Opções reais: um modelo para pequenos negócios

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No nosso primeiro ensaio introduzimos alguns conceitos básicos da Teoria das Opções Reais (TOR), mostrando sua utilidade nas decisões de investimentos.

O principal benefício é a consideração de incertezas no processo de tomada de decisão. Assim, além de minimizar os riscos, podemos aproveitar as oportunidades que irão aparecer ao longo de nosso caminho.

Foi mostrado também um estudo de caso didático, envolvendo uma decisão de aquisição de uma empresa, decisão essa influenciada pela incerteza futura relativa a mudanças na legislação pertinente ao setor em que a empresa atuava.

Algumas sugestões de leituras introdutórias foram indicadas então.

Continuando a nossa saga, no ensaio seguinte trabalhamos um pouco mais o estudo de caso anterior, adicionando uma pitada a mais de complexidade (mas sem perder a ternura). E aproveitamos para lembrar que todos ganham atuando dentro da filosofia “ganha-ganha”.

Aproveitando a filosofia multidisciplinar reinante aqui no Webinsider, expandimos a aplicação da TOR para os planos pessoal e profissional.

E nos permitimos, então, divagar sobre temas importantes do dia-a-dia, surfando na onda dos excelentes textos do Eduardo Zugaib.

Um (ou dois) parênteses: por incrível que pareça, geralmente não investimos tempo e esforços necessários, durante nossa vida pessoal, para lidar com situações importantes, estratégicas (ter um filho, por exemplo).

Já, para outras decisões triviais, menos importantes, como qual TV ou carro comprar, fazemos até planilhas (risos) para nos ajudar no processo de decisão! Falando em questões importantes na vida pessoal, vale a pena também dar uma olhada em dois artigos, sobre tentativas e resiliência.

Já no último ensaio focamos a TOR em um pequeno negócio, procurando mostrar que há sempre muitas opções (quase infinitas – o céu é o limite!)

Mencionamos, na ocasião, a importância do Sebrae na fase embrionária do pequeno negócio, onde o empreendedor está numa situação do tipo “nem sei por onde começar”.

Já numa fase mais avançada do negócio, lembramos da importância da assessoria externa, paga, aí mais focada no projeto específico do empreendedor.

Ufa, chegamos – e agora?

Assim, este é o quinto ensaio envolvendo a Teoria da Opções Reais – o negócio está ficando sério! É hora, então, de sistematizar um pouco as coisas, sem, contudo, complicar desnecessariamente, mantendo a leitura acessível e light.

(Para quem tem interesse em uma abordagem mais acadêmica e mais rigorosa, pode consultar o excelente livro “Opções Reais – Um novo paradigma para reinventar a avaliação de investimentos”, de Tom Copeland e Wladimir Antikarov, Ed. Campus, RJ, 2001, já indicado no último ensaio).

Assim, em primeira mão, apresentamos um modelo para aplicação da Teoria das Opções Reais a pequenos negócios.

Um modelo geral (PP) para pequenos negócios usando Opções Reais

Vamos chamar de modelo PP (Prosseguir? Parar?), pois prosseguir e parar são as decisões cruciais quando lidamos com opções reais.

E esses dois P (Prossiga? Pare?) têm lá suas matizes, como mostrado na árvore de decisão, na figura 1:

opcoes_abre_empresa

Como mencionado no penúltimo ensaio, é importante que tenhamos a mente aberta, usando a filosofia do pensamento lateral (O Pensamento Lateral, Um Manual de Criatividade, de Edward de Bono, Ed Pergaminho).

Simplificando, pensamento lateral significa procurar soluções para um determinado problema por outros caminhos, diferentes daquele que estejamos trilhando e sem sucesso.

Há opções que pintam à nossa frente, mas há outras – até mais interessantes! – que criamos, usando o nosso raciocínio – e aí pensamento lateral pode nos ser útil.

Algumas observações sobre a figura 1 são importantes e listadas a seguir.
Podemos ver que há várias formas de prosseguir: mantendo o status quo, expandindo, contraindo, arrumar um sócio parceiro e assim por diante.
Expandir pode envolver tanto ampliação do espaço físico como aumento na linha de produtos ou mesmo a abertura de uma filial. Ou mesmo um serviço adicional: tele-entrega dos produtos!

