Alô universidades: há vida além das redações

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Entidades ligadas ao mercado da comunicação, como a Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação) e a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) estimam que nos últimos dez anos houve um corte de 2,5 mil vagas de jornalistas nas redações brasileiras.

Esse total equivale a 10% dos postos de trabalho existentes no mercado. Quem já está trabalhando sente na pele essa redução. Quem está saindo das faculdades vê o “sonho” de trabalhar em um jornal ou revista de grande circulação ficar mais distante, quase
impossível.

São muitos os motivos que levaram a essa redução e discuti–los aqui seria como chover no molhado. O mundo gira, a Lusitana roda e o mercado muda de cara. Fecham–se vagas, mas abrem–se tantas outras. Boa parte dessa mão de obra excedente foi para a internet e uma outra boa parte migrou para as agências de comunicação.

Hoje, não há profissional de jornalismo (formado ou não) que resista a uma oferta de emprego de empresas de médio ou grande porte. Se resistir, vou logo dizendo, é bobo. Ser jornalista é muito mais que ser repórter. É também ser repórter. Mas é também ser assessor de imprensa, gerente de comunicação, produtor web, produtor … As oportunidades existem, mas para alcançá–las é preciso suprir as deficiências impostas por um ensino universitário que eu classifico como defasado.

Exemplo: em 1999 procurei expandir meus horizontes procurando uma pós em Assessoria de Imprensa. Estava trabalhando com isso na época e achei que tinha que saber um pouco mais sobre o assunto. Encontrei apenas na Universidade Estácio de Sá (com preços mais acessíveis). O resto ou era MBA em Marketing ou cursos pra lá de abrangentes (e caros). A pós era ainda uma experimentação da faculdade, que me valeu bons amigos e um bom conhecimento do que é comunicação interna e/ou empresarial.

De lá para cá, vejo que pouco mudou. Tenho amigos que estão estudando e que vislumbram apenas como futuro o Segundo Caderno de O Globo ou a Veja. Nada contra. Mas o mercado é bem amplo, e acirrado também. A imprensa mudou, assim como a noção do que é comunicação. É preciso se especializar.

Hoje é muito comum encontrarmos em grandes assessorias profissionais que nunca trabalharam em redações. Na fatia mais jovem do mercado, torna–se raro encontrar quem trabalhou. Certo? Errado?

Nada disso. Mudança natural dos ventos: é o que o mercado, manda; é o que o mercado quer. A redação não deveria servir de “pré–requisito” para dizer quem é bom ou quem é ruim. Claro que a experiência adquirida na rua é incalculavelmente interessante, mas quando não se é possível atingi–la, oxalá, vida que segue.

Técnicas de assessoria, relações públicas e marketing deveriam ser aprendidas durante o curso de jornalismo para que, uma vez formado, o estudante optasse pela área de seu interesse.

Posso estar falando bobagem. Não tenho como conferir todas as grades de todas as faculdades. Falo por observação cotidiana. Vejo no meu trabalho o despreparo dos estudantes e as inúmeras discussões na internet sobre o tema.

Mas vá lá … fui ao site da faculdade que estudei, a PUC–RJ, e vi, até com certa tristeza, que a grade curricular pouco mudou. Nada de web, nada de assessoria, nada de comunicação interna.

Tá bom: sei que há um site na faculdade, uma rádio, um jornal, sei de tudo isso. Mas as iniciativas deveriam vir de cima e serem amplas, gerais e irrestritas. E quem não faz estágio no site? E quem não está querendo ralar na rua?

Enquanto o mercado se segmenta e as agências de comunicação registram um crescimento de 15% ao ano, os futuros comunicólogos correm contra o tempo, já trabalhando, em busca de especializações e cursos que supram essas necessidades.

Para não me acusarem de injustiça, vi lá na grade que há duas disciplinas nesse sentido: Mídias Globais e Mídias Locais. Mas acho pouco. É preciso repensar, assim como os americanos estão fazendo, o ensino da comunicação. No mundo globalizado, fala–se muito para milhões. As empresas descobriram o poder da comunicação e algumas prezam mais sua imagem que seus produtos. Portanto, é hora de refletir e preparar os alunos para o novo jornalismo que se faz fora das redações de jornais.

E para quem está estudando, um conselho: usem a internet como instrumento e estudem. Estudem muito. [Webinsider]

.

Nara Franco (narafranco@gmail.com) é jornalista e trabalha como gerente de comunicação integrada na FSB Comunicações.

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Uma resposta

  1. Realmente, se depender das universidades, não se sai profissional algum. Muito legal dar matérias abrangentes como a Estácio, mas ao procurar um emprego, vc não tem experiência nem especialização. Ando insatisfeita com o curso por tal abrangência, mas queria saber quem andou espalhando que a graduação continua com mais peso que o tecnológico, e se isso é verdade. Tenho procurado por estágio rapidamente, porque caso contrário não aprenderei muito. Assessoria de imprensa e Web Info estão por toda parte e não encontro onde aprender sobre.
    Alguem pode discutir comigo sobre Graduação VS Tecnológico??

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