Amanhã vai ser outro dia (em ritmo de agência)

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Estou chegando perto dos 30 anos de idade, talvez isso me faça ter um olhar um pouco mais duro e mais crítico em especial com relação ao trabalho, já que passo a maior parte do meu tempo nele.

Acontece que no meio destas observações, cheguei a uma triste conclusão: destruíram um mercado e uma geração. Parece dramático e exagerado, mas não é.

Eu comecei a trabalhar com 9 anos de idade, obviamente eu não queria, nem podia ter uma carteira de trabalho. Nessa época, o trabalho era na verdade uma diversão, ajudava meu pai com os computadores que ele levava pra casa para consertar (desculpa por ter queimado tantas peças, pai).

Em 1998 eu comecei a trabalhar com web, ainda num modelo muito amador – afinal, quem não era amador naquela época!? – e com o passar dos anos fui passando pelas agências, e aí que começa a história de verdade.

Desde a primeira por onde passei, no momento da contratação sempre me explicaram todos os problemas de uma contratação por CLT, os impostos, o quanto meu salário ficaria baixo, todos os descontos etc. No fim, não era tão difícil enrolar um garoto de 18 anos.

E assim fui acostumado a pensar que o salário mais alto hoje é mais interessante que a CLT. Fomos doutrinados a pensar no hoje e esquecer que amanhã ficaremos velhos… e que em algum momento não poderemos mais trabalhar.

Também me ensinaram a comprar nota para não precisar abrir uma empresa – sim eu tenho uma empresa, mas por ter aprendido que era preciso através de meus pais.

O que esqueceram de ensinar também é que, você precisa fazer uma reserva pra época das vacas magras. Se você é contratado no esquema de PJ e quebra um braço… e aí, vai fazer o quê? E quando se aposentar, 1 salário mínimo será o suficiente?

No fim, as agências em geral te oferecem basicamente o “leão do dia” e alguns quilos a mais, por conta das noites viradas alimentadas com pizza.

A noção de que isso – noites viradas – é estúpido começa a tomar conta, mas não porque é prejudicial e burro, mas sim, porque dá prejuízo a médio/longo prazo.

– São só negócios, não é nada pessoal.

Pra mim, com quase 30, se torna uma urgência tomar medidas para o futuro. Para você que está começando agora, é uma obrigação economizar uma grana e ter o controle, saber que seu futuro depende disso e não de um iPhone ou um carro novo. Ao menos, essa é a minha sugestão.

Quanto às agências, sugiro cuidado. Criar uma geração de “descartáveis” é ter a certeza de que a geração seguinte será menos comprometida, mais rigorosa e menos criativa.

Só pra fechar, uma frase doce e gentil.

– Ritmo de agência é o caralho.

[Webinsider]
…………………………

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Bruno Ribeiro é creative technologist brasileiro, ex-gringo, ex-unit9 e atualmente trabalhando Los Angeles pela Haus. Veja Portfolio.

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21 respostas

  1. Muito bonito na teoria, também tenho quase 30, desses todos no máximo 1 e meio de CLT.

    Ninguém nunca me falou que eu deveria guardar dinheiro pras adversidades, mas aprendi isso com o tempo.

    Abri minha empresa e já tive o sonho de contratar todo mundo como CLT, mas na pratica ainda é muito difícil!

    Ser pedra é fácil! O difícil é ser janela.

  2. É verdade, Bruno. Ter mais de 30 e trabalhar em equipes com pessoas jovens faz você pensar um pouco nesse “generation gap”. Quando vejo isso, gosto de pensar na analogia que cada vez mais estamos em um estado parecido às missões militares “Black Ops”: Precisamos de recursos e não pessoas; e é um requisito favorável que esses recursos não tenham família, vínculos afetivos ou qualquer coisa que os façam titubear durante a execução das missões e que possam ser facilmente descartados caso os planos mudem de uma hora para outra. Parece uma visão radical, mas é mais radical em países como Índia e outros asiáticos onde a flutuação do mercado financeiro dita a maré de contratações.

    Eu enxergo isso como uma soma de fatores que se listasse aqui seria extenso demais, mas passa pela educação, pela forma como os jovens assimilam as informações desde a tenra idade e até como significamos o dinheiro no nosso dia a dia. Não sei se é bom ou ruim os jovens estarem assim. É um fato e simplesmente temos que lidar com isso.

    Abraço.

  3. Mas sempre vale lembrar que a agência que só tem equipe PJ jamais vai conseguir ser adquirida por um grupo internacional.São vários os casos por aí de agências que foram reprovadas na due dilligence por isso.

  4. Eu sempre me culpei por nunca ter estagiado numa agencia , 25 anos depois de formado e acho q alguma coisa se traz de lá sim, uma delas é como funciona basicamente esta paranóia de atender e agradar clientes ou prospects a todo custo,entender como é uma agência por dentro, conhecer seu inimigo é algo que se aprende no livro arte da guerra de Sun Tzu, pois na faculdade a vida ensinada não é a mesma coisa que se vê lá fora.
    Hj eu trago uma bagagem de empresa d produtos e de muitos freelas e não me arrependo de jamais ter estagiado numa, mas foi mais duro aprender como ela age quando faz muita proposta no risco, muito ganha – ganha…e muita bolai há girando na esquina…

  5. Interessante e realista. Eu nunca tive esse problema de grana por que meus pais sempre me ensinaram a pensar no futuro e que dinheiro não cai do céu além do escorpião no bolso. rs.

    Mas fiquei com uma dúvida quanto a frase “Criar uma geração de ‘descartáveis’ é ter a certeza de que a geração seguinte será menos comprometida, mais rigorosa e menos criativa.” Eu não vi, ou não achei, no texto algo que comprove essa sua teoria. Acho que se uma pessoa é Menos comprometida ela será menos rigorosa e menos criativa agora isso é da pessoa e não do ritmo das agencias.

