Ninguém sabe viralizar como o Coringa

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E lá fui eu assistir ao novo filme do Batman (ou “Batemãe”, para os maldosos). Um pouco desconfiado no início, pois tinha medo de ser apenas mais um episódio do “007 mascarado”. Mas já que todo mundo estava falando tão bem, resolvi arriscar. E não me arrependi nem um pouco, pois não imaginava que fosse ver exemplos tão bons de marketing viral.

Esse filme, aliás, já começou a ser viralizado muito antes do seu lançamento. O ator que fez o vilão apareceu morto misteriosamente em um quarto de hotel. O que fez o “mocinho” agredir a mãe e a irmã durante a turnê de pré-estréia. Ou seja, quem não vai querer ver um filme que perturbou tanto a cabeça dos dois principais protagonistas?

Pra ajudar, algumas ações na internet (pistas de uma caça ao tesouro espalhadas no mundo inteiro, site de uma agência de viagens fictícia) aumentaram ainda mais a curiosidade do público. E para minha surpresa, o próprio enredo é uma verdadeira aula de como fazer um viral de sucesso.

O professor, claro, é o Coringa. Ele faz tudo aquilo que estamos sempre tentando convencer nossos clientes a fazer: ações diferenciadas para integrar todas as mídias. Transmite vídeos caseiros em broadcast pela TV, faz inúmeras intervenções ao vivo por celular, envia malas diretas para explodir carros, transforma a carta de baralho do Joker em um ?teaser? para assassinatos e, claro, usa como ninguém o marketing de guerrilha (no caso, literalmente).

Até o conceito do “pull media” ele aproveita: em vez de armar uma emboscada em algum lugar e levar todos os inimigos até lá ? como qualquer bom malfeitor faria ?, ele prefere invadir a festa onde todos já estão juntos. Ou seja, um “vilão 2.0” explorando a comunicação 360º em nome do mal.

Mas o que mais me impressionou foi a capacidade do Coringa de manipular a opinião pública sem gastar quase nada. Como ele mesmo diz na cena em que queima uma pilha de dinheiro dos mafiosos, ?eu só preciso de coisas baratas: gasolina e pólvora?.

Essa é uma lição que nosso mercado tem que aprender: não é preciso gastar milhões de reais para atingir milhões de pessoas. Os argentinos, por exemplo, durante a crise econômica, tiveram que criar campanhas com pouquíssima verba ? e viraram referência de linguagem no mundo inteiro. Enquanto isso, nossa criatividade continua caindo junto com o risco-país.

O Coringa até inventou uma nova maneira de usar a mecânica do “clique e envie para alguém”: criou uma idéia simples, barata e que também funciona como pesquisa de opinião ? no caso, para quem já viu o filme, estou me referindo à cena das pessoas divididas em dois barcos, cada grupo com um “brinquedinho interativo”. E para quem ainda não viu o filme, um conselho: vá assistir como se estivesse indo a uma palestra de três horas sobre marketing viral. É praticamente um MBA em Gotham City.

Afinal, precisamos aprender a ser menos Batman e mais Coringa. Enquanto o primeiro gasta fortunas em carros, motos e roupas, o segundo só precisa de um kit de maquiagem vagabundo para conseguir o mesmo destaque.

Fazendo um paralelo com a publicidade, você pode ganhar um leão de ouro em Cannes com uma mega produção ? como o filme da Sony Bravia, com os coelhinhos de massinha colorida ? ou com um roteiro simples e original ? como o comercial dos quatro palhaços ouvindo música dentro do carro, para o Festival de Filme Independente de Buenos Aires.

E para nós é muito mais fácil ? e bem mais divertido ? seguir o mesmo atalho trilhado por nossos ?hermanos? do que tentar atingir o patamar de verba dos americanos.

E convenhamos: com a fortuna do Bruce Wayne é fácil ser um super-herói. [Webinsider]

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Eco Moliterno é publicitário.

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20 respostas

  1. Eu simplesmente assistir ao filme 18 vezes até agora.Estou completamente fascinado pelo Coringa, que se mostrou tudo isso que vcs comentaram e muito mais.Me sinto literalmente The Joker!Só espero nao me perder…

  2. vi o filme com esses olhos… pra mim o Coringa foi o verdadeiro herói, com suas ações inusitadas e perfeitas.

