O momento pós convergente dos livros digitais

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A mídia é uma forma de modular a experiência humana. No nascimento de uma nova mídia, como o tablet, há um primeiro momento onde as mídias já existentes convergem como conteúdo. Ao permitir uma experiência única com a informação, uma modulação que não existe nas mídias predecessoras, ela ganha identidade e se torna pós convergente.

Com um ato que começou na pré-história em pinturas rupestres, seres humanos vêm continuamente buscando novas formas de contar suas experiências e se comunicar. Livros, rádio, televisão, internet, cada nova mídia canibaliza a anterior e agrega para si o conteúdo, mas apresenta algo de novo.

O livro digital surgiu oferecendo pouco: mais leves e mais baratos (uma vez que você compre o aparelho que o comporta). Atualmente, passa por uma crise de identidade, afinal, o que é um e-book?

É uma mera convergência de mídia, substituindo o papel por um monitor? O livro “Alice for the iPad” da Atomic Antelope mudou essa perspectiva: o aplicativo faz a história original de Alice no País das Maravilhas se tornar interativa e reativa na tela do iPad.

É o primeiro caso de pós convergência para os livros digitais, onde a nova mídia é explorada para criar uma experiência impossível nos livros tradicionais (de papel, audíveis ou digitais).

Muitos seguiram a tendência e novos títulos aparecem todos os dias, porém, falta inovação. É um novo momento para a editoração e autoria de livros, onde não bastam mais as palavras.

O recém lançando livro-app nacional “Fadas – O Despertar do Caos“, do estúdio BogeyBox, nasce nesse novo momento. Nele, busca-se oferecer uma experiência imersiva num mundo de fantasia, explorando a narrativa em quatro contextos: a leitura, o mapa, o compendium e as transmissões.

Na leitura, são contados episódios da história, explorando a linearidade do texto tradicional, mesclado a imagens animadas e reativas, incrível trilha, efeitos sonoros e vídeos cinematográficos. No mapa, a narrativa se torna geográfica, espacial, localizada e indexada, é possível entender o contexto onde os episódios acontecem e como se relacionam com o mundo.

O compendium explora a descrição pontual e enciclopédica: artigos com foco em determinada cidade, personagem ou raça expandem o conteúdo sensível do universo, permitindo um acesso minucioso aos conceitos apresentados. Por último, no contexto Transmissões, a perspectiva social da história é explorada, os leitores podem se conectar pelo Facebook e comentar, supor, falar com os autores, criticar e receber novas informações.

A narrativa é expansível, pois novos capítulos e histórias paralelas podem ser acrescentados. Apostando no modelo de negócio “freemium”, o prólogo do livro-app é oferecido de forma gratuita, novos capítulos e conteúdo adicional serão oferecidos para venda na forma de in-app purchases a preços baixos. Esse modelo é eficaz atualmente e permite que o usuário entenda o que é oferecido e se interesse pelo universo, tendo mais facilidade na hora de investir nessa forma de entretenimento.

Hoje, as pessoas pensam de modo diferente, a própria tentativa de se lembrar de algo é interrompida por uma vontade imediata de buscar palavras-chave no Google. Nossa forma de interagir com a informação se tornou rápida e multi-dimensional: um estudo não se começa com um bom livro-referência, pela introdução, mas com uma pesquisa na Wikipédia, vídeos relacionados no Youtube e o que dizem sobre isso no Facebook ou Twitter.

Comunicar-se com pessoas acostumadas com isso é então uma tarefa fundamentalmente diferente da que se tinha com os livros de papel: o novo livro deve permitir diversos caminhos e formas de informação e criar a imersão não só com palavras encadeadas, mas também abusando de ilustração, som, vídeo e interatividade.

Gamification se torna importante como forma de incentivo à leitura, tornando-a divertida e criando expectativa para os futuros desdobramentos. A integração com as redes sociais torna o livro passível de existir plenamente no contexto onde ele é discutido.

Essa nova plataforma, o tablet, abre possibilidades para que se comunique idéias de uma forma mais ampla que texto puro. Livros são feitos para criar um foco de nossa atenção compartilhada e aprofundar nosso entendimento do mundo e um do outro, não há nada de sagrado na impressão. [Webinsider]

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Bernardo Ferreira Bastos Braga é diretor geral da BogeyBox Studio.

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