Internet na fazenda, bem lá no interiorzão?

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Sou um típico gaúcho de asfalto.

Nasci na capital do estado e vivi em apartamentos da Cidade Baixa e do Bom Fim.
Quando guri, jogava “bolita” no carpete da sala e soltava “pandorga” da janela do apartamento, bem acima dos fios, até porque fazer pandorga dá um baita trabalho. Na verdade, eu tentava reproduzir no meu ambiente as brincadeiras que vivenciava durante o período que passava no interior, bem longe da cidade grande.

Por sorte, tive, através das histórias do meu pai e das viagens de férias, as boas referências do homem do campo. Nos idos dos anos 70, duas vezes por ano, nas férias escolares, viajávamos 500 km de Kombi pela BR–290, seguindo o rumo do nosso próprio coração.

O Alegrete estava a 9h a bombordo, em linha quase reta. Isso, à época, demandava logística só comparável, hoje, em preparativos e ansiedade, a uma viagem internacional. O plano de vôo, rigidamente comandado por minha mãe, incluía necessariamente: alvorada na madrugada, organização e codificação dos presentes (por que mesmo presentes?), combustível extra, alguma medicação preventiva, muita água, “bolachas” e fiambres diversos (acreditem, galinha inclusive).

Para quem ainda não teve essa chance, afirmo que só a viagem propriamente dita já valia muito a pena. Atravessar o pampa e observar o entardecer é um espetáculo inenarrável… mesmo de Kombi e tendo como back vocal o ronco da minha vó.

Chegar no Alegrete era sempre muito bom — meus primos vinham curiosos saber das novidades de Porto Alegre, que eu contava com prazer e, às vezes, com algum exagero. A calça Gledson, o gravador cassete Philips e as histórias de elevadores e escadas rolantes já me garantiam lugar de honra, tanto nas brincadeiras como nas paixões juvenis.

Os portos seguros eram a “casa do Nicas” e a “estância do Anjico”, propriedades na cidade e no campo do meu tio Nicásio, produtor rural e figuraço daquelas bandas.

O Nicásio era e é, até hoje, aos 74 anos, um homem alegre, de hábitos muito simples e coração maior que o peito. Um sábio. Perdeu a maior parte do patrimônio entre planos econômicos e dívidas com os bancos, mas mantém com muita luta a atividade primária e ainda vive do agronegócio.

O prazer de brincar no pátio da casa dos meus tios ou nas calçadas e praças até tarde da noite, sem medo ou pressa, já pagava a viagem, mas foram os pernoites na “estância do Anjico” e as camperiadas pela manhã as atividades que mais saudosas lembranças me deixaram.

Depois cresci, estudei, virei engenheiro, trabalhei em empresas de tecnologia e empreendi num mercado novo e ainda muito virgem, que é o de consultoria e desenvolvimento de projetos de internet. As viagens ao Alegrete ficaram cada vez mais raras e se transformaram em lembranças boas, ou melhor, ótimas.

Foi com esse saudosismo e com especial apreço pelo novo que empresa que presido entrou de cabeça no desafio de desenvolver um projeto para o agronegócio sob a ótica e a necessidade do produtor rural.

Quando a Casa Rural — instituição criada para, com apoio da Farsul, dos Sindicatos Rurais e do Senar, viabilizar ações objetivas que possam se traduzir em ganhos comerciais para o produtor rural — nos apresentou o conceito do projeto www.casaruralrs.com.br, nos apaixonamos. Temos especial apreço por projetos que contribuam de forma direta na melhoria das condições de vida de nossa gente. E a internet, ambiente democrático, interativo e de alta capilaridade, muitas vezes nos proporciona essa chance.

O projeto www.casaruralrs.com.br, já operando em sua fase piloto, é ousado e tem como proposta criar um canal de internet ligando o produtor rural de forma direta com os seus fornecedores, instrumentalizando o produtor, através da tecnologia da informação, para que ele possa negociar melhor.

Quando começamos o projeto, no auge das indefinições e questionamentos de todos os lados, me fiz algumas perguntas bem objetivas:

– Pô, será que o Nicásio, que até tem computador em casa, mas não acessa a internet nem para ver e–mail, gostaria de comprar, por exemplo, fertilizantes em condições diferenciadas via web?

