O modelo de negócios das editoras de livros

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As editoras de amanhã serão a indústria da música de hoje. O que ainda as protege é a dificuldade da cópia.

Experiências com o Kindle da Amazon começam a abalar os alicerces. O produto deve começar a gerar similares.

Nessa linha, perguntei um dia para um executivo da área, o que afinal eles vendiam: livros ou ideias? Se vendem livros, como é hoje, quando se reduzir o espaço para venda do papel, acabou o mercado. Se vendem ideias, nunca terminará, bastando ajustar alguns detalhes.

Hoje, digo isso de carteirinha, um autor de uma grande editora, tirando os ?best-selleristas? vivem assim: publicam um livro, vivem um mês de agito, fim de papo. Ele tem que se mexer, imaginar palestras, divulgar, falar por aí, ajudar a editora a vender.

O autor hoje não é o foco, mas o livro. Vejam o caso da editora O´Reilly, do Tim, que promoveu um encontro sobre Web 2.0, que me pareceu bastante rentoso, em NY. Era uma editora que reuniu vários pensadores para lançar ideias, como uma empresa de música, hoje ele quer mais vender show do que o livro, que é um sub-produto das idéias lançadas.

O valor de um Clay Shirky não é propriamente o livro que ele escreveu, mas a sua capacidade de pensar sobre as coisas e chegar com mais precisão e de forma criativa ao ponto. O que vai se vender, então, são as idéias dele em diversos formatos: DVD, livro, palestra, encontros, etc?

Arrisco a dizer que o fenômeno da venda de show para compensar a queda de lucro nos CDs, chegará à indústria do livro.

Os autores que ficam ao Deus dará atualmente, serão chamados para fechar contratos de vendas de idéias, serão os consultores, da editora, que vão comprar-lhes o passe da sua capacidade de criar novas idéias e todos os sub-produtos que isso vai gerar ao mercado.

Não será mais, assim, o autor que promove a palestra e chama a editora para vender livro na porta. Será a editora que vai promover os eventos, reunindo seus pensadores, sendo o livro uma das mercadorias a ser vendida, antes, durante e depois da atividade.

A Madonna e o Elton John não vieram ao Brasil, como vários outros nomes de ponta, porque agora descobriram o país tropical. (tsc, tsc). As vendas de CDs despencaram e agora vendem o talento de estar no palco, suando muito mais a nova ?camisa 2.0?. Aconteceu no mundo da música e tudo indica que vai acontecer no mundo do livro?

A editora que começar a apontar nessa direção, como começa a fazer a O´Reilly, me parece, que vai sair na frente. Concordas? [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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14 respostas

  1. Caro Carlos,

    O artigo é muito pertinente,Gutemberg foi um precursor que a semente explodiu em sucessivas sementes que não podemos ignorar agora colhemos os frutos seja ele doce ou amargo ou sem sabor ou incolor. Estou em um espaço em que as pessoas convivem ao lado de Livros de papel e computadores por enquanto a net está com uma vantagem sobre os bambinos e no pessoal da melhor idade está apenas começando, já o pessoal intermediário busca seu espaço seja o virtual ou mesmo o físico.

  2. Carlos,

    um bom artigo, que leva a reflexões profundas. Sou ainda do tempo do linotipo como avanço tecnológico. Fico fascinado com os editores de texto, blogs, jornais online e tantas outras coisas maravilhosas. É dificil imaginar um lançamento show de um livro, mas a Livraria Cultura aqui no Recife tem atraído muitos clientes, principalmente nos finais de semana. Acredito que a preferência pela literatura, de uma forma geral, gira em ciclos em nossa cultura. Então acho que muitas águas passarão em baixo da ponte, para o e-book substituir o livro.

    A analogia com o mundo das músicas é válida, mas os shows são entretenimentos que atraem maiores atenções. A leitura nos leva a um mundo imaginário. As histórias contadas passaram para os livros, as peças teatrais, alcançaram o cinema, a indústria cinematográfica faturou fortunas. Depois se descobriu que cada um desses veículos tinha seu público alvo certo. Há quem leia o livro e assista ao filme com o mesmo entusiasmo, e ainda compre o dvd para rever em casa.

    Concordo com suas colocações, dos contrapontos nos comentários. Acredito que todos nós, ao comentarmos sobre o seu artigo, e inclusive você como autor, estamos promovendo um debate importante sobre o tema. Gostei das respostas aos comentários.

    Continue compartilhando suas ideias. Vamos em frente.

  3. Sérgio, vc disse:

    Acredito que ainda teremos alguns capítulos antes de vermos a história do livro impresso se tornar inviável..

    Eu acredito em incorporação, adaptação, melhoria, agregação.

    É isso mais aquilo.

    E hoje há uma resistência justamente por isso que é o novo.

    Vamos em frente,
    boas dicas.

    Nepô.

  4. Diggs,

    concordo que serão duas realidades.

    Mas o pessoal independente que ganha pouco nas editorias, de literatura, se sentirão melhor em editoras menores, com maior remuneração.

    Ou apenas com o ganho de reputação.

    Vou pensar mais sobre isso.

