A informática mudou o mundo

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Na prática, todo os esforços para calar vozes serão em vão, pois existe sempre uma resposta para derrubar qualquer coisa negativa.

Na prática, os esforços para calar vozes serão em vão, pois existe sempre uma resposta eventualmente para derrubar qualquer coisa negativa.

 

Parece mentira, mas no fim da década de 1970 pouco se sabia sobre a microinformática aqui no Brasil, a qual iria despontar no mundo todo pouco tempo depois.

Nesta época, eu estava às voltas com um aspecto importante da minha tese de mestrado, que iria ser defendida no exigente Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da UFRJ: eu precisava ter certeza de que todos os cálculos e curvas seriam submetidos ao maior nível de precisão possível. A resposta que eu achei foi a computação de dados, e eu tive que sair do zero para aprender o que é um programa, e como escrever os códigos que me permitiriam atingir os meus objetivos.

A informática nesta época ainda era uma caixa preta, tanto assim que na minha defesa de tese um examinador me taxou de exagerado, que bastava usar uma simples máquina de calcular para fazer o que eu fiz. O meu irmão, que assistiu a defesa e trabalhava há anos com mainframe, saiu de lá revoltado.

A crítica do examinador me mostrou duas coisas: primeiro, a falta completa de visão de algo tecnicamente importante e as razões pelas quais a tecnologia avançada para aquele momento tinha total justificativa de uso; e segundo, o preconceito contra algo desconhecido, ao invés de tentar ver algum mérito em uma iniciativa como aquela minha, ao procurar fazer alguma coisa da melhor forma possível.

A falta de visão daquele examinador, ao comparar calculadora de bolso com computadores, traz embutida o desconhecimento das respectivas tecnologias. Com o passar do tempo, as calculadoras continuaram a ser usadas sim, mas para cálculos simples somente.

Diziam os pensadores antigos que o tempo é o senhor da razão. E foi o tempo corrido da década de 1980 que viu a microinformática explodir no mundo todo. Até mesmo um computador pessoal de 8 bits iria permitir cálculos de alta precisão, mas não só isso: um programa, mesmo que simples, permitiria examinar, corrigir, obter resultados na tela e na impressora! E assim foi que quando eu comecei a escrever meus modestos programas em Basic, para curvas de calibração e estatística, os resultados obtidos foram os melhores possíveis.

Na computação de 16 bits, pós CP/M, programas cada vez mais sofisticados iriam aparecer, e com retro compatibilidade com arquivos das versões antecessoras. No meu caso, eu aprendi, por exemplo, a programar em linguagem dBase, programa da Ashton Tate que migrou do CP/M para o MS-DOS, e depois ler com tranquilidade os arquivos gerados anteriormente por ele para o CP/M.

A revolução silenciosa

Quem passou por todas essas fases, percebeu que, em programação o céu é o limite, basta que o programador dê asas à sua imaginação, e consiga escrever algoritmos que sejam capazes de atingir o que ele quer. O microcomputador pessoal extrapolou suas fronteiras de uso de aplicativos mais básicos e corriqueiros, para entrar hoje nos algoritmos da inteligência artificial.

Por isso, não me causa nenhum espanto que atualmente nós tenhamos entrado em uma era amparada na inteligência artificial, e garanto que não vá parar por aí. Essa inteligência “artificial” só é possível quando a máquina tem respostas armazenadas para responder a uma pesquisa do usuário, ou seja, um gigantesco banco de dados, localizado em um servidor, é somado a um algoritmo de busca, para encontrar a resposta desejada.

Eu fiz uma brincadeira, perguntei ao Copilot (aplicativo baseado em inteligência artificial do Windows 11), quem sou eu, e a resposta veio assim:

Reparem que o Copilot escreveu sobre mim com elogios rasgados ao meu trabalho, o que, claro, é muito lisonjeiro. Mas, de onde ele tirou esses comentários? Fica parecendo que boa parte da minha vida foi pesquisada antes da resposta ser dada.

O programa cumpre a premissa de que a inteligência artificial só é completa se ela emular a resposta de um ser humano. Esta premissa é antiga, ela foi escrita pelo genial Alan Turing, quando formulou o chamado “Jogo da Imitação”.

Quis saber também detalhes sobre Elon Musk, o arquibilionário que ousou peitar o ministro Alexandre de Moraes. O Copilot respondeu:

O Copilot foi incluído na plataforma Windows em uma atualização do sistema. Ele pode ser visto como uma versão simplificada do ChatGPT, ambos baseados na programação GPT. Notem que o computador sempre foi e continuará sendo uma máquina com múltiplas funções, diferente das demais máquinas, que são destinadas a uma finalidade específica. Através das décadas, o computador tem sido uma ferramenta de pesquisa e criação, e o uso de GPT aumentou o seu potencial como ferramenta para o uso diário, quando necessário.

O que ninguém pode, e nunca vai conseguir derrubar

Países autoritários nitidamente temem o uso do computador, e por isso proíbem redes sociais de circular pela Internet, mas existem recursos para driblar isso. A Internet foi desenhada para troca de informações entre computadores, mas a sua evolução passou muito além disso!

O aspecto mais importante da Internet neste momento, discutido ardorosamente neste momento, é o princípio da liberdade de expressão. Baseado nela, foi que Musk não aceitou a ingerência nas contas do seu site, e a sua reação foi violentamente atacada por jornalistas que apoiam a tal “regulamentação” do uso de mídias sociais. A liberdade de expressão aconteceu logo que a rede mundial foi criada. Ela é capaz de desgastar discursos políticos surrados, ao mesmo tempo em que serve de veículo para opiniões pessoais ou coletivas sobre um determinado assunto.

Ela também abriga o jornalismo alternativo, inclusive de jornalistas que viram a sua liberdade cerceada pelo poder. Isso nos remete ao tempo do AI-5, onde censores exerciam suas funções dentro das redações!

Quando políticos ou jornalistas falam no Brasil sobre “regulamentação” das redes sociais, o que eles querem mesmo é implantar a censura, quer dizer, calar as bocas dissidentes, porque estas representam um enorme risco contra o establishment que eles apoiam.

É uma pena que sejam jornalistas querendo ver este tipo de censura, porque esta foi uma das classes mais oprimidas, durante o regime de força da última ditadura. Quem ouve o que estes jornalistas falam, em tom rancoroso, tem a impressão que eles nunca foram censurados e/ou conhecem o poder destruidor da censura.

Na prática, todo este esforço para calar as vozes será em vão, porque quando se fala em computadores ou programação, existe sempre uma resposta eventualmente obtida, para derrubar qualquer coisa negativa.

A informática mudou o mundo! Quem a aceita e a usa, sabe o seu valor. Ela é, por natureza, democrática, e está ao alcance de todo mundo que segura nas mãos um telefone celular, independente dos respectivos níveis de cultura!

O processamento de dados está em quase tudo que se usa, e a Internet das Coisas (IoT) prova que a Internet não serve só para a troca de informações, ela ajuda todo mundo a viver melhor, sem exagero, Claro que tudo isso ainda depende de gasto financeiro, mas haverá um tempo em que o custo da rede será resolvido com a implementação de novas tecnologias. Quem viver, verá! [Webinsider]

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O Jogo Da Imitação e a vida de Alan Turing

Avanços no Wi-Fi 6 e IOT, a Internet das Coisas

O poder das palavras e a liberdade de expressão

As implicações da exaustão de operações em microprocessadores

 

A informática do passado da qual não tenho a menor saudade

 

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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