Quando um aparelho de proteção é instalado para limpeza e correção da rede elétrica, o usuário ganha o benefício de aumentar a vida útil do que ele compra e precisa manter sem transtornos de manutenção ou substituição. Aparelhos dotados de autotransformadores ajudam a manter a durabilidade dos equipamentos protegidos, pela diminuição da voltagem neles aplicada.
O genial inventor Nikola Tesla morreu bem antes de aperfeiçoar a transmissão de energia elétrica para os lares americanos, e é bem possível que ele tenha sido sabotado quando chegou a propor a transmissão de energia sem fio, com um baixo custo para o consumidor.
Eu creio que seria preciso surgir um novo Tesla para contornar e acabar com a transmissão de energia suja, da qual, infelizmente, todos nós somos vítimas diuturnamente! A cidade do Rio de Janeiro é, e sempre foi servida pela Light. Eu vejo a toda hora os técnicos da empresa cortando um dobrado para evitar a queda de energia, aparentemente sem ter sucesso. Na rua onde moro, basta chover, que a luz acaba.
A prática nos mostra que a falta de energia per se não queima equipamentos, mas a volta dela sim, quando então surtos em profusão incidem sobre os lares atingidos. Com a instalação de dispositivos contra surtos, os conhecidos DPS, o problema é quase totalmente contornado, mas segurança absoluta de que os equipamentos ligados a um deles não vai ser atingido é apostar na incerteza. O que então justifica a instalação e o uso de proteções bem mais sofisticadas, como estabilizadores, condicionadores e no-breaks.
Se considerarmos o investimento e a durabilidade do que se instala em casa, qualquer método de proteção compensa amplamente, simplesmente pelo fato de que a manutenção constante ou a troca de aparelhos custam muito mais caro, e com isso a relação custo/benefício da proteção se torna, por conseguinte, óbvia!
O problema ainda se agrava substancialmente quando se mora em uma residência cuja instalação elétrica é muito antiga, oriunda de uma época onde a fiação separada para o terminal do fio terra não era prevista. Mas, mesmo com o fio terra presente, não se deve ignorar os costumeiros surtos de tensão que aparecem quando a luz volta.
Fazendo uma pesquisa neste assunto, eu fiquei surpreso quando percebi que existem vários tipos de equipamento de proteção desenhados para aplicações específicas. Em uma época recente, por exemplo, eu andava às turras com a troca de componentes da minha máquina de lavar. Uma das placas trocadas não durou nem um ano. Até que, consultando fabricantes e especialistas da área, eu instalei um estabilizador Upsai Pró-Gel, modelo 3030, cujo design prevê a aplicação para equipamentos com motores. Quando o aparelho chegou eu medi a saída, que indicou 120 Volts, a partir da entrada que oscila todo dia de 130 a 132 Volts, otimistamente 127 a 128 Volts, dependendo do momento. Eu ainda fiquei surpreso quando o técnico de suporte da Upsai me afirmou que, com a lavadora desligada, o consumo do estabilizador desce a zero Watts, o aparelho podendo então ficar permanentemente ligado. Se faltar luz, na volta um temporizador aguarda que a rede estabilize primeiro, antes de religar a saída.
Condicionador de energia com um autotransformador incluso
Quem tem um home theater e quer protege-lo, existem mil e uma maneiras de fazer isso. No passado, um texto sobre este assunto foi publicado, contando a história dessa saga amadora, com mais detalhes. Em um texto subsequente, condicionadores foram elencados para aplicações bem mais protetoras, especificamente sugeridas para estúdios ou home theater.
Tipicamente, o condicionador de energia foi previsto para limpar a rede elétrica, com vários tipos de proteção incluídos. Porém, via-de-regra, a voltagem que entra é a mesma que está presente na saída.
Um dos maiores problemas enfrentados por quem monta um home theater é que receivers ou players de mesa são geralmente modelos importados. E, como tais, eles têm uma fonte de alimentação prevista para uma rede de 110/120 Volts, com pico de tensão em torno de 127 Volts. A voltagem de alimentação padrão recomendada para aparelhos importados oriundos do mercado americano, que são habitualmente os mais vendidos por aqui, é de 120 Volts nominais.
Embora muitos equipamentos para home theater importados aguentem ser alimentados em redes acima de 127 Volts, é, em princípio, inevitável que, em voltagens mais altas, haja um desgaste constante de componentes, levando-os em algum momento à queima de fontes e outros circuitos.
Existem duas soluções para enfrentar isso: a primeira, instalar um estabilizador, com saída de 115/120 Volts; a outra, bem mais atraente, é instalar um condicionador ou aparelho similar dotado de um autotransformador.
A função básica de um autotransformador é de aumentar ou diminuir a voltagem que passa por ele. Por exemplo, entram 127 Volts e saem 220 Volts, ou vice-versa. O design dos trafos do autotransformador irão determinar a troca de voltagem na saída.