– Ora, gostar ele vai, mas será que ele vai saber comprar?

Com certeza, no início, não, mas aí percebi que ele vai direto pedir apoio a um dos 134 sindicatos que representam 130 mil produtores e que têm infra–estrutura e facilitadores treinados para suportarem a operação inicial e criar a cultura necessária de compras online no produtor rural. No caso dele, o sindicato Rural do Alegrete.

Ou seja, ele vai acabar, sim, comprando via internet, porque ele, que já passou por muitas e sobreviveu, terá agora o suporte e conforto para operar um sistema que facilita sua vida, mas fundamentalmente porque o sistema agrega renda, tanto de forma direta, por meio de produtos dos fornecedores parceiros do sistema, como através de parâmetros de negociação que o sistema irá prover — e isso é definitivo.

Com as respostas para essas perguntas simples, decidimos colocar nossos engenheiros de sistemas e projetistas de Interfaces a serviço dos produtores rurais deste Rio Grande, e tenho a sensação de que começamos a escrever um capítulo na história do agronegócio no nosso país.

Bueno, entre dúvidas de comportamentos e hábitos moldados pelo ambiente, a verdade é que se eu jogava bolita no carpete da sala, por que não iria o Nicásio comprar pela internet?

Ora, logo o Nicásio… [Webinsider]



Cesar Paz (cesar@ag2.com.br) é Board President na AG2 Nurun.

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11 respostas

  1. gostaria de colocar internet na fazenda ,
    mas na fazenda nao pega nada telefone algun
    queria saber que a internt uol pega neste local
    Heitor

  2. Olá sou ivete,e moro realmente em um assentamento do incra no interiorzão do pará,mas é interior mesmo achei muito interessante a istória do Cesar.Eu amo tudo o que é relacionado com roça bichos e etc…já joguei muita bolita com meus irmãos quando criança…rs hoje com 50 anos estou terminando o ensino médio…é isso mesmo fiquei muito tempo dormindo de toca…ditado popular para quem perdeu muito tempo na vida.Eu quero saber se é possível instalar uma net boa lá no mato em novo progresso que é a cidade mais proxima do assentamento a 75 km tem celular da tim meio precario mas tem.La em casa no sítio tem um morro alto que talvez de para colocar uma antena,quero saber tudo preço possibilidades tudo.

  3. oi sou karolina eu adoro a afazenda eu acho so uma coisa errada que inves de ir gente pobre so vai gente rica ou famosos entao eu nao acho isso serto morro brigado pela conpriençao

  4. como fazer para colocar internet de alta velocidade na fazenda?
    pois quero todas as informações de preços e de aparelhos que voçês despoem , estou no estado do ceára.
    mas quero a internet para a cidade de canindé ok.
    aguardo respostas.

  5. Caros amigos! Estamos no ramos de telefonia rural ha 12 anos e temos um conhecimento satisfatorio, e atuamos tb na area de Internet Rural. Estamos situados em Santa Rita do Sapucai conhecida como o VALE DA ELETRONICA. Caso queiram alguma informação teremos o prazer em responder.

    Obrigado

  6. GOSTARIA DE SABER QUAIS OS MEIOS QUE FACILITEM A INSTALAÇÃO DE INTERNET, POIS NÃO TEMOS ASSEÇO A TELEFONE A CABO E NEM CELULAR.
    AGUARDAMOS RESPOSTAS

  7. Também gostaria de saber como instalar INTERNET na fazenda. Lembrando que lá não tem telefone fixo e mal se consegue falar c/ celular conectado em antena externa (o único que funciona nesse sistema é da Claro).
    Agradece de antemão a colaboração e aguardo resposta.
    Atenciosamente,
    Carlos.

  8. Senhores,

    Gostaria que me informassem como instalar Internet na fazenda, não tenho acesso inclusive a telefonia a cabo nem celular.

    Grato

  9. Possuo internet na fazenda via VIVOZAP mas ainda é muito lenta. Gostaria de receber mais detalhes do serviço oferecido.
    Atenciosamente,
    Luiz Carlos

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