Google dá mais passo para uma busca contextual

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Mais uma empreitada da empresa de Mountain View começa a gerar repercussão na web. Ironicamente chamado do “botão curtir do Google”, a funcionalidade +1 promete trazer elementos sociais para os resultados de busca. Veículos de mídia especializados estão anunciando o +1 como uma ação do Google para entrar nas mídias sociais. Vejo isso como um ledo engano.

Ao invés de pensarmos em “redes sociais” ou em “mídias sociais”, sugiro considerarmos uma “socialização” de ações, ou melhor, adicionar como variável na determinação da relevância de qualquer elemento (objeto, site, musica, vídeo, texto, etc) um ranking gerado por sua rede de confiança (ou “amigos”).

Um buscador nada mais é do que um indexador que, por natureza, trabalha numa simples relação input-output. No meio deste fluxo está seu poder de classificação e ordenação para que o output seja o mais adequado possível para aquele que deseja ter acesso a um determinado elemento (ou determinada resposta para uma solicitação).

Bem, o input está na capacidade e “inteligência” do sistema em encontrar os dados e o output em interpretar a solicitação do usuário, elencar a hierarquia dos dados que dispõe e então transformá-los em informações relevantes para este usuário (ordenando-as segundo esta relevância).

O que o +1 tem a ver com tudo isso? Tudo. Até hoje o sistema de busca do Google baseia suas ordenações, ou seja, relevância, em fatores externos ao usuário, porém ainda assim ligados à folksonomia.

Não me atrevo desvendar a lógica por trás de seu algoritmo, mas, fazendo breve uma longa história, componentes técnicos que facilitam a vida do spider indexador, elementos editoriais do website e, principalmente, o link building entre os bilhões de destinos são os três grupos que influenciam na proximidade entre significante e significado, ou melhor, entre tag de busca e lista de resultados.

Nenhum destes fatores, contudo, realiza uma real interpretação do contexto por trás de uma solicitação de busca ou de sua semântica.

Gosto de usar o seguinte exemplo: um cidadão vai até um buscador e digita “São Paulo”. Que tipo de resposta ele espera encontrar? Poderia ele ser um católico praticamente, devoto do santo Paulo de Tarso? Ou um viajante em busca de mais informações sobre a capital paulista? Ou ainda um amante do futebol querendo saber as novidades sobre seu time de futebol preferido?

Sem elementos que permitam eliminar a similaridade entre o termo usado no input, seria impossível determinar qual hierarquia de resultados melhor entrega a resposta desejada.

O contexto pode ser determinado por diversos fatores: geografia, momento, repertório, experiências passadas, situação, entre outros. O contexto fornece o correto entendimento da mensagem, extrapolando-se a palavra escrita ou falada, e permitindo então uma melhor compreensão do interlocutor e consequente resposta àquele estímulo. Este interlocutor, no caso, nada mais é do que um www.google.com.

Dentro de sua versão mobile, o buscador já utiliza a localização do usuário como um dos fatores de ordenação de resultados: ao se buscar por uma rede de fast food, por exemplo, é apresentado ao usuário dados de contato da unidade mais próxima.

Outra funcionalidade, disponível na versão estadunidense do site, permitia aos usuários “subir” e “descer” resultados conforme julgavam mais ou menos relevantes em função de sua busca. Este último ajudava o buscador na questão da hierarquia de relevância, mas ainda não permitia antecipar o comportamento sobre termos nunca buscados pelo usuário. E, na verdade, isto é muito pouco perto do que pode ser feito.

Se formos analisar todos os pontos de contato possíveis com o Google, seria possível sim tomar elementos comportamentais de um determinado usuário para minimizar os riscos de uma interpretação errônea de um contexto. Estando logado com seu usuário, é possível saber:

  • quais são seus gostos, seus amigos e alguns dados pessoais: Orkut
  • para onde você foi ou por onde passou: Google Maps
  • o que você fez/faz a cada dia: Google Calendar
  • quais assuntos mais lhe interessam: Google Reader, Google Chrome
  • que assuntos você conversa com seus amigos: Gmail

De posse de todo este contexto, fica mais fácil arriscar se o usuário é um católico devoto ou um amante do futebol.

Mas o Google pode fazer isso? Tecnicamente sim, na prática porém isto pode trazer à tona uma ferrenha discussão sobre privacidade um tanto quanto arriscada para uma empresa que vale cerca de US$ 200 bilhões.

A melhor maneira (e politicamente correta) de avançar no caminho da personalização dos resultados de busca é se utilizar de um filtro social, utilizar os “amigos” do solicitante (portanto, parte de sua rede de confiança e, provavelmente, pessoas que compartilham alguns interesses similares).