    Coinga não faz planos, faz oque ele quer

    vou fazer esse lápis sumir… xD

  3. Impecável!!! Adorei o texto!!!

    Para os que não sabem, os publicitários conseguem curtir qq tipo de expressão artística e fazer relações, identificar oportunidades, criar, etc. Isso é um tesão!

  4. Claro que o filme deixou o quadrinho e a comédia dos primeiros e partir para filosofia sobre o bem e o mal.
    Mas, ainda sobre viral e guerrilha, a cena da prisão é uma típica ação de Ambush Marketing.
    O filme pode ser visto sobre várias ópticas e como disse Jack Welch, certa vez: Percepção é realidade.
    Parabéns pelo artigo.
    Paulo Rubini
    mkt360.blogspot.com

  5. Muito bom, vc amarrou totalmente o conceito! Eu não cheguei a ter uma opinião tão profundo … agora, vou comprar o filme 🙂

    Parabéns pelo artigo!

    * A cena que mais curti… foi um super efeito surpresa: Você me empresta uma caneta? (heheh)

  6. Ótimo texto!!! Como a maioria dos que já comentaram, também não vi o filme com esses olhos, mas é muito relevante esse paralelo entre as ações caóticas do Coringa e as ações publicitárias…

    Uma verdadeira exaltação ao fazer muito com pouco, não esqucendo, claro, que essa afirmativa só vale quando há planejamento de ações.

  7. Muito bom seu texto cara, como já disseram ai pra cima:

    …fui viralizado pelo seu texto q chegou no meu e-mail e estou aqui para agradecer pelo ótima leitura q me proporcionou.

    É isso, Abraços

  8. Muito legal sua análise cara, fui viralizado pelo seu texto q chegou no meu e-mail e estou aqui para agradecer pelo ótima leitura q me proporcionou =)

    Flwz.!

  9. É realmente excelente observação feita por você. Daquela obra prima também dá pra tirar umas idéias de filosofia e psicologia. Show de bola. Quem não viu, vá vê!

  10. Muito bom, mas você poderia ter aproveitado o filme… Foi o melhor batman cinematográfico de todos os tempos, fazendo juz a melhor série de quadrinhos de todos os tempos (o Cavaleiro das Trevas).

  11. Ele funciona como um trigger, um destravador, aquele que só dá uma ajudinha potencializando aquilo que está dentro das pessoas. No caso, o caos, o medo e a loucura. Nós também temos que ser o destravador daquilo que está dentro das pessoas, só que nesse caso, contrário ao nosso fantástico mensageiro do caos, destravando coisas boas com as nossas idéias.

  12. O Coringa é um maluco com ideias geniais.

    O que era Fred Smith quando criou o FedEx? O que era Evan Williams quando apareceu com o Blogger e Twitter? O que são publicitários como Alex Bogusky?

    Todos se destacam pela ausência de medo ao colocar suas idéias malucas em prática.

  13. Interessante a abordagem, apenas não concordo que o Coringa tenha aberto mão de uma verba considerável(tonéis e tonéis de gasolina, armas de arsenal militar – ver cena da perseguição com caminhão). Além disso, há logística e gerenciamento de equipe (mesmo matando cada funcionário quando este deixava de ser útil).
    Diga-se de passagem que ele afirma categoricamente que não possui uma meta ou uma hidden agenda (como as ações de guerrilha normalmente devem ter), mas apenas quer propagar o caos (o que é claramente um conceito viralizado por ele dentro do filme e portanto, sim, uma meta).

  14. É, realmente tem muita ação interessante na estratégia do Coringa. E, como ele mesmo diz no filme, as ferramentas que ele precisam são baratas, então a criatividade é que faz toda a diferença. Acho que dá pra fazer uma metáfora, sim, com o mundo da publicidade, mas acabei me sentindo mais como o Walmar mesmo: eu tava mesmo era em êxtase com o filmaço que estava assistindo. Abraço!

  15. Boas palavras, viste o filcom com outros olhos, não vi ainda, tentarei reparar nessas coisas que comentaste! Parabéns

  16. Se você só tem um martelo, tudo aquilo que vê você pensa que é prego. Engraçado que, como você é de criação, viu tudo isso no filme. Eu, que não sou exatamente dessa área, não vi nada disso – até porque estava assistindo com os olhos de quem era fã dos quadrinhos quando criança.

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