com que rapidez o usuário ?aprende? a utilizá-lo.
De forma simplificada, a usabilidade em um site é a facilidade com que os visitantes conseguem encontrar o que querem nele, navegar confortavelmente e entender a mensagem que foi passada (esta característica é, inclusive, regularizada pela norma ISO 9241).
É importante não misturar com o conceito de ergonomia: a usabilidade é, na verdade, um ramo da ergonomia. É muito interessante acessar o artigo da Renata Zilse sobre esta diferença.
Meu professor Márcio Vitale costuma dizer que todos conhecem e veem a necessidade da usabilidade, porém sem saber que existe este nome. Fica fácil entendermos esta afirmação quando visitamos sites como o Ta Difícil, da consultora Mercedes Sanchez.
Esta profissional recebe dos leitores do blog mensagens indicando problemas de usabilidade em serviços públicos, produtos ou lugares, e publica estes casos para conscientizar consumidores e empresas da importância de se dar atenção para este quesito.
Porém, além da usabilidade, existem outros aspectos importantíssimos. O prof. Dr. Philip Rhodes, da Empresa de Experiência Centrada no Usuário fhios, apoia a experiência do usuário em três pontos: usabilidade, envolvimento e utilidade (usable, engaging and useful).
A primeira e a segunda (com menos frequência), são as mais discutidas quando o assunto é experiência do usuário (ou user experience, como é mais fácil encontrar no Google). Dr. Philip Rhodes apresenta, de forma ilustrada, o envolvimento que o site pode conquistar do usuário, baseando-se no tempo que o usuário leva para conseguir o que quer, o esforço que teve que aplicar para isso e a recompensa que teve:
Adaptação de material do Instituto fhios
Esta é uma representação simples, mas muito funcional, do relacionamento do site com o usuário. Quando o esforço e o tempo despendidos são altos, mas a recompensa é baixa (Ponto X0Z1Y1), não haverá interesse de o usuário continuar no site.
Porém, quando há muita recompensa após pouco tempo e com pouco esforço (Ponto X1Z0Y0), podemos dizer que a interação é ótima. A realidade está mais próxima do ponto X1ZnYn, que representa tempo e esforço médios para uma recompensa ótima. Esta recompensa é o objetivo conquistado, a satisfação do requisito levantado durante as fases iniciais de arquitetura da informação do projeto.
Porém, pouca gente dá atenção a algo que a duras penas inventores foram descobrindo, e que faz parte do tripé proposto por Rhodes: a utilidade. Uma pinça para tirar pelos de ovos pode ser muito fácil de ser usada (usabilidade) e cativar o usuário para que este a use (envolvimento). Isso não muda o fato de que esta pinça não tem a menor utilidade e poucas pessoas irão deixar de usar outros produtos ou investir seu tempo de outra maneira ao invés de usarem-na.
Mesmo sendo um exemplo caricaturado, esta situação chama a atenção para um fato que vem ocorrendo com muita frequência na internet: há sites que parecem ter todos os elementos para serem bem sucedidos mas acabam caindo no esquecimento.
Antes de começar a produzir, é essencial planejar. E, antes de começar o planejamento, é preciso definir a razão pela qual você está trabalhando. Este site vai ajudar alguém a produzir melhor? Vai ter alguma utilidade pública? Pode divertir as pessoas? Você deixaria de fazer qualquer coisa para visitar este site? Se este site fosse um produto, como e onde você o venderia?
Uma boa fonte para determinar a utilidade de um novo projeto, quando não há tempo ou orçamento para pesquisas com usuário, é a compilação de dados a partir de comunidades e fóruns virtuais. A confiabilidade destes recursos é confirmada pelo estudo que a Talk Interactive fez em parceria com a Datafolha.
Esta pesquisa demonstrou que 48% dos usuários pesquisam em fóruns antes de comprar os produtos. Este resultado deixa muito claro que, com algum tempo investido em navegação pelos destinos virtuais mais populares entre seu público alvo, você consegue entender o que estas pessoas esperam, e como pode servi-las.
Como você pode ver, as mudanças nas relações humanas, como virtualização dos contatos, diminuição do tempo disponível e facilidades disponibilizadas por mecanismos de busca e comparação, têm mudado a forma como o arquiteto de informação pode obter a matéria-prima de seu trabalho.
Não se esqueça: por ser uma ciência mutante, qualquer metodologia de AI deve ser revista de tempos em tempos para se adaptar ao novo ser humano que surge a cada dia. [Webinsider]
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Daniella Castelucci
Daniella Castelucci (controledaniella-job@yahoo.com.br) é arquiteta da informação, tradutora e analista de sistemas.
2 respostas
Excelente Artigo!!!
Bom dia Srta. Daniella Castelucci, tudo bom?
Muito bom o texto. É um assunto muito interessante e eu concordo plenamente com o que foi dito.
Eu, como profissional da área de projetos, antes de iniciar um novo projeto ou a melhoria em um já existente, analiso o cenário como um todo: inovação, criação, soluções, planejamento estratégico, estratégias de negócios, inteligência de mercado, análise de cenários e riscos, custo/benefício, retorno de investimento, requisitos, processos, competitividade, funcionalidade, usabilidade, envolvimento e utilidade, performance, pesquisa de satisfação no target (antes e depois), métricas/estatísticas/webanalytics (quantitativa e qualitativa), etc… com o objetivo de auxiliar e criar estratégias comerciais competitivas.
Além de estar por dentro das tecnologias de ponta, temos que estar alinhados com o que o mercado quer hoje e o que vai querer amanhã.
É necessário ser visionário. Uma prova disto foi quando em 2005 eu implantei vídeos de demonstração dos equipamentos comercializados aqui na empresa (www.shimadzu.com.br) quando nem se ouvia falar em YouTube. E também do posicionamento da marca no acesso wap/mobile, quando ainda não se falava em acesso à Internet móvel, nem Blackberry, nem 3G.
Sou adepto da frase measure2manage: medir constantemente para um gerenciamento eficaz.
E principalmente em tempos de crise, eu tiro o s, resultando em crie. Criar e inovar sempre.
Como o sábio Sr. Walter Longo (mentor de estratégia e inovação da Young & Rubicam, do Grupo Newcomm, presidido pelo Sr. Roberto Justus) diz: qual é o maior desafio? inovar ou lançar um produto ou serviço? O maior desafio está em inovar e em lançar. Porque para inovar é necessário ter uma macrovisão. E para lançar, hoje em dia, os meios de comunicação estão muito amplos, divididos nos meios tradicionais e nos meios modernos (digitais), abrindo o leque, fazendo com que os esforços para atingir o target sejam devidamente canalizados, para evitar o desperdício.
Abraço!
Dalton.