Ciberdemocracia propõe uma revolução na política

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A participação pública pela internet é um elemento novo e ainda pouco compreendido, mas vai causar grandes mudanças nos rumos dos sistemas políticos em todo o mundo.

Ao reunir vozes de um grande número de pessoas, é um instrumento de pressão a favor da democracia e da cidadania.

Para avaliar este impacto existo o conceito de ciberdemocracia, que propõe uma reflexão sobre a participação popular e a eficácia dos sistemas eleitorais, sem a necessidade de um líder.

Em comparação às democracias de civilizações clássicas, como a Grécia antiga, a internet é, hoje, a praça pública, onde todos estão conectados, permitindo que a política contemporânea acompanhe de forma sadia a velocidade da informação e as mudanças dos processos sociais.

Já temos vários exemplos recentes importantes, como as manifestações causadas pelas suposições de fraude no sistema de contagem e votação das eleições do Irã, há pouco tempo, quando a imprensa nacional patinou ao depender de informações oficiais e das tradicionais agências de notícias.

Twitter no Irã

Para quem não se lembra, desde a declaração do resultado eleitoral no Irã, a oposição acusou o governo de fraudar as eleições. Para demonstrar insatisfação com o resultado e chamar a atenção do resto do mundo, os jovens iranianos conseguiram organizar manifestações, através de redes sociais, como o Twitter, e de mensagens de texto de celular.

Após a República dos Aiatolás e o Conselho dos Guardiães atacarem a cobertura do processo eleitoral pelos correspondentes estrangeiros dos diversos meios de comunicação, a situação ficou ainda mais tensa.

O governo pressionou para legitimar o poder vigente, mesmo acusado de promover um erro de cálculo que garantisse o governo nas mãos dos Aiatolás. E divulgou a tese de uma conspiração internacional, na qual a oposição ganharia apoio de outros países através da internet para a implantar um cenário ideal para os que pretendem desestabilizar o Irã.

Não sabemos medir o real impacto da internet no atual regime político iraniano, mas o fato é que os grupos derrotados conseguiram atentar para uma situação urgente – que um amplo setor da sociedade deseja uma política mais democrática.

Além de noticiar os protestos através de celulares, podcasts, portais e youtube, a maior parte das imagens, vídeos e informações clama por maior igualdade entre homens e mulheres, mais liberdade de empreendimento, e, sobretudo, mais acesso a todo tipo de informação, seja através de livros, seja pela internet.

Onde Obama lançou seu vice

Nas últimas eleições nos Estados Unidos, Barack Obama soube usar a internet a seu favor para driblar o preconceito e os adversários políticos.

Ele anunciou o nome de seu candidato à vice-presidência pela primeira vez no Twitter, quando tinha 150 mil pessoas o acompanhando. Com 92 milhões de acessos em seu portal, conquistou, um eleitorado jovem e desejoso por mudanças na política e na democracia do seu país.

Obama soube usar, investir e, consequentemente, teve um retorno político.

A ciberdemocracia aponta para uma revolução da política, que estará cada vez mais interligada à internet, que já se provou um instrumento concreto e eficaz na busca de uma esfera pública participativa e politizada.

Através da troca de informações, críticas e sugestões, com as possibilidades das redes sociais, é possível melhorar a qualidade dos mandatos dos eleitos. Como também conhecer, com cada vez menos intermediação dos veículos de comunicação comuns, as propostas dos candidatos, tornando-se uma relação interativa essencial no aprimoramento das democracias.

Um regime político é capaz de se tornar mais efetivo quando trabalhado de forma cuidadosa e adequada.

E essa possibilidade se estampa não apenas nos países dito democráticos.

No Brasil não temos uma democratização dos recursos digitais, muito menos ciberdemocracia. Os políticos brasileiros não sentem a necessidade de atender a um público conectado à rede ou ainda não estão preparados para responder ao desejo do eleitorado por relações interativas mais transparentes, possibilitadas pelas transações online. [Webinsider]

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<strong>Rosália Vasconselos</strong> (rosalia.vasconselos@gmail.com) é jornalista.

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5 respostas

  1. Jorge,

    eu particularmente acredito que caminharmos para uma economia socialista teria muito mais possibilidades de modernizar nosso país do que esse arremedo de capitalismo que temos na América Latina.

    Obviamente não defendo um governo autoritário e burocrático como houve nos países socialistas durante o século passado.

    No entanto defendo uma economia que coloque as necessidades sociais acima dos interesses do capital, como esse fosse o sujeito do processo histórico.

  2. Rosália,

    soube que a próxima campanha de 2010 virá com fortes novidades pela internet. O Orkut, Youtube, twitter, blogs, e-maling e outros tantos recursos vão são usados.

    O artigo está muito bom. Houve muita evolução da Grécia para o mundo atual. Até mesmo nas últimas décadas.

    A interatividade é o grande desafio. O perigo continua com hakker, spyware, virus e micróbios vindo como spam.

  3. Concordo com o texto. Só uma correção: o ideal, seja no Irã ou em qualquer país, é garantir direitos das mulheres. Garantir direitos não é garantir igualdade. A idéia de igualdade cai no Socialismo, e nós não queremos isso, não é verdade?

  4. Concordo que passamos por um processo de transformação social impactante com a internet. No entanto, ainda creio que certas práticas da política um pouco esquecidas precisarão ser retomadas para que tenhamos transformações realmente satisfatórias no modo como se decidem as coisas em nosso país.

    Ao mesmo tempo em que o acesso à informação via internet possibilita depurarmos nosso espírito crítico por nos oferecer mais do que uma única interpretação sobre os fatos; a necessidade de se atualizar em tempo real gera um comportamento de encasulamento: ficamos com a cara nas telas acompanhando e denunciando, mas o poder de verdade se exerce no espaço físico, no espaço da cidade: é aí que a polícia atua de forma truculenta, é aí que milhares perdem o emprego, é aí que crianças estão abandonadas etc.

    A internet é um ótimo meio para fazermos circular as idéias, mas as idéias precisam nortear uma ação concreta, digo, mais concreta do que o hiperespaço permite.

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