Esta cajadada do Google na verdade pode acertar dois coelhos bastante interessantes: ao mesmo tempo em que incorpora elementos sociais aos seus resultados de busca visando aumentar a efetividade das respostas apresentadas ao contextualizar a tag de busca em função de recomendações, a empresa também busca fortalecer sua própria indexação de um determinado tipo de objeto: as pessoas, o que permitirá, num futuro próximo, apresentar conteúdos (onde se incluem ofertas) de maneira customizada não somente em função de uma palavra inserida em um campo de busca, mas também daquele que a inseriu.

Tudo isto usando a permissividade existente dentro das relações existentes entre as pessoas e seus “amigos”. [Webinsider]

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JC Rodrigues (@jcrodrigues) é publicitário pela ESPM, pós-graduado pela UFRJ, MBA pela ESPM. Foi professor da ESPM, da Miami Ad School e diretor da Disney Interactive, na The Walt Disney Company.

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3 respostas

  1. O Google +1 é muito bem visto do ponto de vista de anunciantes e agências, mas, e do ponto de vista do usuário?

    Porque eu, usuário, clicaria no +1 para marcar um resultado de busca, para quem eu compartilharia estes resultados, para meus amigos?

    Dificilmente meus “amigos” estão no Google, eles estão no Facebook, estão no LinkedIn, Orkut, etc. Qual a motivação para se clicar em um resultado de busca? Tentem imaginar então um resultado de Links Patrocinado? Para “favoritar” este resultado? Talvez indicar uma promoção, mas quantos dos meus “amigos” vão buscar por algum termo em que o resultado de marquei será relevante? E mais, esta promoção ainda estará válida quando ele buscar?

    Outro detalhe, como o Google vai definir como exibir as “sugestões” que eu marcar no resultado de busca? Se eu busco por “sao paulo” e marco um resultado como o +1, ele será exibido só para quem também buscar por “sao paulo”? Ou será exibido para quem buscar por “sp” ou qualquer outro possível sinônimo? Se eu marcar um ponto turístico ele aparecerá para quem procurar por “lugares para visitar em sao paulo” ou para “roteiro de passeios em sao paulo” ou ainda “atrações em sao paulo”?

    As oportunidades como anunciante e agência são claras, principalmente no tocante à coleta de informações sobre comportamento e interesse dos usuários. É indiscutível a relevância neste ponto.

    Mas como podemos estimular os usuários a escolher os nossos resultados? Como podemos aproveitar melhor esta oportunidade? Digo, como podemos tornar nosso resultados atraentes para o compartilhamento dos usuários?

    Sei que são muitas questões, e particularmente não apresento nenhuma solução, mas o objetivo aqui é justamente levantar o questionamento ante o deslumbramento.

    Cada anunciante e agência vai traçar sua estratégia, única ou não, só espero que o +1 não seja o novo Google Wave, Buzz, ou Search Wiki.

    Abraços.

  2. Ao que fiquei sabendo, no Brasil o serviço ainda não tem previsão para estréia, apesar de ja ter uma página do Google para apresentar o serviço ‘+1’. No primeiro momento ele é uma cópia barata do Facebook ‘Like’ ou gostei em BR, mas mesmo sendo muito legal para compartilhar as coisas com o Google, algumas questões ainda são levantadas, fazendo com que as pessoas tenham ‘medo’ do que pode acontecer: A empresa não falou o real motivo do botão, apesar das pessoas ja terem em mente pra que ele serve, e ela não disse que isso ajudará na indexação de um link, artigo ou outras informações. No site, o botão serve apenas para compartilhar isso com as redes sociais do Google que no Brasil o grande foco é o Orkut (promova) que não ajuda muito para alguns artigos ou links. E por ai vai… Enfim, legal o artigo mais acredito que ainda é cedo para falar muito dele.

  3. Legal o texto, JC.

    Acredito que com isso, o Google irá incorporar e melhorar o algorítmo da sua search engine para tornar a web mais “semântica”. Espero que com o tempo, o Google coloque o +1 nos outros serviços, como Orkut, Google Maps e não duvido que daqui a pouco apareça nativamente no Chrome. Se ampliarmos um pouco, poderá até se tornar um “botão de curtir” igual o do Facebook que temos a possibilidade de colocar no final de um post em blog.

    Já vi algumas pessoas com um certo receio falando que o SEO poderá morrer, mas não acredito nisso. A porcentagem de pessoas que usam o Google logado na conta ainda deve ser muito baixa para influenciar a busca de milhões de outras pessoas. O que temos que fazer é pensar estrategicamente para fazer com que o +1 seja um aliado do SEO e garanta um melhor resultado e conteúdo para o usuário final.

    Abs.

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