    Acho que são dois tipos de mercados diferentes.

    Tenho publicado de forma independente poesia e contos.

    Vamos adiante.

    Nepô.

  5. Carlos, li o artigo, acho que é um modelo excelente… para livros técnicos e de auto-conhecimento. Mas não vejo ninguém pagando para ir em palestras de autores de literatura. Quando leio um livro, estou interessado naquela história, é ela que eu quero. Não ouvir o autor falar sobre sua vida, sua carreira ou como ele idealizou aquele livro. Ou seja, seu modelo funciona bem para o Gustavo Cerbasi da vida, mas ainda não atende as necessidades do Marcel Aquino. Imaginar que a fama vai abrir espaço para o autor em outras mídias, como cronista de jornal, por exemplo, é legar apenas a alguns um lugar ao sol. Concordo que a forma de remuneração atual é deficiente, problema criado, principalmente pelo sistema de distribuição que abocanha 50-60% do valor de capara de um livro, mas dá pra pensar que as pessoas irão comprar títulos online e que a pirataria não vai atingir os autores? Ela já atinge os grandes, o que acontecerá quanto o pequeno deixar de vender 100 livros online por mês para vender 10 e ter 90 leitores não-pagantes? Talvez viver de publicidade… seria meu tiro no escuro. Um modelo de publicação online baseada em publicidade, como são feitos os sites hoje em dia. Será que publicidade em ebook pega?

  6. Então Carlos, eu fico pensando nos autores médios. Que não estão em nenhum dos extremos… como eles se enquadram num modelo de mercado digital? Pensando na música que já tende a distribuição gratuita (propositalmente ou por força da pirataria) como o livro seguiria o mesmo caminho? Como um livro pode ser disseminado como um mp3 e mesmo assim continuar dando lucro ao autor (e gerando para ele interesse em continuar produzindo)? Entende? Como manter os autores satisfeitos e interessados? É fácil pensar na indústria da música mudando o foco do album para o artista/show. Mas como fazer o Marcel Aquino continuar escrevendo, se ninguém compra mais os seus livros? Será que o futuro é de autores amadores? Que intercalam a profissão com o passatempo da escrita? Já me impus essa pergunta uma vez e não consigo nenhuma resposta convincente.

  7. Nicholas Negroponte abordou muito bem esta questão sobre a informação e sua migração para o meio digital, alertando que tudo o que não é essencialmente material (como as idéias) fatalmente encontrará campo farto de expansão com as novas tecnologias e a internet. Porém li um artigo muito interessante (se não me engano do Chico Homem de Mello), onde ele coloca algumas barreiras à extinção do livro impresso: resolução de leitura do papel é muito maior, o que o torna menos cansativo, acessibilidade (mudança muito rápida de plataformas e software que podem limitar a leitura de um ebook antigo,por exemplo) e o prazer estético de folhear um livro (que por mais que existam tecnologias móveis altamente viáveis, ainda não se comparam a folhear um livro. Acredito que ainda teremos alguns capítulos antes de vermos a história do livro impresso se tornar inviável.

  8. Fala Nepo,

    Já viu o novo livro do Chris Anderson? O nome é FREE e ele será free em alguns meios de circulação como audiobooks, pdfs e outros. Existirá a versão impressa mas a online já rendeu 30 mil cópias em 2 semanas segundo o twitter do próprio.

    Acho muito interessante essas novas frentes de mercado com a internet e fico cada vez mais impressionado com o mundo ainda inexplorado por ele.

    Abraços
    Rafael Xavier

  9. Diggs,

    sim, pensei sobre isso e acho que a exceção são os autores de best seller de literatura.

    Estes tendem a manter o esquema tradicional, seriam a exceção à nova regra.

    Pois, na ponta do lápis, o pessoal de literatura que vende pouco, terá formas de ganhar mais dinheiro vendendo por eles mesmos nomercado, do que ficando com os 10% das editoras.

    Vamos ver, grato pelo comentário.

  10. Não sei se concordo. Quer dizer, concordo mas só em parte. Acho que sua teoria se aplica muito bem ao livro técnico ou de auto-conhecimento, mas e quanto a literatura? Esperar que uma obra renda mais do que a própria obra para começar a dar dinheiro, reduz o mercado. Esperar que todo livro se torne um filme para ganhar com royalts, vai matar 98% dos autores que não conseguem chegar a tanto. Os paralelos com a música são válidos, claro, mas no fim das contas os produtos são muito diferentes. O desafio da indústria do livro será como vender o conhecimento.
    Mas concordo contigo, que daqui para frente tudo terá que ser repensado, para que o suporte não seja o sustentáculo de algo que é essencialmente etéreo, como uma idéia.
    Bom artigo.

  11. Como sempre matérias com pensamentos muito inteligentes, legal mesmo este paralelo tanto quanto o feito na matéria sobre o Android e o Windows, parabéns.

  12. Concordo sim, a idéia da retenção do conhecimento vem sendo derrubada desde os tempos onde a igreja mantinha livros trancados a sete chaves, agora estamos vivendo uma segunda revolução a digital, tal qual foi a feita por gutembergh

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