    Pergunta, como o ritmo de uma agencia torna uma pessoa que tem potencial criativo, é comprometido e rigoroso em algo totalmente inverso ?

    valeu

  6. Impressionante! O melhor modelo para se adotar quando se trata de profissionais digital! Olha o codigo fonte e veja o que o cara sabe fazer e pronto. Não pega meu diploma para … Vai se catar

  7. Achei a iniciativa interessante, mas o post ficou mais parecendo um desabafo do que um conselho. Acho que vc perdeu um ótima oportunidade de dar direção para quem está començando. Enfim, também compartilho de seu ponto de vista e sei que só depende de cada um de nós determinar o que vamos fazer com nossas vidas/saúde mental/saúde física/tempo… etc.
    Um grande abraço e sucesso!!!

  8. Concordo com seu texto Bruno, me identifico com ele, pois, trabalho em agência e esse ritmo frenético é comum em nosso dia. Após passar por 2 agências procurei uma com um ritmo mais leve, onde posso trabalhar mais centrado e com menos stress o que p/ mim foi muito bom em questão de saúde, hoje posso chegar em casa as 18:30hs no máximo e ver TV ou ir dormir, sei lá… enfim fazer algo p/ mim, esse tempo p/ você é importante, seja pro laser, saúde, ou até mesmo ficar sem fazer nada.

    Parabéns pelo texto e a frase final 😉 Adorei!
    Sucesso p/ vc Bruno.

  9. Esse post é exatamente a transcrição do que penso e sinto! Há tempos decidi que não quero mais trabalhar em agência justamente por causa dessa falta de respeito pelas pessoas; parecem ignorar que por trás de cada profissional ali existe uma vida, uma família, escola, amigos, experiências a serem vividas. O “ritmo de agência” é a negação de toda possibilidade de vida além do trabalho, e que já passou da hora de mudar, pois eu duvido que alguém seja realizado assim (por mais que ame seu trabalho)!
    Sei que estou na fase mais produtiva da minha vida (estou com 31 anos), mas quero chegar na velhice com saúde, disposição e rendimentos que me garantam realizar todos os sonhos, nessa ordem de importância. E se possível, quero ver minha filha crescer (ela está com 1 ano e meio). Não quero ouvir dela adulta que não se lembra da mamãe participando do dia a dia quando era criança! Isso não tem preço!

  10. Adorei o texto, muito pé no chão.
    Tenho pouco mais de 30 e concordo plenamente.
    E a frase no final foi magistral… muito bom!

  11. Fato!

    Comecei mais ou menos na mesma época que você… também tenho minha PJ e também passei por problemas do “por fora da CLT” no início.

    Hoje em dia eu dou um valor enorme às minhas noites e principalmente aos meus finais-de-semana.

    Por sorte e, mais ainda, minha bagagem nesses anos de experiência, consegui trabalhar num lugar que me paga o suficiente para não precisar de fazer freelas. E te digo com toda certeza: o valor de uma hora dentro de casa com os pés pra cima, ou curtindo a família e o meu bebê que vem por aí ou até mesmo um controle de PS3 na mão não há trabalho no mundo que pague.

  12. Concordo com tudo que você disse! E realmente é um sistema descartavel… E, além disso, elas exigem uma tonelada de requisitos pra no fim descartar todos! E os profissionais já estão vacinados pelo menos a maioria e é por isso que as agências têm alto índice de rotatividade… “Todo mundo quer algo melhor!” Depois as agências ficam chorando as pitangas com a “falta” de profissionais no mercado! Fala sério! A algum tempo atrás fiz um post tocando nesse veneno que acho que agrega com seu depoimento http://www.equipetenso.com.br/triolla-mun/recrutamento-fail

  13. Gostei da objetividade no texto. O problema da minha geração é a urgência que todos tem em se tornarem Steves e Marks. Uma geração criada sobre a cultura do empreendedorismo em que agora é o momento certo para arriscar, o problema é que as pessoas arriscam a segurança sem saber o que fazer em seguida. Todos estão sendo instruídos a arriscar mas parece que ninguém se lembra da importância de ter um plano traçado a longo prazo.
    Está em todo lugar não só em agencias, elas apenas se aproveitam da vontade inerente de todo jovem profissional de viver o sonho de uma noite de verão.
    Eu ainda acho certo arriscar e chutar o balde pela realização pessoal acima da profissional, encontrar um sonho se apaixonar por ele e meter a cara para ele acontecer, infelizmente de vez em quando nós acabamos nos confundindo… A necessidade pessoal acaba se confundindo com uma necessidade de momento, superficial e vazia.. Ai quando vemos estamos ralando para comprar algo que na real não era o mais importante e os sonhos vão ficando mais distantes.
    Sei la, to divagando. Se você com 30 anos está cansado, eu tenho medo do que irá acontecer comigo quando chegar nessa idade. A tendência é só piorar, como sempre.

  14. Quando nos dias de hoje só procuro CLT… me lembro dos muitos trabalhos freelas “emergenciais” na hora de fazer o trabalho, e depois para pagar por meses eles esquecem da emergência…

    É careta? SIM… mas você amadurecerá muito mais e conseguirá contatos profissionais bem mais interessantes dentro de uma grande empresa (o ritmo de freelas diminui, mas não irá parar)

  15. Já tem um ‘tempinho’ que eu passei dos trinta e concordo plenamente com o seu texto. E adorei sua doçura na frase final.

  16. Gostei.
    Realmente devemos nos focar no futuro.

    ” é uma obrigação economizar uma grana e ter o controle, saber que seu futuro depende disso e não de um iPhone ou um carro novo “.

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