No 1º de abril, muitas edições da prestigiada revista Audio Magazine apresentavam a última criação do Professor I. Lirpa. Vários leitores na época custaram a perceber que era apenas uma brincadeira com os fãs de áudio.
Na década de 1970, a Audio Magazine, através de um dos seus editores, começou a publicar novidades incríveis, desenvolvidas no Lirpa Labs, de autoria do “Professor I. Lirpa”, e durante algum tempo todo mundo acreditou serem projetos novos.
É difícil achar um colecionador que ainda tem alguma dessas revistas, nem eu tenho mais as minhas. Eu achei uma delas, digitalizada por alguém, contendo a edição de Abril de 1977. Logo na capa, aparece o anúncio de uma matéria do primeiro teste de um novo modelo de receiver, desenhado pelo Dr. Lirpa, um tal de “Lirpa 1”:
Na página 60, aparecem as especificações técnicas e os testes:
Muita gente nesta época, não percebeu, por incrível que pareça, que se tratava de uma anedota: “I. Lirpa” era o anagrama de “apriL I.(1st)”, ou seja, 1º de Abril, ou simplesmente “April Fool’s Day”, conhecido por nós como “dia da mentira”. A revista deu um status acadêmico ao bom doutor, o que deixou muita gente confusa!
Quem lia a Audio Magazine e sabia do que se tratava esperava para ver qual seria a próxima invenção do Prof. Dr. Lirpa.
Uma das invenções da época foi a de um carrinho capaz de tocar um elepê sem o disco se mover:
Mas, este tipo de invenção ironicamente acabou acontecendo, neste modelo mostrado pelo canal de curiosidades de áudio no YouTube Tech Moan, além de outros parecidos:
Vários veículos deste tipo foram de fato fabricados, mas nunca foram levados a sério, que eu saiba, somente para divertir quem comprou.
Naquele momento quase ninguém podia antecipar o futuro do áudio
A verdade que eu vivi, junto com vários amigos, é que ainda não era possível saber qual seria o futuro do áudio, que passou de analógico para digital paulatinamente. A figura sarcástica do Prof. Lirpa apenas dava vazão aos anseios de mudanças por parte dos leitores da Audio Magazine.
A BBC foi uma empresa que pesquisou e inovou na evolução do áudio digital PCM. Logo depois, como sempre, a BBC não fez uso dele, mas a Denon japonesa começou a gravar em PCM e lançou elepês com estas gravações, seguida depois por outros estúdios.
Embora o videodisco com leitura de raio laser já existisse, e as pesquisas sobre discos reflexivos já estavam em andamento, o grande salto na direção do áudio digital PCM só aconteceu no fim de 1982, quando Philips e Sony lançaram o Compact Disc.
Para muitos, parecia um sonho tocar um disco sem agulha e sem ruído, com durabilidade aumentada. Houve críticas em profusão, mas o CD chegou para ficar. O tempo fez com que mesmo aqueles engenheiros de áudio mais renitentes, como, por exemplo, Doug Sax, da Sheffield Lab, acabarem se rendendo ao áudio digital.
A Audio Magazine fez parte de uma época. A revista não existe mais, e o nosso bom Doutor desapareceu junto com ela. Ficou apenas na boa memória de seus leitores. [Webinsider]
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Trilhas sonoras de filmes antigos rejuvenescidas pela remixagem
Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.