Projetos 2.0: só tecnologia não resolve

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Certa vez, em uma destas crises do futebol, um ?gênio? qualquer sugeriu que se aumentasse o tamanho da trave para ver se saía mais gol.

Toda vez que temos problemas humanos para resolver, optamos por investir em novas tecnologias (um gol maior).

Lidar com seres humanos é algo de uma complexidade e um custo grande; nada melhor do que fingir que determinada solução mágica resolve nossos problemas.

E varremos o fundamental (relações humanas) para debaixo do tapete (tecnológico).

Ao se implantar projetos 2.0, na verdade, não estamos instalando uma nova tecnologia, mas dando um upgrade no ambiente informacional das organizações.

Tenho relido o livro ?Ecologia da informação? de Thomas Davenport, com o sub-título ?Por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação?.

O livro é a base, o fio da meada, para quem deseja levar a sério a implantação de projetos 2.0 nas empresas. O autor há alguns anos já nos lembrava que:

  • 1. Não encaramos até hoje os ambientes de informação de forma devida, se trata de um ambiente ecológico humano e não um problema técnico;
  • 2. Preferimos criar mega-departamentos de tecnologia da informação, esquecendo-se que a tecnologia deveria ficar a serviço dos negócios, da competição e da interação entre as pessoas – e não o contrário;
  • 3. Não colocamos a estratégia da informação como um dos itens fundamentais no planejamento das organizações;
  • 4. Os departamentos de informação (e agora os de gestão de conhecimento) não estão subordinados ao alto escalão e, com isso, perdem força;


(Deveriam, na verdade, ser um comitê permanente formado por todos os departamentos com um grupo pequeno executivo a este subordinado)
.

Até aqui, ambientes de informação eficientes sempre foram fundamentais para os negócios, mas as barreiras geográficas, os mercados cativos, os monopólios e a não valorização da meritocracia interna, em função do modelo hierárquico das empresas, acabaram por colocar tudo isso em segundo plano.

A nova verdade está brotando.

A tendência agora é que estes fatores intangíveis sejam cada vez mais um diferencial competitivo.

Assim, há que se pensar que deveria haver um estímulo e um gerenciamento dos ambientes informativos.

Mais e pior: achávamos que os ambientes informativos eram estáticos. Mas estamos descobrindo que eles se movem!

(Tudo que se move e é fundamental para os negócios precisa de gerenciamento, monitoramento, atualização, treinamento, criação de nova cultura, etc).

Tivemos a era do papel, passamos pela mídia de massa e pelo computador e agora estamos na rede.

E já entrando na rede colaborativa.

Enfatizo: ao se criar uma empresa colaborativa estamos, sem dúvida, fazendo upgrade no ambiente informacional, o que passa por uma nova cultura, criação de novos valores, re-estruturação do próprio conceito da organização. Todo o resto é tentar aumentar o tamanho da trave!

Ou seja, as empresas que não gerenciam, não cuidam, não discutem, não investem na ?saúde? dos seus ambientes informacionais terão muito mais dificuldade para compreender o que estamos passando. Portanto, é o caso de implantar as políticas adequadas para continuar competitivas no mundo 2.0.

Esse processo, no fundo, nos mostrará o quanto estávamos errados no passado, ao acreditar que nossos negócios seriam resolvidos com tecnologia e não com a melhoria sistêmica do ambiente.

É um risco enorme colocar, por exemplo, a implantação de projetos 2.0 na mão só de tecnólogos.

Tem tudo para fracassar!

Esse nosso momento, lembra bastante a cena final do filme Show de Truman, com o Jim Carrey, quando o personagem descobre que sempre viveu em uma bolha artificial (nossa visão dos ambientes de informação) e ao navegar até o ?horizonte? o barco bate na parede pintada de nuvens (que mostra o limite da nossa visão).

Implantar projetos 2.0 nas empresas para mantê-las competitivas passa, antes de tudo, por uma revisão completa sobre como pensamos o gerenciamento dos ambientes de informação.

Uma ruptura radical com o passado para a preparação de uma uma etapa da humanidade, que troca conhecimento de uma nova maneira e vai moldar a sociedade, a partir dessa realidade.

É preciso ter esse espírito aberto, pois o projeto 2.0 pode virar mais uma tentativa de inócua de aumentar o gol para ver se o jogo melhora.

E o ?time? – com as melhores tecnologias do planeta – ir direto para a segunda divisão do novo capitalismo colaborativo.

Concordas? [Webinsider]

.

Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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6 respostas

  1. Nepô, ótimo tópico. Só gostaria de comentar sobre este trecho:

    É um risco enorme colocar, por exemplo, a implantação de projetos 2.0 na mão só de tecnólogos.

    Isto não vale somente para projetos 2.0, mas qualquer projeto de TI que envolva outras áreas. Um exemplo clássico é o desenho de interfaces de aplicações Windows Form e áreas administrativas de websites. Muitas vezes estes itens são deixados nas mãos de desenvolvedores. Por maior que seja a boa vontade, não vai chegar ao mesmo resultado que se tivesse o toque de um especialista em interfaces, um designer e, mais importante, do próprio usuário final. Este último, às vezes, é que nem corno: último a saber.

  2. Acredito que o sucesso no uso de ferramentas digitais interativas, só acontece através da união de diversos fatores. Ao mesmo tempo que pensar apenas em tecnologia é errado, pensar apenas na comunicação ou nas necessidades do cliente, também está errado.
    O certo ter uma visão geral e trabalhar com uma equipe com diversas habilidades e visões.

  3. Em um primeiro momento também achei que se referia à esse profissional, mas acredito que a intenção seja realmente se referir às soluções tecnológicas.

    Aproveitando, belo artigo… estamos em um momento de transição e acho que nós que estamos trabalhando nesse novo conceito necessitamos ainda de entendimento do mercado e artigos assim nos ajudam a esclarecer algumas dúvidas.

    []s

    Clayton

  4. Lendo o texto entendi que a palavra tecnólogo foi utilizada no sentido de pessoa que se atem apenas a parte tecnológica de um problema, caso em que eu concordo com o seu texto de cima a baixo. Mas o termo é também usado para definir os profissionais formados em um curso superior de tecnologia e caso seja esta a acepção pretendida, acho que o texto comete uma injustiça, pois competência e percepção necessários para implantar com sucesso um projeto 2.0 não são definidos apenas pela formação de um profissional.

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