Escrever é deixar fluir e saber contextualizar

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Como em todo processo de construção do pensamento, ao escrever, a organização do que nos propomos falar é vital para convencer, informar e principalmente prender a atenção do leitor. Quando redigimos a partir de um roteiro pré–definido, a visão macro do conjunto de informações que queremos passar possibilita maior coesão na escrita. O ato de roteirizar serve também como uma espécie de “trilha” a ser seguida pelo redator.

Um texto não precisa ser superficial para ser leve. Essa qualidade floresce quando tornamos nossa escrita fluida. A objetividade nos textos feitos para o meio online pode aparecer de várias formas. Mas ser direto nem sempre é sinônimo de eficácia na compreensão de uma determinada informação pelo usuário. Vamos ver um exemplo prático.

Datas ou fatos primeiro?

Ao navegar no site de uma personalidade conhecida, percebemos que parte de sua biografia apresentava os fatos pela data de acontecimento. É uma forma alternativa e, diga–se de passagem, bem feita, de acessar a mesma biografia contida no site.

Pois bem: “1968”, por exemplo, remetia para um texto correspondente ao lado, referente a um acontecimento da vida da personalidade naquele ano. Entretanto, isoladamente, “1968” não indica que tipo de informação o usuário vai ver. É somente um ano. Aqui a tentativa de ser objetivo, por meio de uma seqüência enumerada, torna a biografia enigmática e obriga praticamente a leitura de todos os anos para achar uma informação de interesse.

Ao fazer o caminho inverso (o fato antes da data), além do próprio acontecimento informar por si só o que o visitante vai ler ao lado, as chances de criarmos uma biografia coesa, feita da mesma maneira por tópicos, são maiores.

Sendo assim: “1968.Fulano entra na faculdade tal e torna–se presidente do Centro Acadêmico” informa menos do que “Liderança juvenil. Em 1968, ano em que ingressa na faculdade tal, Fulano torna–se presidente do Centro Acadêmico”. Uma mudança simples que faz muita diferença na hora de organizar o texto em seu site.

Neste caso, a ordem dos fatores certamente altera o produto final: o entendimento da informação pelo usuário.

No exemplo que escolhemos, da biografia, o objetivo era realmente criar tópicos por data, o que não comprometeu a compreensão, já que era uma forma alternativa de acessar o mesmo conteúdo. Acontece, por exemplo, em sites sobre História, onde apresentar um tema por datas cronológicas pode funcionar muito bem.

O que deseja o usuário?

Um site funcional é também aquele onde as informações fluem de forma coesa, como em um bom texto. Os mesmos princípios da boa escrita podem ser aplicados à estrutura navegacional.

Saber contextualizar é primordial na construção da arquitetura de informação e é, conceitualmente, uma tarefa parecida à roteirização de um texto. Uma navegação criada a partir do perfil de usuário que você quer atingir deve estar baseada em uma organização racional e minuciosamente estruturada para atender desejos e objetivos.

No caso de sites comerciais, quem somos, o que vendemos e como vendemos são praticamente referências a serem seguidas e podem ser encaradas como uma espécie de guia para um primeiro esboço navegacional.

A arte de contextualizar

Cada grupo de dados em um site pode ser encarado como uma espécie de célula informacional, que cumpre um objetivo específico dentro do layout.

Outro exemplo prático: em um projeto de reformulação do portal de uma universidade do Rio de Janeiro, alguns pontos do trabalho eram discutidos em equipe com o intuito de levantar os prós e os contras de determinadas decisões.

Um dos pontos mais debatidos foi sobre manter ou não dois links denominados “About University” e “Sobre la Universidad” em todas as páginas internas. Os links remetiam às versões reduzidas em inglês e espanhol com as informações básicas da instituição.

Ou seja, o usuário estrangeiro que acessar, por meio de um mecanismo de busca, uma página interna deste portal, por exemplo, encontraria em sua barra superior, em lugar de destaque, os links para as versões em inglês e espanhol. Mas haveria propósito em ter um link para uma versão em língua estrangeira, se o conteúdo que o usuário procurou no momento não está traduzido?

Pois bem, à primeira vista, parece falta de senso colocar estes links nas páginas internas, já que a informação que o usuário procura em específico não é passível de tradução naquele instante.

Contudo, a partir do momento em que se depara com os nomes “About University” e “Sobre la Universidad”, o visitante vai perceber que a informação que ele encontrou está inserida no contexto de uma universidade, visto que a logomarca do site não indicava isso neste exemplo.

Caso queira, o usuário de língua estrangeira poderá conhecer mais sobre a instituição e buscar o dado que procura por meio de um contato de e–mail, dentro de um ambiente em língua estrangeira.

Dessa maneira, “About University” e “Sobre la Universidad” têm um papel a mais no site: tornar visível para o visitante externo o universo onde determinada informação se encontra.

Não ter esses links nas camadas internas fecha, em um primeiro instante, o contato com o usuário estrangeiro e pode tornar o site truncado. É importante preservar o fluxo da comunicação ao distribuir o conteúdo em seu sistema. Ter senso crítico, sensibilidade e saber “viajar” nas entrelinhas são essenciais para planejar a arquitetura de um site e torná–lo mais fluido e compreensível para quem navega. [Webinsider]

<strong>André Philippe Iunes</strong> () é jornalista e diretor de redação da revista Webdesign e desenvolve projetos online na agência <a href="http://www.expressivaonline.com.br/" rel="_externo">Expressiva Comunicação e Educação</a>.

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2 respostas

  1. A forma como se aplica a escrita, se torna mais interessante a leitura, assim pode haver um grande entendimento com o usuário.
    Agradeço pela compreenção.

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