Na opção contrair, mostramos duas sub-opções: reduzir o tamanho (espaço físico) e reduzir a gama de produtos oferecidos.

Já parar pode envolver parar totalmente e de vez, parar temporariamente ou mesmo passar adiante o negócio.

Como um exemplo de projeto completo x parcial podemos nos lembrar da padaria.

As bolinhas azuis envolvem decisões de manter o negócio funcionando (prosseguir). Já o vermelho indica parar, isto é, o abandono do negócio. O verde tem a ver com dar um tempo na decisão, uma pausa: ver como as coisas vão caminhar para, então, decidir mais tarde.

Procuramos abranger, na figura, o maior número possível de opções, as mais comuns – mas pode haver outras não mencionadas (mais uma vez: elas são infinitas!).

Um ponto importante: cada decisão deve ser tomada com base em algum tipo de análise de viabilidade (levando em conta previsão de vendas, custos e investimentos). Nos ensaios anteriores, foi usado o VPL (Valor Presente Líquido) como indicador da viabilidade. E não custa lembrar que esses dados (previsão de vendas, custos e investimentos) são estimativas futuras – sujeitos a variações na hora H!

E às estimativas futuras podem ser alocadas probabilidades – que são uma forma de quantificar essas incertezas (a qualificação dessas incertezas é feita pela geração das opções!).

Um papo sobre incertezas

Podemos entender que as incertezas são conseqüências de mudanças, cada vez mais freqüentes e radicais, presentes em um mundo cada vez mais complexo. (Um mundo cada vez mais complexo, difícil, sim, mas também cada vez mais fascinante!)

Também é importante observar que, à medida que o tempo passa, certas coisas vão ficando mais claras para o empreendedor – a curva de aprendizagem faz com que ele toque seu negócio com mais presteza e facilidade. Mas… há sempre um mas, o mundo é dinâmico e novos desafios aparecem na trajetória do empreendimento. E essa loucura não tem fim!

Pode haver de tudo na vida do empreendedor, menos tranqüilidade e falta do que fazer! E as incertezas fazem parte de seu dia-a-dia!

De onde podem vir mudanças? De tudo quanto é lado: questões competitivas (entrada de novos competidores, saída de cena de competidores atuais), lançamento de novos produtos (que alteram a demanda pelos produtos oferecidos pelo nosso empresário), entre outras.

Concluindo

O modelo proposto visa a ajudar a clarear e sistematizar um pouco a vasta complexidade inerente à tomada de decisão em pequenos negócios, por menor que esse negócio venha a ser.

Olhando para a figura 1, podemos vislumbrar os vários cenários que podem ocorrer no futuro próximo.

Em cada instante de tempo, o empresário terá opções de cursos de ações, caminhos a trilhar.

Em nossa análise deixamos de fora, para simplificar, questões como impostos, depreciação de ativos, por exemplo. Já temos muitas coisas importantes com que nos preocupar.

Além disso, geralmente tais questões não irão afetar as decisões (pois afetam, de uma forma geral, todas as opções igualmente).

E o modelo pode servir tanto para pequenas empresas, como para decisões envolvendo projetos individuais de empresas maiores.

Uma observação importante: não existe modelo que dispense a intuição, o tirocínio do empresário. Por outro lado, é importante que ele tenha uma ferramenta de apoio para ajudá-lo em suas decisões.

Assim, um método sistemático + sua intuição/informação formam um par perfeito.

Para finalizar, dois pensamentos:

Nunca confunda movimento com ação
Ernest Hemingway

Não tenha medo da perfeição. Você nunca irá atingi-la
Salvador Dali

Boa sorte em seu negócio! [Webinsider]

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Pedro Paulo Bramont (pp@mktpeople.net) é doutor em avaliação de projetos pela UFSC (1996) e tem um livro publicado pela Editora FURB sobre o mesmo tema. Atualmente gerencia projetos especiais. Nascido no Rio, reside em Floripa há bastante tempo e traz as duas cidades no coração. Mantém o site MKT People.

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  1. Pingback: » Opções Reais para analisar dúvidas e clarear cenários Webinsider

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