No meu último upgrade deste tipo de instalação, eu troquei um condicionador Engeblu FPC1900 pelo modelo FP1900-ATX, que foi projetado com um autotransformador toroidal, que recebe 110 a 127 Volts na entrada e entrega 115 Volts na saída, portanto o ideal para equipamentos importados com fontes para alimentação idealmente de 120 Volts.
Notem que um condicionador deste tipo não foi projetado para trabalhar como um estabilizador, mas, por outro lado, ele é previsto para impedir que voltagens acima ou abaixo da sua faixa de tolerância passem para a saída. Assim, ele protege os equipamentos ligados a ele desligando as saídas sempre que a alimentação elétrica da rede esteja abaixo ou acima do que é potencialmente lesivo ao que precisa ser protegido. Quando uma situação dessas ocorre, o condicionador desliga a saída, aguarda que a rede se estabilize e volta a ligar somente depois da estabilidade prevista.
Instalação e medidas
Após a instalação do FP1900-ATX, a rede elétrica que foi medida com um multímetro, girou em torno de 128 Volts, com pequenas oscilações momentâneas para cima e para baixo. A mesma medida, feita na tomada de saída do condicionador, mostrou 115,4 Volts, como previsto. No dia da instalação, a voltagem na rede oscilou entre 127 a 129 Volts. Na manhã do dia seguinte, e com todos os aparelhos conectados em estado de espera (“standby”), a rede elétrica passou para os habituais 130 Volts, e a saída do condicionador mediu 117,5 Volts, portanto abaixo dos 120 Volts tipicamente recomendado para os aparelhos importados.
Nota-se então que pequenas oscilações de tensão tanto na entrada quanto na saída do FP1900-ATX mantém o condicionador em perfeitas condições de operação de segurança. N.B.: todas as medidas, tanto da rede quanto do condicionador foram do tipo “True RMS”, jargão usado para indicar o valor real da tensão medida.
O FP1900-ATX, bem como os condicionadores da sua classe, opera em uma faixa de segurança de 95 a 150 Volts, subtensão e sobretensão, respectivamente, segundo especificações da fábrica. Fora desta faixa, o aparelho é automaticamente desligado e só religa quando a voltagem da rede estiver correta.
Critérios de instalação de proteção
O maior benefício resultante da limpeza da rede elétrica e da diminuição da voltagem de alimentação dos equipamentos protegidos é o aumento da durabilidade dos mesmos.
Já há longo tempo, existem no mercado uma grande variedade de aparelhos de proteção. Todos os que eu usei até hoje eu nunca tive queixas. O segredo, mesmo para um ignorante como eu, é saber o que aplicar. Por exemplo, eu uso dois no-breaks APC com saída senoidal, um para proteger o meu computador e o trabalho que eu faço nele, e o outro para proteger a rede local, e impedir que eu fique sem Internet e telefone fixo, durante as faltas prolongadas de energia elétrica.
Quem investe em um equipamento de proteção deve prestar atenção à capacidade em Watts que o aparelho suporta, antes de qualquer aplicação. O dimensionamento correto da aplicação evitará as queimas de varistores e outros componentes, danificando ou destruindo o aparelho de proteção.
A maioria dos fabricantes especifica a potência de consumo em VA (Volt Ampère) e Watts. Na ausência deste último, é prudente o usuário perguntar ao suporte qual é o fator de potência. Com este valor, basta multiplica-lo pelo valor em VA, e se obtém o resultado em Watts, que é a potência real de consumo, que nos interessa. Por exemplo: 1000 VA (1 kVA), com um fator de potência de 0,85, o cálculo é 1000 x 0,85 = 850 Watts.
O fator de potência só pode teoricamente variar entre 0 e 1, mas na maioria das vezes oscila acima de 0,5. Se o fator de potência for igual a 1, que geralmente é o caso dos estabilizadores e condicionadores, o valor em VA se iguala à potência dissipada em Watts.
Antes da instalação, o usuário final deve também observar as especificações de proteção publicadas pelos fabricantes. É fácil constatar que a maioria dos equipamentos ativos de proteção possuem a totalidade dos recursos necessários, como as proteções contra surtos, subtensão, sobretensão, curto-circuito, aumento de amperagem, etc. Isso reduz a escolha do aparelho sobre o tipo de aplicação pretendida. Na dúvida, o usuário deve consultar um eletricista que conheça bem o assunto.
Outra precaução importante é saber do fabricante se existe previsão da instalação sem o fio terra. Se isso for possível, a perda de proteção prevista é na incidência de surtos. Porém, a proteção continuará ativa, apesar de limitada. Nas residências antigas, é, neste caso, recomendável a instalação de uma fiação com terra confiável. Se isso for possível, a proteção de equipamentos sensíveis se tornará muito mais segura. [Webinsider]
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Condicionadores de energia são necessários para o home theater?
Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.