Arquitetura de informação, que diabo é isso? (3)

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Com o advento da web, foram criados milhões de sites e apareceram os gerentes multifuncionais – os chamados webmasters. Só que o tamanho, a complexidade e a importância dos sites logo começou a fugir ao controle.

Aí apareceram especializações como interaction designer,usability engineer,customer experience analyst e information architect, que dividiram com o webmaster as novas e complexas responsabilidades. Com a explosão do comércio eletrônico, nos anos 90, a arquitetura de informação foi lançada no centro das atenções.

Para se tornar eficaz, a AI deverá atuar como uma instância mediadora entre os interesses dos usuários, do cliente, do time gráfico e da equipe de programação. No centro de uma complexa rede de idéias diferentes e de pontos de vista divergentes, o arquiteto de informação emprega um arsenal de técnicas, combinadas à sua capacidade de comunicação interpessoal, para traduzir as necessidades e os objetivos dos usuários aos demais.

Mas será que todos entendem a AI dessa forma? Para descobrir isso, o meu amigo Fábio “Bola” e eu realizamos cerca de duas dezenas de entrevistas no meio acadêmico. Objetivo: identificar o grau de compreensão sobre a arquitetura de informação entre professores e estudantes cariocas.

Com esse trabalho (ver rodapé), que foi apresentado no II Congresso Internacional de Pesquisa em Design, no Rio de Janeiro, pretendíamos mostrar que existe a necessidade de uma discussão acadêmica sobre o tema, de forma a que a AI possa ser melhor compreendida e melhor explicada em cursos de Desenho Industrial e de outras áreas afins.

Os entrevistados (tanto estudantes quanto docentes) eram ligados aos cursos de Desenho Industrial, Informática, Comunicação e Administração. Os questionários foram aplicados a uma amostra composta de 80% de professores e 20% de alunos.

Dos entrevistados, 25% nunca ouviram falar na expressão “arquitetura de informação”, mas 75% já a conheciam. 40% foram apresentados a ela na faculdade. Dos respondentes, 40% eram da área de Informática, 25% de Desenho Industrial, 20% de Administração e 15% de Comunicação.

A idéia de “organização” surgiu em 20% das respostas, porém:

  • 10% não souberam definir o que é AI;
  • 20% confundiram AI com “Estrutura da Informação” (uma disciplina do curso de informática onde se estudam algoritmos);
  • 10% associaram AI somente a websites; e
  • 15% a associaram somente a software.

As seguintes respostas foram as que mais se distanciaram dos conceitos comumente aceitos sobre AI:

  • “Conhecimento em artes gráficas”;
  • “Uma forma de se definir um banco de dados”;
  • “Arquitetura de microcomputadores”;
  • “Montar e saber as funções de cada peça de um computador”;
  • “Estruturas de metal que sustentam um outdoor”.

Mesmo partindo de uma amostra reduzida, cujas respostas não podem ser generalizadas para a totalidade do universo pesquisado, o resultado nos deu algumas pistas de que falta no meio acadêmico uma compreensão mais ampla dos conceitos relacionados ao campo da AI, enquanto processo multidisciplinar –– tanto entre estudantes quanto entre docentes.

Concluímos que seria importante que os conceitos multidisciplinares que definem a AI (apresentados nos artigos anteriores) pudessem ser melhor compreendidos, para que possam ser aplicados com sucesso nos cursos de graduação que pretendem formar designeres de interfaces, provedores de conteúdo ou gestores de espaços informacionais.

No Brasil, a cada quatro meses, um milhão de novos usuários insere–se no mundo digital. Hoje, a importância da AI reflete o crescimento da população de pessoas comuns conectadas aos espaços informacionais. Reflete ainda as necessidades das organizações na economia global e também uma maior compreensão do comportamento humano e de seus aspectos cognitivos durante a interação com sistemas informatizados.

A confusão gerada entre transmitir dados e criar mensagens com significado teve sua origem na demasiada atenção dada a computadores (máquinas) e na pouca atenção dada aos usuários (seres humanos). Essa compreensão é relativamente nova e foi o que determinou a necessidade de se criarem sistemas informacionais mais aceitáveis –– que apresentem uma arquitetura de informação eficaz sob o ponto de vista humano.

No relato acima, vimos uma forma de aplicação bem simples de uma técnica de pesquisa: os questionários. Sem dúvida, técnicas de pesquisa podem agregar maior valor ao trabalho em AI dentro e fora das organizações. Mas como se daria a integração de métodos e técnicas de pesquisa ao processo de arquitetura de informação dentro de uma empresa? Os papas Rosenfeld e Morville já descreveram esse processo e este será o tema do nosso próximo artigo. [Webinsider]

………………………………………………………………

Para referência:
AGNER, Luiz; SILVA, Fábio. Uma introdução à disciplina de Arquitetura de Informação: Conceitos e discussões, Anais do 2º Congresso Internacional de Pesquisa em Design. Rio de Janeiro: ANPED, outubro de 2003.

Luiz Agner (luizagner@gmail.com) é doutorando em Design pela PUC-Rio e programador visual do IBGE

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